USO DE EXAMES COMPLEMENTARES COMO PARÂMETRO PARA O TRATAMENTO DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA

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Área: Atenção básica;

                          Autor Principal: Fabiana da Silva Felintro.

Coautores: Mislene Silva dos Santos.

Elysson Leonarde Kloss.

Ingrid Carol dos Santos.

Apresentação

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença prevalente no município e região, acomete principalmente pessoas da zona rural e na maioria dos casos pessoas com menor poder socioeconômico, é uma patologia infecciosa não contagiosa, que acomete pele e/ou mucosa, ainda continua sendo uma das doenças infecciosas negligenciadas nas américas, caracterizando-se como problema de saúde pública.  A forma clínica pode apresentar com lesão cutânea, disseminada, na mucosa e a clínica difusa, é caracterizada por lesões localizadas, únicas ou múltiplas e sua transmissão é vetorial, pela picada de insetos denominados flebotomíneos. Este agravo faz parte da lista de doenças de notificação compulsória. O diagnóstico é realizado através de raspado da lesão ou biopsia. A escolha do fármaco para o tratamento da LTA depende de muitos fatores, tais como: avaliar a forma clínica, solicitar exames complementares para auxiliar no tratamento, que são: hemograma, TGO/TGP, bilirrubinas total e frações, ureia, creatinina, glicose e eletrocardiograma (ECG) o tipo de esquema terapêutico é realizado de acordo com avaliação dos resultados dos exames, risco de toxicidade e aceitabilidade ao tratamento. Diante disso a Secretária Municipal de Saúde de Brasil Novo no estado do Pará, no ano de 2022, implementou os exames complementares conforme protocolo do Ministério da Saúde (MS), como parâmetro para definição do tratamento dos pacientes com LTA.

Objetivo

Identificar o agravo de Leishmaniose Tegumentar Americana que ocorrem no município e as possíveis comorbidades e/ou condições destes pacientes com o uso de exames complementares segundo protocolo do MS para definição da melhor forma de tratamento, evitando assim os retratamentos, recidivas, difusão do caso inicial e até mesmo outras complicações.

Metodologia

Trata-se de um relato de execução das recomendações clinicas e diagnosticas contidas no Protocolo de LTA do MS, no período de janeiro de 2022 à dezembro de 2023, que se desenvolveu da seguinte forma: pesquisa na base de dados do SINAN/SMS dos casos de notificação de LTA em 2021, esses dados contribuíram para o desenvolvimento de ações de controle da doença e implantação dos exames complementares; disponibilidade em tempo hábil dos exames complementares para os pacientes com suspeita de LTA; Educação Permanente em Saúde: capacitação dos profissionais na avaliação clínica e laboratorial, diagnóstico e tratamento de acordo com o protocolo do MS; Ações de controle da doença: pelos agentes de endemias na zona rural com apoio regional e estadual para realização de levantamento entomológico com emissão de relatório da captura de 96 exemplares de flebotomíneos pertencente ao gênero Lutzomyia em áreas com alto número de casos positivos, diante desse relatório foram realizadas ações de educação em saúde sobre o agravo bem como importância da limpeza ambiental no que tange interromper o ciclo do vetor para as comunidades em questão, aplicações de inseticida residual no intradomicílios, nas paredes de fora e anexos.

Resultados

Através da avaliação clínica e exames complementares dos pacientes foi possível identificar as comorbidades, diante dos dados coletados podemos observar que no ano de 2021 foram notificados 42 casos, destes 03 foram menores de 12 anos, 36 casos masculinos e 06 femininos, todos foram tratados com antimonial pentavalente, visto que neste ano não existia a prática de solicitação dos exames complementares dos pacientes. No ano de 2022 foi intensificado as solicitações dos exames complementares e avaliação clínica e já observamos que houve detecção de alterações em 02 pacientes que contraindicam o uso de antimonial pentavalente como primeira escolha de tratamento. Foram notificados 46 casos, destes 03 casos foram menores de 12 anos, 31 casos masculinos e 15 casos femininos, 44 foram tratados com antimonial pentavalente, 01 caso tratado com pentamidina (HIV positivo) e 01 caso tratado com anfotericina B Lipossomal (alterações cardíacas identificadas no ECG). Em 2023 foram notificados 48 casos, destes 07 foram menores de 12 anos, sendo 42 casos masculinos e 06 femininos, desses 41 foram tratados com antimonial pentavalente (pacientes sem alterações), 03 casos com Anfotericina B Lipossomal (pacientes acima de 50 anos com câncer e alterações cardíacos identificadas no ECG) e 04 casos com miltefosina (pacientes com ou sem alterações de localidades de difícil acesso).

Conclusão

Evidencia-se que através do uso dos protocolos do MS, utilizando os exames complementares como parâmetro para definição da melhor forma de tratamento da LTA, houve melhoria na qualidade do atendimento prestado aos usuários, visto que este é um dos agravos mais comuns em nosso município, desta forma foi possível identificar as alterações existentes nos pacientes antes de iniciar os tratamentos e evitar maiores complicações a nível de função renal, hepática e cardíaca. Todavia para que este atendimento seja realizado de forma eficaz e continua, os profissionais envolvidos devem manter-se embasados cientificamente e atualizados com o uso de protocolos e diretrizes, com intuito de manter a qualidade do atendimento de saúde do usuário.

Palavras-Chave: Exames complementares; Leishmaniose; Tratamento