INTROMISSÃO CENOPOÉTICA PARA EVENTOS DO CONTROLE SOCIAL

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Que nossa prática nos leve a construir um saber holístico e dialético sobre o ser humano, nos seus lugares social, histórico e ambiental. Que combinação podemos fazer entre economia, controle social na saúde, arte e amorosidade? Que tipo de ser humano emerge da borra da economia do horror? Que fazer para não dispará o desamor, através do nosso agir, como causa e efeito de um contidiano que nos sufoca?

…A saúde que acolhe é a mesma que regenera / Só há doença no mundo porque o amor não impera.

Quando a gente se abraça o corpo fica contente / Quanto mais nos abraçamos menos ficamos doentes.

A saúde é um anúncio de cuidado e atenção. Ela tem haver com o corpo, com a mente e o coração. (Letra e música: Elias J. Silva)

Portanto, se saúde é isso, como pensar o Conselho de Saúde na perspectiva da humanização? Como arengar sem brigar, construíndo diálogo e se deixando afetar pelo respeito, mesmo em meio a pontos de vistas antagônicos e sintuações digergentes?

…Já faz um tempo que não caio nos teus braços / E sem abraços não dá mais pra caminhar / romper as grades / Acabar com o sofrimento / Por um fim nos lamentos / É reclame popular

Quero uma saúde humanizada / Quero atitude / Quero parar de implorar / Quero respeito / sem preconceito / É meu direito de pedir para mudar / É meu direito de pedir para mudar.

( Letra e música deJúnior Santos e Johnson Soares)

Que Ser Humano eu sou? Que humano ser somos nós? E as perguntas se apresentam em meio a tantas respostas permeadas de esperança: Como me educar a Ser Humano? Como contribuir para o SER MAIS do outro? De modo a que o meu igual possa se tornar o protagonista do seu desenvolvimento, como ser pessoa, cidadão, gente no seu estado potencial, social e espiritual?

 

E as perguntas não páram de bater à porta da mente, querendo explodir em bigbeng de amor…

Cuidador eu fui

Cuidador eu sou

Cuidador serei

Se não mudar este meu foco

 

Me aprimorarei

Se como cuidador

For sempre ao encontro

Sem fugir de outros enfoques

 

Quando o coletivo fica pra depois

Quando fazer roda já não vale mais

É sinal de crise a separar nós dois

Saúde perde o rumo

E eu fico sem paz

 

Quando o coletivo se organiza mais

Quando a roda gira e não sai de moda

È sinal de afeto a juntar nós dois

Saúde se abraça

E a paz se faz em rodas

(Letra de Elias J. Silva)

A cultura dominante impõe que o sentido da nossa vida é a competição, o salve-se quem poder e que no mundo não há lugar para que todos e todas sejam plenamente realizados, que não há emprego, renda, saúde, riqueza material, poder compartilhado e oportunidades para todos. Que as filas de espera virtuais e reais são normais; que morrer a espera de um cuidado é a equação do estar vivo e que portanto, adoecer é fatalidade; Que o ato médico é a lógica da racionalidade e fim de papo; Princípios como Universalidade, integralidade e equidade não convêm ao Deus mercado. A educação formal, a saúde formal, o controle formal, o ser formal como valor de mercado que se volta para dar conta de um protótipo de ser humano, homus máquina, que é programado para crer que depende só dele ter sucesso na vida.

Morando em minha casa e também na sua / roncando lá no céu ou rondando aí na rua / Um monte de máquinas frias / São cérebros pernas e mãos / Que as vezes colocam algemas / Nas doces vontades do seu coração / Os pais distantes dos filhos / Os filhos distantes dos pais / As Máquinas fazem de tudo / Só não fazem paz.

Umas fazem bibi outras fazem chic choc / Umas fazem ranran e outras fazem plic ploc.

Temos máquinas de vida longa / Temos máquina de vida breve / Só que máquina não pede ajuda / Não reclama e nem se atreve / Não atende telefone / Maquina não sente fome / Muitas vezes mecaniza o coração do próprio homem.

Máquina não dá sorriso / Não chora nem sente dor / Maquina não bate papo / Nem precisa de amor. (Antonio Cardoso).

 

Uma pergunta chave entra em cena: O que é uma vida de sucesso? Ter um carrão? Ganhar um milhão? Ora, ora: quase todos vão dizer que sim, poucos vão dizer que não… Afinal é o mercado que forja nossa convicção. Sucesso é ter mais! Na lógica do TER o ser humano nunca se satisfaz, posto que a meta não é SER MAIS. Ser feliz sozinho é atalho que o mercado vende como se caminho fosse. Educadores formais acabam entrando nesta onda, profissionais acabam miupisando sua visão de saúde através da idéia focal da biomedicina que não contempla a dimensão do todo do nosso fazer saúde. E assim, vão se formando (ou deformando) os educandos da ilusão. Como pensar e apontar um caminho bem diferente para a saúde e a educação? Uma saúde e educação voltadas para uma economia que sirva ao desenvolvimento do ser humano, que construa autonomia e faça os olhos humanos enxergarem o valor das pequenas grandes coisas? Que futuro pode haver ou haverá de ser em um Conselho que foca sua ação para um mísero suprimento de fundos de uma unidade de saúde e não se conecta ao conhecimento, não gera participação nem se comunica com os profissionais de saúde e com os territórios? Como pensar Controle Social, humanização e cuidado, na perspectiva da integralidade e do diálogo? “A grande missão que temos pela frente é mobilizar para o conhecimento”.

A mensagem é ao mesmo tempo simples e complexa:

Podemos dar novo sentido ao nosso jeito de ser Conselheiros e Conselheiras e assim transformamos a educação, a saúde e o ambiente! Podemos recuperar o verdadeiro sentido do controle social e da prática educativa?

Podemos fortalecer a participação popular em saúde, transformando cada assembléia e cada reunião numa vivência acolhedora que aponta para a saúde dos encontros?

VOCÊ QUER UM BOM CONSELHO?

Você quer um bom Conselho?

Faça o Conselho ser bom

A promoção à saúde

A saúde da saúde

Passa por um bom Conselho

 

O Conselho que se faz

O Conselho que é legal

Gera participação

E controle social

 

O controle social

É a primeira missão

Promover saúde boa

E acolher o cidadão

 

Na construção coletiva

É que o Conselho se faz

O saber compartilhado

Faz um caminho de paz

 

A gestão compartilhada

Precisa de um bom Conselho

Só haverá transparência

Se o Conselho for espelho

(Quando o texto é cantado, cada estrofe é repetida de baixo para cima – Letra e Música: Elias J. Silva e Giordano Bruno)

 

Elias J. Silva é Educador Popular e Coordenador do Programa Cirandas da Vida/SMS-Fortaleza.