Educação Medicalizada: Dislexia, TDAH e outros supostos transtornos

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 São Paulo sediará o "SEMINÁRIO INTERNACIONAL sobre Educação Medicalizada: Dislexia, TDAH e outros supostos transtornos". De 11 a 13 de novembro na UNIP.

Assunto atualíssimo na vida contemporânea. Quem hoje não se depara com o modo como as questões vividas pelas crianças na escola tornou-se "caso de saúde". Mas caso de saúde na pior acepção da expressão.

O que antes era trabalhado na imanência da vida, foi transformado em "doença". E `as crianças é atribuído o ônus de carregar um rótulo ( disléxicos, portadores de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, entre outros ), paralizador de qualquer movimento na direção de abrir o entendimento de questões complexas surgidas na vida contemporânea.

Nunca houve tanta demanda por aplicação de testes de "nível" intelectual, psicomotores, de "personalidade" e outros. Testes que têm, em última instância, a função de simplificar os modos de ser ricos e singulares das crianças e jovens. Classificar pode ser uma maneira de empobrecer e controlar as diferenças.

Trabalho com a clínica de crianças e adolescentes há 28 anos. Deixei de "aplicar" testes há muito tempo, depois de me deparar com as pistas que as próprias crianças nos dão (em sua rica produção de resistências das mais variadas formas aos referidos testes ). E por considerar que eles podem ser anteparos que mais cegam do que revelam as realidades de relações.

Uma análise rigorosa das relações que se dão na escola, família, país, enfim no mundo em que vivemos é infinitamente mais reveladora do que se passa na vida, do que instrumentos criados para esquadrinhar os seres.

É difícil esquecer um olhar penetrante de criança que se vê "olhada", testada, acuada pela necessidade de corresponder a uma performance colocada pelos adultos.

Mas, tudo isso só traz `a baila a prática dos psicólogos. Que também é uma espécie de medicalização. Seria preciso ainda nos encarregar de trazer `a tona uma discussão da parafernália de medicamentos e "procedimentos" médicos voltados `a questão.

A palavra "SUPOSTOS" transtornos já mostra que a escolha do referencial político-clínico de abordagem não é inocente. Nenhuma narrativa é inocente, como supõe certo modo de fazer ciência. Toda narrativa é um modo de contar uma realidade, uma forma de expressão que arrasta consigo uma APOSTA na mudança desta realidade.

 Iza