Sinfonia para saudar a chegada de Naara: vivências de um parto humanizado
Sinfonia para saudar a chegada de Naara
Toda a família acorda e sintoniza com os caminhos vão se abrindo para lhe dar passagem. As contrações vão se amiudando e se fortalecendo. Chegou a hora de sair de casa. O hospital é público, rede municipal de saúde, VI região da cidade de Fortaleza. Mayana(a mãe) e Dênis (o pai), já puderam conhecer o espaço onde ela vai chegar e também parte dos profissionais. Através de encontros com fisioterapeutas, psicólogos(as), enfermeiros(as) e outros profissionais e as gestantes e seus parceiros. Estão tranqüilos. Já sabem que o pai é parte desse parto, que naquele hospital o parto tem o lema “pai que te quero perto”. Assim entre contrações , respirações profundas e outras aceleradas, chegamos ao Hospital Gonzaga Mota(o Gonzaguinha) de Messejana. Ao chegarmos a placa com o título Parto Humanizado e o símbolo do SUS fazem lembrar os ataques da mídia ao nosso Sistema Único de Saúde. Ali chegamos e contrariamente ao que apregoa a mídia convencional, não havia filas. Talvez o universo tenha conspirado nesta segunda feira de manhã. Fomos acolhidas e orientadas a aguardar a equipe do próximo turno pois era hora da troca de plantão. Não foi preciso ligar para o secretário de saúde ou me identificar como médica da SMS para ter o acesso garantido. Esperamos uns 20 minutos e o porteiro, nem sei se era essa a sua função, ao ver as contrações se amiudando, pediu que a auxiliar de enfermagem adiantasse para a nova equipe “que essa moça já está nas últimas.” Fomos atendidas pelo médico, que após examinar acenou que estava na hora de ficar. Propôs o uso de ocitocina, mas concordou em retirar a prescrição tendo em vista o nosso argumento de que no primeiro parto isso não se fez necessário e o trabalho de parto se havia iniciado há bem pouco tempo, por volta das quatro da manhã. Assim fizemos o primeiro exercício de participar dar construção do plano terapêutico deste parto. Ao entrar na sala de parto,encontramos uma sala tranqüila, com som instrumental , residentes, estudantes de enfermagem, auxiliares, se movendo em um lugar que inspira tranquilidade. E o médico afirma: “a enfermeira Marília é uma grande profissional do parto humanizado. Com ela chegaram algumas estudantes de enfermagem entre as quais Dayane, Emanuelle e Luma que já haviam acompanhado o grupo dos pais e conheceram também o pequeno Amandy. Foram se alternando no acompanhamento à minha filha sempre deixando o pai com o protagonismo do pai que apoiava, massageava, dava apoio moral. Algumas técnicas conhecidas:a luz baixa, a bola, o cavalinho, o banho morno e a posição de cócoras apoiada pelo companheiro. O Reiki também compôs a rede de cuidados e ela chegou. Na posição de cócoras, do ventre fecundo desta mulher guerreira, brota essa semente de luz. Serena, rosada, respirando logo, em um trabalho de parto de pouco mais de 04 horas ela , a pequena Naara, veio pela mão cuidadosa da enfermeira Marília que entregou ao pai a tarefa de cortar o cordão umbilical. Tão logo cortado e essa menina acomodada no seio materno, saíram os profissionais para a família em paz celebrar esse momento de alegria. Na hora a máquina fotográfica descarregou e as estudantes cuidaram do registro desse momento de um nascer humanizado. Estou aqui agora, olhando para as duas que serenamente dormem e levo essa mensagem de gratidão a todos os profissionais deste hospital, a todos os amigos e amigas e todos aqueles e aquelas que se irmanaram nesse momento tão importante, para ninar Naara, mas também para que tenhamos a certeza que o nosso sonho de um sistema de saúde público, universal, integral e humanizado é possível se cada um ousar participar da sua construção.
Nutrindo sonhos de um feliz esperançar
Amor incondicional, pela vida que chega
Ancestrais indígenas, africanos, europeus, se fazem presentes
Ritos de passagem, celebração
Abraço de inclusão e paz nas teias da existência
Assim saudamos tua chegada Naara e cantamos com todos aqueles e aquelas que amam e reconhecem em ti a vida em sua plenitude
Vera Dantas
Por Rejane Guedes
Naara é um fruto desse belo trabalho cultivado em Messejana e já apresentado em outros posts.
Que bela forma de saudá-la.
Agradeço pelo compartilhamento da experiência que nos anima e faz acreditar que é possível realizar o sonho de um SUS vivo.
Parabéns equipe do ‘Gonzaguinha’ (Hospital Gonzaga Mota) .
Como diz a música do homônimo Gonzaguinha: Hoje é a semente do amanhã.
Naara traz as sementes do amanhã.
Bem vinda Naara.