Parto que te Quero Perto expandindo para outras maternidades

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“Parto Que Te Quero Perto”: intervenção humanizada
 
              Em 28 de julho de 2009 foi implantada o “Parto Que Te Quero Perto” objetivando engajar o homem na experiência de nascimento do filho. As reivindicações das gestantes, sentindo-se desamparadas, estimularam a criação da intervenção humanizada. Embora o estado e gestores do hospital desconhecerem a Lei Federal 11.108/2005 (Brasil, 2007), já existia o direito ao acompanhante no parto. Para superar essa exclusão, os pesquisadores criaram estratégias operacionais para quebrar as barreiras estruturais, estigmas sociais e preconceitos culturais.
              Baseado na etnografia preliminar abre-se “um espaço legitimo” para o homem-pai no parto. Um papel, valorizando a voz e gestos paternos, é criado, ritualizado e instituído, garantindo a participação masculina no parto. O rígido horário de consulta pré-natal e de visita hospitalar é ampliado até a noite, acomodando ao expediente do homem operário. Sem ser despedido ou faltar trabalho, participando nas oficinas mensais preparando para o parto. Após o expediente, os profissionais, obstetras, fisioterapeutas, psicólogos, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, assistente social e enfermeira, também estenderam seus horários de atendimento, dedicando á programação noturna voluntariamente. Compartilham seu conhecimento técnico sobre a gestação e fisiologia do parto, motivando os casais com vídeos, simulações, massagens, exercícios de respiração e postura da parturição mais confortável. Discutem as regras e normas hospitalares e os direitos e deveres do paciente. Num clima descontraído, no final da oficina, a equipe de profissionais parte um bolo com os casais celebrando o nascimento humano.
              Evitando o embargo do homem que acompanha sua mulher à Emergência, a entrada, congestionada e despersonalizada, foi substituída por uma exclusiva e aconchegante, construída para receber o casal. O homem é convidado pela recepcionista        a se internar juntamente com a mulher, vestindo uma bata amarela autorizando sua presença. Para diminuir a ansiedade durante as longas horas do trabalho de parto, é desenhado um espaço tranqüilo, arborizado e aberto. O homem relaxa a esposa aliviando as contrações uterinas, andando livremente, balançando no cavalinho ou bola obstétrica e dando carinho, massagens e banhos. Ele cuida da mulher, servindo alimentos do hospital, ao contrário do costume. Empodera-se o homem diante dos profissionais de saúde na sala do parto, a nova tarefa dele é estimulada, ritualizada e até “desapropriada”. Ele pratica, junto à esposa, rituais de cuidar: massagear, passar creme e pentear os cabelos, dar alimentos, beijar, acariciar, ajudar a levantar. Procedimentos, antes do domínio do obstetra e enfermeira, passaram a ser “apropriados” pelo pai, que agora secciona, “corta” o cordão umbilical e coloca a pulseira de identificação no bebê. Permanece no “alojamento conjunto”, com mãe e bebe, até a alta hospitalar.
                   No “Cantinho do Banho do Bebê”, o pai orgulhoso aprende dar banhos, trocar fraldas e tratar o umbigo. Dorme ao lado da cama da mulher e do berço do filho, acordando com o choro do bebê. Leva o recém-nascido ao peito para amamentar. Vestido com bermuda e sandálias confortáveis, cuida da nova mãe: troca curativo, coloca vestimentas, dar alimentação e ajuda na deambulação. O novo pai registra o nascimento do filho, numa celebração da família, no cartório dentro do hospital, antes uma árdua tarefa feita no centro da cidade congestionada. O homem sai do hospital apoiando sua mulher, no puerpério, carregando o bebê e levando a tiracolo a bolsa de fraldas em cores pastéis com aplicações de animais. De volta para casa, além de celebrar o “banho do mijo”, ritual de brindar o nascimento do filho regado a cachaça, o novo pai é incentivado a cuidar da mulher, do recém-nascido, dos outros filhos e da casa.
                   Estamos em fase de implantação em outras 3 maternidades de Fortaleza e disponível para mostrar nossa experiência em outras cidades do Brasil.