Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade – segunda reunião em São Paulo

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 Caros Companheiros,

 

 
Se há uma expressão que defina o grupo de trabalho em torno da questão da medicalização é a POTÊNCIA DO ENCONTRO. Encontro, termo caro `a filosofia espinosana, é o que se produz quando os corpos/subjetivações/sujeitos deixam-se contagiar por um acontecimento. E deste contágio surge um devir potente.
 

O Fórum reuniu-se em São Paulo, na sede do Conselho Regional de Psicologia, com a tarefa de organizar os encaminhamentos das ações concretas sobre a questão. O que não impediu a possibilidade de se pensar novamente e sempre nas questões de princípio, como a necessidade urgente de se conceituar rigorosamente o que vem a ser o processo de medicalização. As ressalvas ao termo, por poder provocar uma divisão no seio das categorias que se unem neste momento, foram novamente discutidas. Optamos por manter a expressão "transformar questões não médicas em problemas médicos" após apropriada intervenção da colega Luciana Caliman. Ela lembra que estamos nos referindo a uma racionalidade médica  e não a uma categoria profissional. Penso que se formos mais rigorosos ainda, diríamos tratar-se de um modo de pensar a dimensão médica, infelizmente hegemônico hoje. Mas há outros devires da medicina se espalhando nas práticas contemporâneas. Algumas luzes muito benvindas no final do túnel!!!
 
Uma boa notícia foi trazida pelo grupo que marcou presença na audiência pública sobre o PL 086/2006, aquele que dispõe sobre as práticas indiscriminadas de diagnósticos precoces de dislexias e TDAH nas escolas. O autor do projeto vacilou frente `a argumentação contrária e pede um substitutivo. E foi criada uma frente parlamentar contra a medicalização. Uma primeira vitória sobre as "novas capturas e antigos diagnósticos…"  Vitória das forças afirmadoras de vida, para lembrar Nietszche.               
 
Enfim, houve acontecimento e encontro, aliás sinônimos de um mesmo processo.
 
No grupo de trabalho para a construção de um protocolo que produza uma outra mirada, um outro olhar sobre o tema, encontrei a mesma disposição alegre e viva. Mariana, Rosemar, Mary, Alexandre e outros relatam os esforços empreendidos nesta construção conjunta de outro olhar e desmontagem daquilo que foi nomeado e porisso passou a ter um estatuto de enfermidade. Os tais supostos transtornos…
 
Iza Sardenberg