INTERAÇÕES INTERSETORIAIS SOBRE A PARTICIPAÇÃO POPULAR

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A Secretaria de Assistência Social – SEMAS, através do  Centro de Referência de Assistência Social – CRAS Vila União, em Fortaleza, convidou as Cirandas da Vida para refletir e problematizar, na forma de acohimento aos participantes presentes ao Encontro de Constituição do Nucleo de Participação Popular – NUPP. Comunidade, profissionais, conselheiros de saúde, grupos culturais, jovens e crianças, cidadãos e cidadãs assistidos pela instituição, se fizeram particípes do evento ocorrido em 17 de Maio de 2011.
 
O público alvo do processo são usuários atendidos pela Assistência Social, usuários do SUS em sua totalidade, razão pela qual esta “interação intersetorial” ganha um significado especial. Ana Karla, coordenadora do CRAS Vila União, juntamente com a equipe de trabalho, considerando o público alvo sugeriu que a linguagem fosse de fácil compreensão. As Cirandas, por sua vez buscam comunicar valores e símbolos que encaminham para a educação permanente, de forma que um processo de acolhimento não é pensando sob o ponto de vista da animação. Com animação, gestos, música e alegria a educação popular em saúde expressa valores e conteúdos que traduzem sentidos e sentimentos. Mônica Saraiva, assessora de gabinete das SEMAS apresentou o NUPP e ressaltou a natureza do trabalho da Assistência Social, no contexto da Gestão da Prefeita Luizianne Lins, que se efetiva e se afetiva pela participação.
Foi vendo e refletindo sobre as imagens e textos da apresentação do NUPP que embasamos a construção da intervenção cenopoetica (que compõe esta postagem) que as Cirandas trabalharam para acolher a implantação desse instrumento de participação popular do CRAS Vila União. Para as Cirandas da Vida, no contexto do Sistema Municipal de Saúde Escola, da Secretaria Municipal de Saúde – SMS, em articulação com a Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa, no diálogo militante com as Políticas Nacional e Municipal de Humaização, a lógica da participação popular se constitui em instrumento de diálogo e educação permanente com a população e os multiprofissionais das diversas políticas, na perspectiva da garantia da qualidade do acesso a saúde. Para dar conta deste desafio, as interações intersetoriais precisam ser pauta determinante dos processos das políticas públicas, integradas ao o desafio da participação popular.
 
TEXTO CENOPOÉTICO PARA O NUPP DO CRAS DO VILA UNIÃO – 17.05.2011
 
Por  Elias J. Silva
Participação de Edson Oliveira e Honorato filho
 
Foi para você que eu guardei / Toda paz que há em mim / Toda paz que há em mim / Foi pra você que eu guardei.
Foi para você que eu guardei / Todo amor que há em mim / Toda amor que há em mim / Foi pra você que eu guardei.
 
Guardei a minha alegria / Guardei o meu coração / Guardei abraços e beijos / Guardei carinho e atenção / Guardei a boa energia / Que gera a boa emoção / Guardei até poesia / Misturada na canção / Guardei cuidados e afetos / Guardei sentimento bom / Guardei um gesto concreto / Guardei paz interior / Guardei todos os olhares / E os saberes que há / Guardei isso e tudo mais / Simplesmente pra te dar (Letra e música: Elias J. Silva e Giordano Bruno).
 
 “Começa agora na roda de acolher, uma vivência cenopoética que se faz mística da “Cultura da Participação Popular e do Controle Social” e que encaminha para o reconhecimento das ações compartilhadas, na perspectiva do fortalecimento dos espaços de participação cidadã…
…No contexto da democratização das relações de trabalho e dos processos que envolvem a participação dos trabalhadores e dos usuários, aqui entendida como fundamental para o exercício dos direitos de cidadania visando a melhoria da qualidade dos serviços públicos, das políticas de saúde, de assistência social e de direitos humanos e, o aprimoramento do diálogo entre tod@s que integram a comunidade.
Vamos nos acolher e nos afetar falando e cantado nesta tarde, no CRAS da Vila União, para debater, refletir, problematizar e colocar no horizonte das nossas ações, o sentido da participação popular.
Nesta roda de discussão, os olhares dos profissionais, da comunidade, dos gestores e da gestão ganham equilíbrio e a experiência do princípio democrático se fortalece, em conexão com os saberes e sabores da educação popular…
…No ato limite que vai ao encontro da equidade e das pactuações necessárias para o desenvolvimento da participação popular, em conexão com as diversas políticas que são fortalecidas com o necessário diálogo.
Ora, mas todo ato limite pressupõe que haja uma situação limite…Não é mesmo? Precisa que o controle social se faça ouvir e se faça entender, na perspectiva de ser anúncio e denúncia responsáveis daquilo que é e daquilo que deve ser.
Ir ao povo é preciso ir ao povo
Defender seus direitos doutor
Aprender e ensinar com o povo
Trabalhar com o povo
 Tem demanda reprimida em nossos territórios de vida e história? Tem potência reprimida! Tem oportunidades reprimidas! Tem fortaleza reprimida! Ameaças que rondam o território, focos e mais focos de apatia, desinformação e intolerância…Tem falta de cuidado de quem se fez cuidador e descuido praticado…!?
Alguém está escutando? Ora, ora o descuido de quem não escuta é como cera que entope os tímpanos da visão…
 
 Eu sei das dores do meu território
Eu sei também não tem só sofrimento
Arte, saúde e vivências integram
Comunidades com seus movimentos
 Estrofe 2
 Eu sei da vida do meu território
Sei da demanda as vezes reprimida
Sei que a escuta as vezes é surda
Que há uma torre de babel erguida
  
Ir ao povo é urgente ir ao povo
Defender seus direitos doutor
Aprender e ensinar com o povo
Trabalhar com o povo
Ser cuidado sendo cuidador (letra de Elias J. Silva
 
Em que medida nossos processos de trabalhos e formativos, nossas instituições e corporações estão vivenciando e considerando os saberes e práticas dos territórios, como sementeira fecunda da cultura popular, de onde germinam os brotos delicados da identidade pessoal e coletiva, que se fazem história de organização e luta? Podemos colocar esta pauta nesta roda de conversa? Podemos? 
Ir ao povo é urgente ir ao povo
Defender seus direitos doutor
Aprender e ensinar com o povo
Trabalhar com o povo
Ser cuidado sendo cuidador
 
Como assumir o desafio de construir metodologias, integrando práticas acadêmicas e populares que ajudem a nos transportar para o território vivo? Um território que existe para muito além das lentes da mídia, do sensacionalismo da violência e das músicas atuais que banalizam o ser masculino e o ser feminino? Esta roda pode acolher também esta reflexão? pode?
 
Que outros olhares e outras lentes de contato físico-geográfico podem gerar mais cumplicidade, mais afetividade e mais amorosidade nas relações de trabalho, nos processos comunitários e que contribuam com o aprimoramento também da relações pessoais e comunitárias?
 
Olha, pode parar. Você acha que isso é cabível nesta roda de discussão. Isto também pode?    
 
Estamos considerando a potência existente nas pessoas e lugares, na hora em que nos sentamos para negociar e pactuar as ações de trabalho, que são pensadas para dar mais resolutividade e mais humanidade ao nosso viver na cidade? Ah, eu não vou nem mais perguntar se pode… Pode?
 
Estamos de fato exercitando o ato limite de “ir ao encontro” das comunidades, pessoas, rostos, vozes e lugares?
 
E quando promovemos encontros, rodas, seminários, assembléias, conferências… Que bagagem levamos?
 
Levamos na nossa bagagem de saberes o desejo de sermos afetados e, portanto, deixamos espaço (nós instituições, conselhos, conselheiros e trabalhadores, nós educadores, nós gestores, nós atores e atrizes da saúde, da assistência social e dos direitos humanos), espaço que comporte humildade e vontade de ensinar aprendendo e de aprender ensinando?
 
E atenção: peço agora sua contribuição… (e a sua…e também a sua…). Esta nossa cenopoética precisa de voluntários para que possamos nos sentar em cultura de roda, sem que seja simplesmente sentar por sentar. Com que olhar a gente enxerga a gestão participativa e a participação popular?
 
Qual é a chave que serve para abrir mais o conhecimento, para construirmos as bases das nossas pactuações? Como desenvolver mais o princípio da alteridade ao invés da cultura da autoridade? Como arengar sem brigar, em volta dessa roda? Vamos agora compor a roda com o José, com o João, com a Maria e com o Raimundo: façamos este exercício cantando e gesticulando…
 
Bater a mão/ Bater o pé/ Para entrar na casa do Zé (bis)
Bater o pé/ Bater a mão/ Para entrar na casa do João (bis)
Mas você tem que tocar o queixinho de alguém (bis)
Repete tudo e segue fazendo os gestos e movimentos (Mas você tem que tocar o joelho… Que lançar um olhar… Que apertar a mão… Que dar um abraço em alguém! (música-vivência de domínio público)
 
Como abrir a porta da mente para uma visão mais holistica de saúde, educação, assistência social e direitos humanos? Como abrir a porta do coração e colocar na mesa nossos sentimentos mais sinceros, mais cooperativos e menos a representação de estruturas, que muitas vezes tolhem o humano em nós? Tem alguma chave aí que sirva não apenas para abrir e fechar o banco de dados e das estastíticas de agravos que impactam a saúde, a assitência social e os direitos humanos?
 
A chave que abre a porta
Não abre o coração
A chave que abre a porta
Não abre o coração
 
A chave do coração
Abre portas e janelas
E a casa fica mais bela
Quando o coração sorri
Quando o coração sorri
A casa fica mais bela (Letras e música: Elias J. Silva)
 
Bater o pé / Bater a mão
Pra sentar a mesa com o João
Bater a mão / Bater o pé
Pra sentar a mesa com o Zé
 
Mas você tem / Que apertar a mão de alguém…
 
Olha: você sabia que as gotas e orvalhos são leves e belas como a leveza do vôo do beija-flor, como a beleza de um bando de aves de arribação?
Ah, não me diga! Mas o que isso tem a ver com esta nossa prosa aqui?
Por que a beleza e leveza do beija-flor são sempre únicas aos olhos de quem ver?
Por que as aves de arribação percebem a mudança do tempo e da estação?
 
Ora… Por quê?
Porque tudo muda! Tudo passa por transformação. Os processos e a mente da gente.
 
Já estou começando a entender o sentido do olhar dos conselheiros, dos trabalhadores e da comunidade sobre a importância da participação popular para o desenvolvimento das políticas públicas!
 
E aí SUS! E Ai Assistência Social! E aí Direitos Humanos! A SUStentabilidade dos processos envolvem participação popular!
 
E aqui nós propomos uma saída comum: conselheiros, trabalhadores, educadores, gestores, instituições e comunidade: vamos juntar as mãos? Vamos beber desta fonte? Vamos fortalecer esta vertente? O desafio desta roda de discussão hoje será: pesquisar juntos, planejar juntos, construir juntos! Diferentes, mais iguais, na perspectiva do desenvolvimento humano!
 
Necessariamente, toda mudança significativa passa pelo desejo de querer mudar e pelo reconhecimento de que “algo de novo precisa ser pensado e colocado em prática”.
 
“Nada  continua como está / Tudo está sempre mudando / O mundo é uma bola de idéia / Se transformando / Se transformando”…
 
Esse “algo de novo” muitas vezes significa recuperar valores que nos levam a fazer um caminho de volta – ir ao encontro – aos nossos ancestrais: ser mais solidário, ser mais cooperativo, ser mais desprendido, adicionando estes valores aos valores mais emergentes do nosso tempo: ser mais participativo, ser mais coletivo, ser mais comunicativo, ser mais proativo; Ser ético e justo. Isto tem a ver com participação popular!
 
Trabalho em saúde, educação, assistência social e direitos humanos é junto! Todos dizem: junto!
Controle social é junto!
Pactuação é junto!
Família é junto!
Comunidade é junto!                           
Organização do trabalho é junto!
Gestão é junto!
Gerar e gerir é junto!
Participação popular é junto!
 
NADA CONTINUA COMO ESTÁ
TUDO ESTÁ SEMPRE MUDANDO
O MUNDO É UMA BOLA DE IDÉIA
SE TRANSFORMANDO
SE TRANFORMANDO! (Ray Lima)
  
 
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