DIÁRIO DE ESTUDO – Saúde: um conceito múltiplo

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Queridos colegas e professor, é a partir de Moacyr Scliar e de seu artigo entitulado “História do Conceito de Saúde” que venho contribuir para nosso interessante Diário de Estudo.
Scliar, em sua escrita muito clara e envolvente, nos transporta para épocas distantes, fazendo uma retrospectiva do que já foi o conceito de saúde, ou doença. Cada época cada povo, atribuía à saúde ou a falta dela, a fatores diferentes: a desorganização dos “quatro fluidos” (Hipócrates), a desestabilização das forças vitais (Oriente), à vontade divina (antigos hebreus e idade média), até chegar a uma visão mais biológica de saúde/doença. Isso nos mostra que nunca houve um consenso sobre o que afinal é Saúde, e sobretudo, demonstra o fator cultural como determinante na tentativa de conceituação desta.
Hoje, contudo, já há um conceito mundial promovido pela OMS, muito conhecido por nós, onde “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade”. Nesta perspectiva, convenhamos, ninguém pode ser saudável!! Quem que vivendo nesse mundo caótico de injustiças, indiferenças, fatores estressantes, correria, concorrências e “lavagem cerebral” a favor do consumismo consegue ter o MAIS COMPLETO bem estar físico, metal e social? Por este ângulo, implicitamente, há uma questão social importante, isto é, o respectivo conceito de saúde parece querer “domesticar” o sujeito ao Sistema ou Sociedade em que ele vive, é quase um sinônimo de “adaptado”.

A colega Vanessa acredito exemplificou isso muito bem em seu post:
“…Freud não chamaria a uma pessoa que tivesse regredido para o nível anal sádico, uma pessoa "saudável"….
Mas poderia uma tal pessoa não funcionar bem numa espécie determinada de sociedade?
Um sádico não era muítissímo eficientente ao sistema nazista, e uma pessoa carinhosa não era uma inadaptada?”
Como se não bastasse, ainda nos deparamos com aquele velho conceito biomédico em que “saúde é a ausência de doença”, o que não comporta uma visão integral de sujeito, de natureza “biopsicosocial”, e mais uma vez aparecemos apenas como sujeitos físicos portadores de sintomas.
Portanto, creio que a questão do conceito de saúde é mais uma “convenção” do que propriamente um conceito, e será sempre discutido, e rediscutido e continuará uma definição mal-sucedida, porque por mais que a saúde seja inerente de cada um de nós, não podemos enquadrar todo mundo num mesmo padrão, pois cada um de nós tem uma definição íntima diferente do que seja saúde.
Bom, fico por aqui.
Abraço a todos!