Saúde: modelo e sociedade

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O sistema de saúde brasileiro é hoje caracterizado por uma disputa entre modelos assistenciais diversos. O modelo centrado na assistência médico-hospitalar e nos serviços de apoio diagnóstico e terapêutico constitui-se numa hegemonia em oposição a campanhas e programas especiais, além de ações de vigilância sanitária e epidemiológica (PAIM, 1994).

 

A saúde no Brasil passou por grandes mudanças durante esses 20 anos. Hoje a atenção a saúde volta-se para a prevenção de doenças, claro, que sem tornar menos importante as outras atividades. Porém compreende-se hoje o papel ativo da sociedade na busca por uma melhor qualidade de vida.

A Descentralização, Universalização e Equidade, princípios esses que fortalecem nosso Sistema de Saúde, deve ou pelo menos deveria, tornar nosso modelo de atenção a saúde algo exemplar para muitas nações vizinhas, mas problema de se ter uma plano de ação tão perfeito na teoria é quando começamos a inserir pessoas despreparadas e sem conhecimento nenhum sobre gestão em saúde. Nossa cidade, e porque não dizer nosso país, está repleto de pessoas sem conhecimento de causa, como se diz por ai.

Pra começar, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são na maioria das vezes dirigidas por cargos comissionados sem o mínimo de conhecimento sobre o SUS. Já cheguei a ver em algumas UBS a seguinte frase: “Desacato – não sei o que mais lá – é crime”. Cartazes desse tipo intimidam as pessoas e muitas vezes as desencorajam lutar por seus direitos, já que as mesmas nunca têm razão e são sempre caracterizadas por pessoas “que falam demais”, como disse certa vez uma profissional do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel ao ser questionada o porquê do médico ainda não ter aparecido para consultar meu avô de 94 anos, depois de 3 horas de espera.

A nossa sociedade grita em um sentido mais abstrato. São constantes insatisfações, reclamações, sentimentos de injustiça e o que mais falta para conseguirmos desvendar os olhos e começar a enxergar a neblina que cobre nossas vidas?

Em pensar que grande parte do poder está em nossas mãos e muitas vezes o trocamos por tão pouco… Ou seja, tão fraco é o nosso poder quanto aquilo que adquirimos através dele?

Por que não dizer que somos uma sociedade formada em grande parte por pessoas fracas e indiferentes? Infelizmente, muitos por outros motivos na vida não tiveram a oportunidade de acesso ao conhecimento e hoje em dia são intensamente ludibriados com propostas, promessas, enfim com ilusões.

Não só a saúde clama por atenção, mas todos os setores que de certa forma são responsáveis pela humanização do sujeito e a inserção dele na sociedade.

Post escrito originalmente no plataforma wordpress. com em ginettaamorim.wordpress.com

#ficaadica.

Paim JS. A Reforma Sanitária e os Modelos Assistenciais. In: Rouquayrol MZ, Epidemiologia & Saúde, 4a ed., MEDSI, Rio de Janeiro, p.455 – 466, 1994