O Trabalho no Samu e a Humanização do SUS: Saberes-atividades-valores

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O Trabalho no Samu e a Humanização do SUS: Saberes-Atividades-Valores

Este é o título da Tese de Doutorado  de nossa querida  amiga Ana Rita Trajano, Psicóloga de Belo Horizonte e  Consultora da PNH/ MS.

A  defesa da Tese ocorrerá  no próximo dia 10/02/2012 na UFMG, tendo como Orientadora e Presidente da Banca a Dra. Daisy Moreira Cunha , e demais membros da Banca: Dário Frederico Pasche (UFSC/ MS), Sarita Brazão Vieira (UFPB), Eliza Helena de Oliveira Echternacht (UFMG), Antônia Vitória Soares Aranha (UFMG), e Elizabeth Costa Dias (UFMG).

Solicitei à Ana Rita pensar na idéia de mostramos um pouco deste precioso trabalho aqui na RedeHumanizaSUS, como forma inclusive de fazermos uma homenagem aos trabalhadores e equipes que atuam no SAMU, por este grande Brasil. Ana concordou em publicarmos o Resumo da Tese, além de algumas produções poéticas que dela fazem parte, e que anunciam a delicadeza e profundidade deste trabalho, realizado nos ultimos anos por nossa querida Ana Rita ( Anita). Então algumas pérolas da Tese:
Em homenagem aos trabalhadores e trabalhadoras do Samu

                  

NOS BRAÇOS DO SAMU
(…)
Esse trabalho requer coragem,
Psíquico e emocional,
A paciência não tem dosagem,
De um perfil natural,
 
E num acidente distante,
Quando as estradas serpenteia,
Tem gente presa ao volante,
Tem sangue fora da veia,
 
Assim narrei a poesia,
Em homenagens presente,
Trabalhar sempre com alegria,
Não importando o cliente.

(Francisco de Assis da Silva, Sargento do Corpo de Bombeiro em Rondonópolis – MT)

“Alguns anjos tem asas
Outros tem uniformes”…

(Semana de Enfermagem, BH, 2011)

“(…) nenhum de nós nasceu
com jeito prá super-heróis
Nossos sonhos a gente que constrói
     Vencendo os limites”…

(Homenagem aos trabalhadores do Samu-BH, 2011)

 

RESUMO-

 Neste trabalho experimentamos a ‘abordagem ergológica do trabalho’ e seu ‘dispositivo dinâmico de três polos’, tomado como uma postura de diálogo profícuo entre os protagonistas da atividade e os pesquisadores. Elegemos como campo de pesquisa o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Sistema Único de Saúde (SUS), em Belo Horizonte (BH) e perguntamos como o ponto de vista da atividade industriosa, na perspectiva ergológica, pode interferir/repercutir no modo de fazer gestão do processo de trabalho, no Samu, no sentido da realização dos princípios e diretrizes da PNH. A pesquisa foi organizada como num movimento ‘em espiral’, tomado como ciclo de pesquisa, em que os diferentes momentos se desenvolvem não como etapas estanques, mas como planos que se complementam e se interpenetram, e que, ao final, não se fecham ao produzir conhecimentos e provocar mais questões para aprofundamentos posteriores. A presença em campo, desde os primeiros encontros com esses trabalhadores do Samu-BH,  realizou-se no período entre agosto de 2006 e janeiro de 2010, com retomadas em momentos específicos para atualização de informações e produção de fotos no novo espaço de trabalho com a mudança da sede. Dentre as estratégias adotadas como instrumentais de pesquisa, destacamos o acompanhamento/observação da atividade industriosa junto com trabalhadores e trabalhadoras em atendimento às ocorrências; as conversas sobre o trabalho realizadas durante a realização da atividade e nos intervalos entre as mesmas; as entrevistas semi-estruturadas; e o Diário de Campo, como instrumento principal de registro. A análise da atividade através dos ingredientes do ‘agir em competência’ no atendimento às ocorrências, em que procurávamos identificar esses ingredientes e focar aqueles que emergiam com maior ênfase, indicou-nos ‘pistas ergológicas’ para um aprofundamento das diretrizes da PNH no Samu, em especial, a Cogestão e a Valorização do Trabalho e dos Trabalhadores associadas aos dispositivos do Programa de Formação em Saúde e Trabalho (PFST) /Comunidade Ampliada de Pesquisa (CAP), Grupo de Trabalho de Humanização (GTH), Rodas de Conversa, Colegiados Gestores, dentre outros e o Acolhimento associado ao dispositivo da Classificação de Riscos na Urgência Móvel em Saúde. Ao considerarmos as ‘dramáticas’ vividas na atividade industriosa, e nesse processo o debate de normas e as renormatizações, é preciso que (re)criemos espaços que possibilitem o debate dos ‘dramas’ vividos em situações reais de trabalho. E o ciclo de pesquisa não se fecha com a finalização deste trabalho, neste momento sentimo-nos provocados a continuar junto com os protagonistas da atividade e, com eles, criar novas oportunidades de encontro entre os saberes disciplinares e os saberes ‘da experiência’, e assim, novas experimentações coletivas de produção de conhecimentos sobre o trabalho da Urgência Móvel do SUS. 

            

 FONTE: Ana Rita Trajano.

 IMAGENS:

cisrun.saude.mg.gov.br

 2009.campinas.sp.gov.br