“A personalidade na balança”: uma ressalva.

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 “Novas pesquisas revelam como o seu jeito de ser pode levar você a engordar.” ISTOÉ 08/FEV/2012.

Esse tipo de reportagem ainda me surpreende muito!

Quando já não se tem mais o que falar da obesidade, dos fatores de risco que a predispõe, da Leptina, da Grelina, das balas emagrecedoras, etc. Entram em destaque as pesquisas que envolvem a estrutura psíquica do sujeito, como traços de sua personalidade, influenciando o ganho de peso.

Sabendo que vários são os fatores que predispõe o indivíduo ao ganho excessivo de peso traçar uma conduta em que a personalidade de cada um dita como o mesmo acumulou calorias extras no decorrer dos anos não trás novidade alguma no tratamento. Principalmente porque cada indivíduo é dotado de uma estrutura psíquica particular com experiências de vida incomum ao coletivo. Se no estudo realizado eles procuraram dividir os 1.998 candidatos em categorias como: insones, multitarefas, perfeccionistas, superseguros ou ainda intolerantes e impulsivos, só fizeram o desfavor de criarem mais rótulos pra aquelas pessoas que por muito tempo se frustraram ao saber que não conseguem atingir determinados objetivos quando se fala em regulação do peso corpóreo.

“A descoberta do papel da personalidade no engorda-emagrece aumenta a importância de que as dietas sejam repensadas para que possam ter aumentados seus índices de sucesso.” Descoberta?!Fala sério, estamos no ano de 2012 e muita coisa já se sabe sobre a influência do nosso comportamento nas mudanças dos hábitos alimentares. Alguns sintomas cotidianos como angústia e ansiedade são grandes responsáveis por descontrole na alimentação por uma questão de compensação de prazer. Se estamos insatisfeitos com algo, buscamos compensar essa falta em alguma coisa, sendo uma dessas a comida, o alimento.

Acho que a afirmação mais sensata que li nessa reportagem foi a de uma psicanalista quando menciona que: “a obesidade cresce no mundo inteiro e é uma das formas de expressão do sofrimento psíquico e das frustrações dessas pessoas em relação ao nosso modelo de sociedade, entre outros aspectos”.

Uma avaliação psicológica com certeza é importante para aqueles que decidem lutar contra a obesidade, pois a compulsão por alimentos ou ainda a dificuldade em se manter uma rotina que priorize determinados alimentos em detrimentos de outros, acaba por gerar certo estresse psicológico em muitos que tem na alimentação sua única fonte de prazer.

Um atendimento que priorize o individuo e não o marketing que gira em torno da obesidade é fundamental para que o tratamento surte algum efeito e ao invés de ficarmos procurando o culpado para o ganho de peso excessivo, porque não gastamos tempo tentando reeducar tais pessoas e mostrando a importância de uma alimentação segura, saudável? Se somos intolerantes, bondosos, extrovertidos e se isso vai interferir na balança, não importa! Entender-se melhor, combater nossos vícios, promover saúde, pensar em qualidade de vida, tudo isso é positivamente levado em consideração quando se fala em manter o corpo e a mente sã!

Imagem: www.istoe.com.br/capa