Rede HumanizaSUS: Inteligência Coletiva e Educação Permanente como devir instituinte no SUS.

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Apresento aqui, uma visão que tenho elaborado, ao longo dos ultimos 3 anos, sobre a Rede HumanizaSUS (RHS) em seus desdobramentos como Educação Permanente em Saúde. 

Inspirada em Ricardo Ceccim (2005) parto da noção de processos de subjetivação, trazida por este autor. Subjetivações aqui oriundas do espaço de expressão e potencialização de singularidades co-responsabilizadas com as diversidades-  e que na RHS, se dão com implicação coletiva, como ética da produção de si, nos espaços do encontro, da troca, e de uma frequente afetação recíproca, que se traduz em envolvimento,  a partir  do trabalho em saúde. Falamos da Rede virtual criada em 2008, a partir do Núcleo de Difusão da Inteligência Coletiva da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde, que na sua trajetória  torna-se, cada vez mais,  movimento instituinte.

 Movimento instituinte, porque criador de vínculos entre pessoas que problematizam suas vivencias em encontros virtuais plenos de diálogo crítico, entre o pólo dos saberes e o pólo de práticas.

Práticas essas,  desenvolvidas no cotidiano de trabalho do SUS.

Estes encontros virtuais se dão entre trabalhadores da saúde, pesquisadores, usuários, e gestores do SUS. O compartilhamento de uma micropolítica ético-estética existencial na RHS se fortaleceu e tem se evidenciado através de muitos de seus posts, refletindo-se também como promoção de saúde que se dá enquanto expressão subjetiva de nossas singularidades diversas. Esta multifacetada produção de saúde ocorre por processos de ressignificação do concreto, vividos por alguns ao reencantarem o cotidiano da saúde e da vida, a partir de um empoderamento  silencioso e infiltrante. Transbordamentos dos trabalhadores de Saúde, desvios criativos apreendidos nos trabalhos em comunidades, os quais,  não se dão como territórios rígidos instituídos, mas sim como território de ousadias ético–estéticas e micropolíticas. Necessárias ousadias no  cotidiano dos significados do que vem a ser cuidar de pessoas, de nós mesmos, do SUS e no SUS. Estes efeitos moleculares de subjetivações se retroalimentam tranversalizando os espaços da RHS e de nossas existências singulares, mas são efeitos de problematizações  dadas nos encontros do Coletivo acerca do instituído, diante de nossos anseios instituintes. Intensidades assim necessitaram criar novos canais de expressão como refere Maffesoli (2000), em atmosfera de socialidade, ou seja, faz-se um suporte de acolhimento para ‘Zonas de Autonomia Temporária’. Assim, alguns produtos destes territórios/zonas passam a transbordar no Coletivo RHS como ‘enclaves’ ou ‘papiros virtuais’, na forma de “posts transbordantes”, de estilo mais intenso, singular, e as vezes, lúdico ou catártico.  

  Como passagem aos princípios de realidade  e na defesa do SUS que dá certo, tais posturas existenciais tem  produzido além do espaço virtual, práticas de saúde com usuários do SUS, como a ‘Tenda do Conto’(RN) e o ‘Grupo Estradeiros’ (RS), estas, experiências implicadas com a subjetivação no sentido trazido por Sonia Fleury (2009),  para quem  a materialização e construção da reforma sanitária se dá por três processos simultâneos, um dos quais a subjetivação de atores políticos, criativos e potentes de vida.  

 Assim, alguns posts, assim como alguns encontros, são algo como:  Aurora Boreal em nossas Vidas !!!

Shirley  Monteiro de Melo.

Bióloga e Psicóloga Clínica. (Integrante do Grupo de Cuidadores da Rede HumanizaSUS)