O Trabalho no Samu e a Humanização do SUS: saberes-atividade-valores

18 votos

Companheir@s da RedeHumanizaSUS,

Compartilho com vocês esta pesquisa / tese de doutorado, que procurou analisar o processo de trabalho no Samu e a Política Nacional de Humanização  sob o ponto de vista da atividade industriosa, na perspectiva ergológica, na qual destacamos o triângulo chave: saberes-atividade-valores.

Seguem o título e o resumo. Não consegui anexar a tese aqui, mas já foi entregue na Biblioteca da UFMG e portanto pode ser localizada digitalmente..

. Estou disponível para debates e trocas de experiências, no sentido de contribuir para a transversalidade da PNH nos serviços de urgência móvel em nosso país.

 .  

O TRABALHO NO SAMU E A HUMANIZAÇÃO DO SUS:      SABERES- ATIVIDADE-VALORES

 

 

 

RESUMO

Partiu-se de discussões sobre a Política Nacional de Humanização (PNH) como política pública transversal de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) ao atualizar e reafirmar os princípios da universalidade, integralidade, igualdade/equidade e participação social. A aposta no ‘método da tríplice inclusão’ nos diz da força ‘instituinte’ da PNH ao disparar mudanças de modelo de atenção e gestão, a partir de dispositivos de análise / intervenção em processos de trabalho, com ênfase na inclusão dos sujeitos, dos coletivos e dos conflitos /analisadores. Buscou-se analisar o processo de trabalho e a PNH do ponto de vista da atividade industriosa, na perspectiva ergológica, em que se destacou o triângulo chave saberes-atividade-valores, uma visão da atividade humana como debate de normas ligado ao universo de valores. Elegeu-se como campo de pesquisa o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu, em Belo Horizonte, a partir de experiências de Humanização por meio do ‘apoio institucional’, de agosto de 2006 a dezembro de 2008, quando foi aprovada a presente pesquisa. Perguntou-se como o ponto de vista da atividade industriosa pode interferir/repercutir no modo de fazer gestão do processo de trabalho, no Samu, no sentido da Humanização do SUS. Dentre as estratégias adotadas como instrumentais de pesquisa, destacaram-se o acompanhamento / observação da atividade; as conversas sobre o trabalho e as entrevistas semi-estruturadas; o Diário de Campo, como instrumento principal de registro. Definiu-se como modo de entrada na atividade a elaboração ergológica sobre os ‘ingredientes do agir em competência’ e, como unidades de análise, foram escolhidas cinco ocorrências acompanhadas / observadas pela pesquisadora ou relatadas pelos trabalhadores. Na análise da atividade foram identificadas ‘pistas ergológicas’, com ênfase no ‘Dispositivo Dinâmico de Três Polos’ (DD3P) e nas ‘Entidades Coletivas Relativamente Pertinentes’ (ECRP), para um aprofundamento da PNH no Samu. Identificaram-se possibilidades de fortalecimento de espaços de gestão coletiva da atividade e compartilhamento de saberes e valores, em que o material fornecido pelas ECRP, que se articula ao debate de normas e às renormatizações na atividade, possa ser tomado para análise / intervenção pelos sujeitos. Nesses processos enfatizou-se que o esquema ergológico DD3P, tomado como um ‘dispositivo de pesquisa e de gestão do trabalho’, em que se objetiva o diálogo profícuo entre o polo dos saberes disciplinares e o polo dos saberes ‘da experiência’ – o que só é possível se produzir pela existência de um terceiro polo: ‘o das exigências éticas e epistemológicas’, nascidas do encontro fecundo entre os dois polos -, em articulação com as diretrizes / dispositivos da PNH, pode ajudar a encontrar saídas para os desafios referentes à gestão do processo de trabalho em saúde. Sobre as possibilidades de Humanização do Trabalho no Samu, os protagonistas da atividade levantaram questionamentos no sentido da realização dos princípios da ‘indissociabilidade entre atenção e gestão’ e da ‘transversalidade da PNH’, dentre os quais destacaram-se o reconhecimento e valorização, pela Central de Regulação, dos saberes / valores gerados na atividade; o Acolhimento com Classificação de Riscos na Urgência Móvel, a partir de reflexões sobre ‘urgências em saúde’ e ‘urgências sociais’; condições de trabalho, com ênfase nas questões salariais, horário de alimentação e repouso, ‘apoio psicológico’, dentre outras. Ao final, ressaltou-se que o ciclo de pesquisa não se fecha no momento de conclusões e que se pretende criar novas oportunidades de encontro e experimentações coletivas de produção de conhecimentos sobre o trabalho.
 

Ana Rita Castro Trajano

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do título de Doutor em Educação.

Linha de Pesquisa: Política, Trabalho e Formação Humana

Orientadora: Profa. Dra. Daisy Moreira cunha