Casa para quem?

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Agradeço à Coordenadora Regional de Saúde Mental da 10ª CRS/RS, Maria Isabel Pradel pelas visitas, almoços e conversas. Este é o hall de entrada da Morada de Alegrete/RS, em que observamos uma estrutura física ampla, que pode se tornar "casa", "lar", residencial terapêutico para os residentes?

Há uma equipe que trabalha no local, que os acompanha diariamente. Mais de 20 moradores! É possível tornar esse local um residencial, que tem outro propósito, de "casa" mesmo, que não precise dos profissionais todo o tempo junto. Os residentes podem participar das atividades nos CAPS, com suporte dessa equipe…

Pistas de casa…

Algumas moradoras me mostram seus quartos e uma me diz que só está esperando seu pedacinho fora dali ficar pronto, para ir embora. Ela me diz que "mora ali"… pergunto onde? Ela diz: "aqui neste quarto". Como alguém pode dizer que sua casa é num quarto? Fiquei pensando….. repito a pergunta e a resposta é incisiva, "aqui ó, nesta cama" — ?

Os quartos estão bem limpos, no entanto, há apenas camas… Os roupeiros, as roupas, objetos que falam da vida dessas pessoas onde estão? Desafios… A casa é mista, dividida em 2 quartos femininos e 2 masculinos, duas salas também… é que as mulheres gostam de olhar novelas…

Alimentação impecável vem servida. O gosto do preparo, de rapar a panela, descobrir o cheiro dos alimentos, será um resgate importante…

Estão fazendo o melhor que podem para o número de pessoas na morada. Repensar, readequar, instigar essas nuances do cotidiano…

Há no fundo do pátio, casas individuais…

Encontro com uma egressa do Hospital Psiquiátrico São Pedro de POA. Viveu 40 anos por lá. Feliz, ela se debruça na mesa colocada na porta e agradece. Vejo uma placa…

Os moradores tem pets, uma me diz que quer voltar para o bairro, já a outra, não quer sair dali de jeito algum. Um terceiro conta quando veio para ali com a esposa…

 

Duas ou três pessoas já moram em bairros. Inscreveram-se em um projeto de moradia da prefeitura. Deu certo. Vamos conversando, vendo o quanto avançamos e o quanto ainda reproduzimos?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cadeado no portão, mas vejo lixo na lixeira… Respiro. Estariam em um hospital, caminhando de lá para cá no corredor, já estiveram em cavernas. Produzir diferença, experimentar outras formas de cuidado, potencializar o jeito de cada um, que caminhos são esses?

A menina contida gritava, chorava, implorava pelo tênis que não  era dela. Desamarrada, apontava a chave, puxava-me para a porta pela mão. Bateu a cabeça com força, machucou? Ela sabia o que queria. Só parou quando seu desejo foi satisfeito. Espio na porta da cozinha, almoçava de costas. Vestia o tênis que não era seu, felicidade de alguns momentos, por que não proporcionar quando é tudo o que se tem? É tudo o que se pode? Vamos nessa construção.

Em frente!