A SAÚDE MENTAL NA RODA

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No dia 20/11 às 9 horas, o grupo constituído por participantes do I Curso de Formação de Formadores para a PNH em Roraima, reuniu-se na Unidade de Saúde Mental-UISAM, para realizar uma Roda de Conversa sobre a PNH, como parte das atividades de dispersão do curso. Desde a primeira atividade de dispersão, o grupo tem visitado a UISAM para conhecer seu processo de trabalho e modos de gestão.

Para a realização da roda, a primeira dificuldade foi reunir as pessoas. No entanto, após o  reunido, iniciamos com uma dinâmica de apresentação. Foi entregue para as 6 participantes um roteiro de apresentação a ser preenchido contendo: Quem sou; O que espero para daqui a 5 anos; O que faço de diferente no meu trabalho; e Humanização é… Após o tempo estipulado iniciaram a se apresentar individualmente. Os relatos na apresentação são muito ricos e um campo extenso para oferta de apoio à luz da PNH.

Na maioria dos relatos aparece muita simplicidade e vontade de oferecer um bom atendimento àqueles que buscam a unidade, por outro lado, também demonstraram um estresse emocional por não saber lidar muito bem com as questões referentes à saúde mental. Muitas não sabiam muito bem o que falar sobre humanização, as palavras que mais aparecem são “atender bem” e “tratar com respeito”.

Alguns relatos que apareceram:
“No inicio não me adaptei logo a UISAM, mas já estou na unidade há mais de 3 anos…”

“Antes de estar na unidade achava que nunca trabalharia numa unidade como essa, e não sabia como era, e que no inicio foi uma experiência ruim, e quando não estava me adaptando e pensei em abandonar a unidade, mas hoje quero ficar até me aposentar…”

“Nunca tive medo de trabalhar na unidade, apesar de nunca ter imaginado como era trabalhar aqui…”

“Os pacientes muitas vezes escolhem a gente para desabafar certas coisas, que nem pros médicos eles falam…”. A mesma funcionária relatou que já trabalhou em outra unidade que atua com dependentes químicos e era a mesma coisa. Ela se propõe a ouvir …Humanizar é ser receptivo, dar atenção.

“Eu me preocupo com o que vou dizer, pois fico preocupada com a reação do paciente, o que ele poder fazer para si mesmo e para os outros…”

Alguns posicionamentos demonstram a necessidade de realizar um movimento na unidade para esclarecer melhor os profissionais sobre a Política de Saúde Mental e as novas diretrizes como a Redes de Atenção Psicossocial. Pois alguns relatos indicam que “até que melhorou um pouco a forma de trabalho da UISAM nos últimos 5 anos…”, mas que isso também tem proporcionado “muita igualdade”, e isso as vezes é ruim porque os pacientes desrespeitam os funcionários e acham que  “são mais que a gente”, que são os donos…tem que trabalhar a humanização dos pacientes também…

Falta um pouco de compreensão das funcionárias sobre a questão da saúde mental, como políticas públicas, as mudanças e os direitos dos usuários, por isso discordam de algumas coisas como, por exemplo, a flexibilização dos horários dos lanches, que antes todos tinham que tomar o lanche juntos, quem chegasse atrasado não tomava mais, e agora a qualquer hora tem que servir, pois a direção diz “tem que entender que eles tomam medicação e as vezes perdem a hora”, mas as funcionárias não concordam, dizem que tem que haver regras…

Outra coisa que apareceu muito forte foi o estresse em que vivem, e o medo de alguém chegar “surtado” ou ter um “surto” no corredor. Indica uma ação a ser trabalhada para o Cuidado do Cuidador.

Na seqüência da Roda, foi explanado um pouco sobre os princípios da PNH,qual a proposta da humanização. Falou-se de alguns dispositivos, especificamente sobre o GTH, e foi perguntando eles tem reuniões freqüentes, como funcionam e se acham que esse dispositivo pode ajudar, o que teve uma resposta positiva.

Em geral, foi uma experiência muito rica, e indica o quanto precisamos nos apropriar melhor dessa área!

HumanizaSUS!