O PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE(RESUMO)

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RESUMO: O PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE.
 
     O objetivo deste texto é “identificar e analisar as diversas situações de trabalho em saúde e os diferentes modos de fazer assistência. Levando em consideração que o momento de trabalho é ao mesmo tempo de encontro entre trabalhador e o usuário.”
O trabalho em saúde e suas tecnologias.
    “O trabalho é uma atividade que tem sempre uma finalidade para que se realize.” (…) “Cecílio (2001) sugere que as necessidades estão organizadas em quatro grandes grupos:
1-Ter boas condições de vida
2-Ter acesso e poder consumir toda tecnologia em saúde.
3-À insubstituível criação de vínculos afetivo-efetivos entre cada usuário e um profissional.
4-À necessidade de cada pessoa ter graus crescentes de autonomia no seu modo de levar a vida.
     Segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, Tecnologia é o conjunto de conhecimento (…) que se aplicam a um determinado ramo de atividade, ou seja, é o conhecimento aplicado.
      Quando se fala de produção industrial identificam-se dois tipos de tecnologias: ”A primeira que está inscrita nas maquinas utilizadas no processo produtivo, e a segunda, que está na habilidade do operário, definida pelo seu conhecimento técnico em relação ao produto”, alem dos dois tipos de tecnologia já identificados nos processos produtivos, há outra absolutamente fundamental, que é a tecnologia das relações.”
     Ricardo Bruno Mendes Gonçalves faz a diferenciação entre as tecnologias materiais(inscritas nas maquinas e instrumentos de trabalho) e as tecnologias não materiais(conhecimento técnico).
     Em 1997,Merhy,estabeleceu três categorias para tecnologias de trabalho em saúde:
1-Tecnologias “duras”(as que estão inscritas nas maquinas e nos instrumentos)
2-Tecnologias “leve-duras”(que se referem ao conhecimento técnico e modo como o trabalhador a aplica.
3-Tecnologias “leves”(diz respeito às relações e se referem a um jeito ou uma atitude própria).
     O trabalho vivo em ato e processo de trabalho em saúde.
     Segundo Merhy (1992; 2002) as tecnologias leves são aquelas mais dependentes do trabalho vivo em ato.
     Trabalho vivo se dá no exato momento da sua atividade produtiva. Trabalho morto refere-se a maquinas,instrumentos,e possui esse nome porque sobre as maquinas já se aplicou determinado trabalho anterior.

     A composição técnica do trabalho (CTT)
     É a razão entre trabalho vivo e trabalho morto presente no núcleo tecnológico da produção do cuidado, no processo de trabalho (Franco, 2003).
     Micropolitica: é o protagonismo dos trabalhadores e usuários da saúde, nos seus espaços de trabalho e relações, guiado por diversos interesses, que organizam suas praticas e ações na saúde.
    “Os processos de produção de saúde da saúde mais tradicionais organizam campos de ação no espaço da micropolitica,estruturando processos produtivos centrados no instrumental e nas normas dependentes do trabalho morto,como forma de garantir maior produção de procedimentos.”
    “O processo de trabalho centrado nas normas e no protocolo(trabalho morto) reduz sobremaneira o campo de cuidado aos usuários.
    “A micropolitica é o lugar onde se manifesta e se produz a subjetividade.”
     O que é subjetividade?
     “É um modo próprio e especifico de ser e atuar no mundo e em relação aos demais.”
    “O trabalho é uma das experiências mais ricas que uma pessoa tem e,por isso,ele produz novas formas de entender e agir no mundo e com outras pessoas.A isso chamamos de nova subjetividade.”
     Segundo Felix Guattari,a subjetividade pode ser “solidaria”baseada em valores societários,humanitários e de cidadania que levem a construção de um mundo novo e pode ser “capitalística”,quando opera  objetivos privados e individuais,reproduzindo as muitas formas de enquadramento das pessoas nas normas sociais vigentes.
    “Não é apenas o profissional que tem certa subjetividade,mas o usuário também traz uma historia de vida.Como a assistência a saúde se dá a partir do encontro dos dois,ambas subjetividades podem influenciar um ao outro mutuamente.Para que isso ocorra é necessário haver espaço de conversa entre ambos…A relação produtiva mesmo só vai acontecer se o usuário for tratado como sujeito,de forma que também ele possa ser protagonista do seu processo saúde-doença.”
    “Para se compreender como  se desenvolve o processo de trabalho num estabelecimento de saúde,centrado nos instrumentos e nas normas ou nas relações,pode-se usar uma ferramenta apropriada para analise do processo de trabalho,que é o fluxograma descritor.”
     O uso do fluxograma descritor para analise do processo de trabalho.
    “Segundo Franco e Merhy,o fluxograma é uma representação gráfica de todas as etapas do processo de trabalho.Ele é representado por três símbolos convencionados universalmente:A elipse,que representa sempre a entrada ou a saída do processo de produção de serviços;o losango,que indica os momentos em que deve haver uma decisão para continuidade do trabalho e o retângulo,que diz respeito ao momento de intervenção,ação sobre o processo.

     “A seguir algumas dicas para aplicar o fluxograma.”
1-Reúna a equipe da unidade de saúde.É importante que o fluxograma descritor do processo de trabalho seja elaborado coletivamente.
2-Coloque sobre a parede folhas de papel,sobre os quais vai ser desenhado o fluxograma.
3-Inicie a conversa com a equipe perguntando sobre o acesso do usuário ao serviço. Vá anotando no papel a expressão gráfica desse acesso.
4-Em seguida,interrogue o pessoal que trabalha na recepção e assim sucessivamente.Vá solicitando à equipe que relate o processo de trabalho segundo os itinerários que são feitos pelo usuário quando busca assistência nesse serviço.
5-Ao final,é importante fazer uma revisão desse caminho,retomando o processo de trabalho novamente.
JORGE NEI PEREIRA DE ALBUQUERQUE.