Histórias de vida: acolhendo trabalhadores da Maternidade Escola Januário Cicco – MEJC, Natal/RN.

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Realizamos mais uma intervenção como parte do plano de ação do Grupo AARRE (Acolhimento Ampliado Resolutivo Responsável e Efetivo), grupo tutorial que faz parte do Projeto Educação Permanente no SUS/RN: qualificando a Rede de Apoiadores da Política Nacional de Humanização (PNH).

Desta vez fomos à Maternidade Escola Januário Cicco – MEJC, onde participamos da Oficina de Saúde do Trabalhador intitulada: "Histórias de vida: acolhendo trabalhadores da Maternidade Escola Januário Cicco".

A oficina foi realizada no dia 05/07/2013, iniciada às 14h00 no anfiteatro “Leide Moraes” da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), onde estiveram presentes trabalhadores/usuárias da instituição, apoiadores da PNH, além da tutora do grupo.

O objetivo desse encontro foi promover o acolhimento dos trabalhadores, para que eles possam discutir a possibilidade de instituir espaços de diálogos para a promoção da saúde do trabalhador, sofrimentos e enfrentamentos no cotidiano do trabalho. Dentre os trabalhadores que foram convidados, compareceram: Nad Cavalcanti (Gestão Administrativa), Magda Lúcia (Gestora de enfermagem), Rui Medeiros (médico e coordenador do Projeto Mãe Canguru), Dr. Arildo (médico), Célia Pereira (Gestora da U.C), Cibele Pereira/Gisele Iáskana/Janete Clara (Residentes de Nutrição), Maria José (Psicóloga), Andresa Barbosa (Assistente Social), Ana Paula e Aline Patrícia (Mães acompanhantes), Juna Maria (Apoiadora da PNH  e Servidora da MEJC), Jussiane Carrilho (Téc. Enfermagem), além da Profª Vyna Leite e das demais alunas/apoiadoras da formação.

Acolhemos os participantes com a leitura do poema intitulado “Não Sei’ (Cora Coralina), acompanhada pela trilha sonora do filme, “O mágico de Oz” (Além do Arco-Íris). Num segundo momento, Jussiane, que é servidora da MEJC, aqueceu a roda com um momento musical ao violão, convidando a todos para cantar.

Utilizamos a Pedagogia Vivencial durante a oficina e em Roda, nos apresentamos e realizamos uma vivencia utilizando o texto " A Parábola do cavalo". Nela, os participantes eram conduzidos a sentirem-se relaxados e ao mesmo tempo se movimentarem a medida que o texto era lido. O texto conduz à história do cavalo que após cair em um poço profundo é condenado pelo dono e sentenciado a ser enterrado vivo, enquanto as pessoas jogam sobre ele pás de terra. As pás que deveriam enterrá-lo passam a ajudá-lo a sair do poço à medida que ele se sacode e aproveita para se erguer. Enquanto o som de tambores tocava ao fundo, a leitura prosseguia e os participantes cada vez mais se contagiavam a movimentarem o corpo, mexendo com os membros, balançando a cabeça, enfim, sacudindo a terra que não caia só sobre o cavalo da história, mas sobre todos eles também.

Partilhamos as impressões da vivência e o que pudemos escutar foi que, muitas vezes também nos sentimos assim no dia a dia, julgados, condenados ao fracasso e sem ânimo para continuar apesar das dificuldades. Apesar das pás jogadas pelos outros, podemos nos erguer, superar dificuldades e alcançar mudanças. Alguns observaram que também muitas vezes fazemos o papel de algoz ao jogar pá de terra no outro.

Durante os relatos dos trabalhadores e usuários, percebeu-se, nas diversas falas, o sofrimento e angústia vivenciados por situações limites, como o enfrentamento da doença e a impotência diante da morte. Dr. Arildo (Médico) falou sobre a árdua missão de dar o diagnóstico de morte fetal à mãe e o quanto sente-se afetado e necessitado de apoio, de um espaço para ser escutado.Também foi discutido o papel da instituição como agente formadora/educadora no momento atual, deixando a desejar pelo contexto atual da saúde no Estado, aumento do estresse pelos profissionais no processo de cuidar em saúde. Ficou evidenciada a preocupação dos participantes pelo contexto atual das enfermarias e a falta de espaço para escuta humanizada e qualificada e resolutiva, tanto para os trabalhadores/usuários/gestores.

A partir da fala dos participantes da roda, foram sugeridas algumas resoluções e encaminhamentos como: a instituição de um espaço físico, que possa acolher os trabalhadores e possibilitar a escuta qualificada e resolutiva e o Acolhimento Ampliado Resolutivo Responsável e Eficiente. Ficou pactuada com o grupo participante da oficina, a construção de um grupo de apoio, a elaboração de um documento para a Direção Geral, informando o contexto da oficina de acolhimento e solicitando o espaço físico para promover novos encontros do grupo em outras oportunidades a partir de uma agenda pactuada.

 

 

A tutora Vyna e a apoiadora da oficina Juna Mª oficializaram o encerramento com uma roda firmada no apoio e palavras de motivação dos participantes, seguida de uma avaliação e sugestão dos apoiadores da Rede, e por fim, um Coffee-Break com os participantes.

Nos despedimos do grupo entregando um lembrancinha em forma de coração, que guardava uma mensagem (mesmo poema de Cora Coralina lido no acolhimento) e um chocolate.

Na mensagem dizíamos: " Acolher é estar junto do outro".