CONSTRUINDO UM NOVO MODELO DE CUIDADO:Uma experiência na Clínica Médica do Hospital regional de Assis

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CONSTRUINDO UM NOVO MODELO DE CUIDADO: UMA EXPERIÊNCIA NA CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL REGIONAL DE ASSIS

Autoria: Selma Domingues de Oliveira

Colaboração: Regina Célia Oliveira

Rosangela Lacerda

Olívia Pedrosa

Idéia original: Denise (Assistente Social  HR)

1 – INTRODUÇÃO

Atualmente vivenciamos uma crise na Saúde Pública, ocorrendo uma deterioração na qualidade dos serviços prestados, não oferecem resolutividade, não conseguem atender as necessidades humanas básicas do cliente. Diante dessa problemática, resolvemos construir um novo modelo de cuidado, um paradigma voltado para um cuidado ampliado, integral e singular, relacionado ao interpessoal, centrado na emoção, na construção de vínculos entre paciente-profissional-família, em que o profissional está consciente da sua responsabilidade de cuidar do outro com compromisso e envolvimento. Assim, o padrão de relação será estabelecido entre eles, voltando as necessidades de saúde para o sujeito e não para os serviços, valorizando o conhecimento e a troca de saber, reorganizando a prática de cuidados, visando à reconstrução do sujeito, ser social inserido no contexto histórico e relações interpessoais.Diante da situação precária do sistema de saúde no Brasil, da má qualidade da assistência prestada em que o sistema está voltado para oferta de medicamentos, procedimentos, da dificuldade em enxergar o doente e só a doença, de centralizar o sujeito na sua totalidade, como ser social, em que suas necessidades humanas básicas não são levadas em consideração, uma prática voltada somente para execução de tarefas. Frente a essa problemática, fomos convidados para construir um novo modelo de cuidado, ampliado.

2. OBJETIVOS:

Relatar as experiências vivenciadas na Clínica Médica onde o trabalho está sendo desenvolvido e voltado diretamente para o novo Modelo de Cuidado.

3. METODOLOGIA:

Observação direta dos Enfermeiros da Clínica nas suas atitudes, ações relacionadas à prática diárias de cuidado, visualiza uma mudança no comportamento, postura, o relacionamento com o cliente e familiar.

O modelo de atenção centrado na oferta de atendimentos médicos, com intervenções restritas ao biológico, se mostrou ineficaz par intervir nos problemas de saúde. Campos (1996) utiliza conceito de Clínica Ampliada para definir a clínica necessária aos serviços de saúde; uma clínica que inclua, além da doença, a pessoa e seu contexto e se responsabilize tanto com a cura como com a prevenção e a proteção individual e coletiva.

4. DESENVOLVIMENTO

Esse trabalho está sendo desenvolvido na Clínica Médica do Hospital Regional de Assis, designada Multíclinica, devido a ela prestar assistência de alta complexidade, e contar com uma equipe multidisciplinar e multiprofissional que atende patologias crônicas, oncologia, doença infecto-contagiosas, pacientes procedentes da (UTI), com alto grau de dependência.Participaram deste trabalho os seguintes profissionais da área da saúde: Diretoria de enfermagem, Núcleo da educação permanente, médicos, supervisor de enfermagem, enfermeiros, assistente social, fonoaudióloga, psicóloga e auxiliares de enfermagem.

O serviço foi reestruturado sendo realizado uma intervenção imediata alterando a escala, aumentando o número de auxiliares de enfermagem de quatro para sete, diminuindo a jornada de trabalho de 12/36 para 6 horas, as tarefas estão centralizadas nas necessidades do paciente e não nos serviços, a visita médica começa a ser realizada por uma equipe fixa (médico, enfermeiro e auxiliar de enfermagem). Essa equipe cuida de, no máximo, quatro ou cinco pacientes, é de sua responsabilidade o cuidado integral. Da transformação, da correlação dos referenciais teórico e prático, iniciamos o trabalho com o propósito de executar umcuidado ampliado.

Através das reuniões com a equipe envolvida no processo, foram realizadas várias leituras, discussões e reflexões sobre vários textos científicos, citarei alguns: “Integralidade como orientação da saúde , As Necessidades de Saúde como Conceito Estruturante na Luta pela integralidade e Equidade na Atenção em Saúde Luiz Carlosde Oliveira Cecílio ,A experiência complexa e osolhares reducionistas Brani Rozemberg e Maria Cecília de Souza Minayo e Vivendo omundodo trabalho  o trabalho humano e os coletivos:os desafios de estar na vida com os outros e a construção do trabalho de saúde em equipe o para poder começar construir o conhecimento a partir de experiências vivenciadas no cotidiano, correlacionando a teoria com a prática parapoder executar a prática de cuidado ampliado.

4.1 CASO CLÍNICO Paciente portador de DPOC, difícil, agressivo, irritado, em abstinência do cigarro, emagrecido, nega cuidado, solteiro, mora sozinho, mãe falecida há 40 dias, elaborava luto; revoltado, não queria mais viver,segunda internação. Acompanhado pelo clínico e pneumologista. Necessidade de ter melhores condições de vida; necessidade relacional, dependente dos outros apesar de boas condições financeiras. Programação de alta, acesso às tecnologias, oxigênio em casa, residência em casa para recebê-lo, grau de autonomia crescente, privacidade, escolha, criação de vínculo afetivo, moradia em condições adequadas.

5. CONCLUSÃO:

Essa experiência desenvolvida na clínica ressalta a importância do trabalho integrado, a interação, o envolvimento dos gestores, dos profissionais e a participação ativa do usuário, na mudança do processo de trabalho, com ênfase no cuidado integral. A parceria com a educação permanente é fundamental no processo, na reconstrução da qualidade do cuidado, refletindo na desconstrução de um paradigma voltado à desatenção á saúde. A fundamentação teórica transforma o pensamento, o comportamento, a descentralização do conhecimento, a melhora das relações que vão refletir nas ações, atitudes, através do aprendizado contínuo baseado no cotidiano, na troca de saberes e consideração nossa e do outro como seres singulares.

Bibliografia

1. Cadernos de Saúde Pública. v.2, número 3, Rio de Janeiro, jul./set. 1996 – Acerca do saber e da prática de enfermagem.

2. O olhar de acadêmicos de enfermagem acerca do ambiente de cuidado interpretado à luz do paradigma da complexidade. Online Brazilian of Nursing, v.5, número 8, 2006.

3. Reflexões acerca da comunicação enfermeiro-paciente relacionadas à invasão da privacidade. 8° Simp. Bras. Comum. Enferm. Maio de 2000. Jussara Simone Lenzi Pupulim e Okino Sawada – Artigo

4. Curso de formação de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem-análise do contexto da gestão e das práticas de saúde. Brasil. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/FIOCRUZ; 2005.

5. CAMPOS, G. H. S. Subjetividade e administração de pessoal: considerações sobre modos de gerenciar trabalho em equipes de saúde. In: MERRHY, E. E. & ONOKO, R. Agir em Saúde: um desfio para o público. São Paulo: Hucitec, 1991.

6. CECCIM, R B e CAPOZZOLO, A. A. Educação dos profissionais de saúde: prática clínica como assistência e criação. In: MARINS, J. J. N.; LAMPERT, J.; CORREA, G. A. Transformação da educação médica. São Paulo, HUCITEC, 2004

7. MOTA, J. I. J. Educação permanente: uma possibilidade de mudança. Escola Nacional de Saúde Pública/ MS. Florianópolis, 2005.

A AUTORA

Selma Domingues de Oliveira, 43 anos, é enfermeira do Hospital Regional de Assis, interior de São Paulo, formada pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA) no ano de 1996. O trabalho acima descrito, está inscrito no Prêmio Mário Covas 2009.

 

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