Memórias de uma mente esquizofrênica

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Por Alessandra Machado Perna
Acadêmica de jornalismo de CEULP/ULBRA. Usuária do CAPS de Palmas – TO.

Até os 14 anos eu era uma garota normal, nada tinha de suspeito. Apenas um comportamento de isolamento e gostava de ficar sozinha, por horas, brincando com minhas bonecas. Gostava muito de estudar, era aplicada e excelente aluna, costumava virar a noite estudando.

Quando fui embora de Miracema para Goiânia, deixei meus pais e passei morar com minhas irmãs que já trabalhavam e estudavam lá. Como toda pessoa jovem, fazia muitos planos: trabalhar, estudar, formar em medicina, casar e me realizar em todos os aspectos. Infelizmente, a doença a que fui acometida me impediu dessas realizações. Ainda em Goiânia já havia iniciado minha vida acadêmica na UCG.

Entretanto, as coisas mudaram para mim. Lembro-me que fui a uma benzedeira, em Goiânia, e ao voltar para casa já me sentia um pouco estranha. Sentia uma sensação diferente, como se ouvisse uma voz ou uma força que me proibia de lavar os cabelos. Ao chegar em casa, entrei no meu quarto e pude perceber a presença de um  espírito. Esse espírito bateu forte no meu rosto, me envolveu e me acomodou em uma cama para dormir. Ao acordar, tudo estava confuso… Passei semanas sentindo dores no corpo. Falava bastante, me sentia doente. A isso tudo eu atribuía à possessão de um espírito. […]

AMPLICTIL, NEULEPTIL, MELLERIL, ORAP, STELAZINE, ZYPREXA, RISPERDAL, SEROQUEL, GEODON, INVEGA, PIPORTIL, EQUILID, HALDOL… Isso tudo e muito mais, é DROGA, mas não dá nem pra cheirar.  Se um dia eu criar algum bicho de estimação, vou chamá-lo de SEROQUEL ou STELAZINE.  Eu “devoro” as bulas e sei dizer quando o remédio é bom e faz bem, ou não. Os efeitos desses medicamentos, quase sempre angustiantes, me deixam parecer e/ou sentir que estou com algum problema sério de saúde, mas são os remédios que trazem essas consequências, efeitos contrários (falta de disposição, sonolência, ansiedade, obesidade por não conseguir controlar a alimentação, falta de concentração, nervosismo, irritabilidade, tiques nervosos, perda de memória recente e por aí vai…) Hoje sou dependente dos indutores do sono,  pois só  consigo dormir com o uso deles.  Quais benefícios os TARJAS PRETAS trazem? Quase nenhum… Falarei sobre isso e também por onde já busquei tratamentos, em outra oportunidade

Alessandra Machado fala sobre sua vida antes e pós o diagnóstico de esquizofrenia, clique aqui e leia o Roteiro completo no portal (En)Cena – A Saúde Mental em Movimento.