Nova Reforma Psiquiátrica no Brasil.

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O autor Amarante Paulo (2011) leciona que a partir da implantação da nova Reforma Psiquiátrica no Brasil, a qual foi inspirada no modelo Italiano de Franco Basaglia, ocorreram diversas mudanças que trouxeram consigo um sistema que propõe a desospitalização e a reinserção social dos indivíduos em sofrimento metal, além disso, este modelo também busca uma mudança na concepção da sociedade sobre estas pessoas.
A reforma psiquiátrica busca a inclusão dos indivíduos em vulnerabilidade, a mudança na visão da sociedade para a doença mental e o aprendizado, em razão da estrutura e forma de funcionamento.
Cristiane Simões et al (2013) realizou uma pesquisa na literatura sobre a Reforma Psiquiátrica Brasileira, focalizada no trabalhador de saúde mental, e concluiu que os trabalhadores manifestam-se favoráveis e engajados em relação ao processo da reforma, ao mesmo tempo em que apontam problemas e desafios no cotidiano – sem superar, como seria esperado, visões conservadoras e reducionistas da doença mental –. No mesmo estudo, ela verificou que o interesse pelo trabalhador não inclui valorização de sua experiência emocional, dimensão certamente mobilizada pela questão da “loucura”.
Na prática, a implementação dos conceitos fundamentados pela reforma psiquiátrica não é fácil, sendo que somente com questionamentos e revisando ideais internalizados por nós e pela sociedade, é que poderemos superar a barreira do preconceito. Às vezes, em razão de visões paternalistas ou estereotipadas, não se consegue concluir o trabalho de devolver a autonomia da pessoa em sofrimento psíquico. Além disto, se não ocorrem mudanças na visão dos profissionais que trabalham diretamente com indivíduos em sofrimento mental – como concluiu Cristiane Simões –, como podemos esperar modificações na sociedade?
Assim, verifica-se que as pessoas saíram de um modelo falido para uma nova forma de tratamento do doente mental. Todavia, retiramos os indivíduos de Hospitais Psiquiátricos e os colocamos em Centros de Atenção Psicossociais, que sem dúvida são lugares excelentes e com uma ótima infraestrutura, mas as mudanças de perspectiva da sociedade ainda não ocorreram, provavelmente em razão da forte visão que a sociedade tem da questão, situação que não pode continuar.
Existem muitas diferenças entre a teoria e a prática, porém, para a real implementação deste processo, para que ele produza os resultados almejados, precisamos questionar, refletir e reavaliar tudo que foi feito, uma vez que há um longo caminho a ser percorrido até que o objetivo da Reforma Psiquiátrica seja alcançado.

Instituição: Faculdade Integrada de Santa Maria – FISMA
Disciplina: Introdução à Psicologia da Saúde
Professor: Me. Douglas Casarotto

Bibliografia

SIMÕES, Cristiane Helena Dias; FERNANDES, Rafael Aiello; AIELLO-VAISBERG, Tânia Maria José. O profissional de saúde mental na reforma psiquiátrica. Disponível em < https://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2013000200014 > Acesso em: 01  de outubro de 2013.

SPINK, M. J. Psicologia Social e Saúde – Prática, Saberes e Sentidos. CAP. 1
Petrópolis: Vozes, 2003.