Debate analisa manifestações e mídia

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zzzz.jpgAs manifestações da mídia, das redes sociais e das ruas foi o tema do debate do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces/Icict) na tarde do dia 14 de novembro, no Espaço Saúde & Letras, no Teatro Odylo Costa Filho, na Uerj.O evento fez parte do Mini Congresso da Abrasco e aconteceu antes da cerimônia de abertura do VI CBCSHS.

O debate teve a presença de Isabel Levy, integrante do Coletivo Projetação e mestre em Comunicação e Informação em Saúde pelo Icict / Fiocruz, que apresentou a experiência do grupo nas manifestações, e do professor e pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora e do grupo EPOS/IMS-UERJ, Wedencley Alves Santana, que fez uma reflexão sobre os discursos nas manifestações. A professora Inesita Araújo, do ICICT/ Fiocruz foi a mediadora da conversa.

O Coletivo Projetações, segundo Isabel Levy, começou a reunir amigos com a intenção de projetar ideias, frases simples, imagens em fachadas, muros e ônibus. Esteve presente no início das manifestações como um contraponto à cobertura distorcida da grande mídia e como espaço de voz a pessoas e reivindicações que eram consideradas difusas. O grupo foi se organizando aos poucos, juntando equipamentos e estratégias. A ideia ganhou grande visibilidade, inclusive pelos meios de comunicação que se apropriava de alguns conteúdos.

Os movimentos espontâneos das manifestações foram alvo de observação do professor Wedencley Santana. Ele relembra outros movimentos vinham eclodindo no mundo, como primavera árabe e a reforma educacional no Chile, considerando que o movimento foi “nacionalizado” no Brasil, sem considerar muito essas conexões. Sua proposta de análise está em ler as manifestações como um grande texto, que traz discursos diferentes de outros tempos, com mensagens curtas, imediatas, cartazes com pequenos dizeres, o que desafiou a compreensão da academia e de políticos. O foco bastante visual e a justaposição de demandas mostrou o anseio de jovens para serem ouvidos, quebrar silêncio. Para ele, o que que eclodiu, mais do que questões políticas, foram os sintomas da juventude.

A mediadora da mesa, professora Inesita Araújo, observadora virtual das manifestações, começou o debate questionando os convidados sobre as narrativas vindas dos celulares e das redes sociais. Os recortes que vinham “de dentro” tinham mais verdade do que as narrativas da grande mídia?

A força das redes sociais, especialmente Facebook e Youtube, segundo Isabel Levy, legitimou e reconheceu o que vinha acontecendo, dando inclusive segurança e confiança para quem estava nas ruas, com o registro da violência policial. Para Santana, as narrativas institucionais, com grande poder, não foram reconhecidas como interlocutor autorizado. Por outro lado, as instituições mostraram não reconhecer a juventude como produtora de discursos.