Pelo Direito de Fumar!

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O dia chegou! Os fumantes estão ficando sem lugar para fumar. O cigarro com sua forma fálica se transformou no verdadeiro vício solitário, exercido as escondidas e de maneira envergonhada.

 

Dependentes de nicotina, uni-vos! É mais do que nunca necessária uma rebelião. Chega desse terrorismo sanitário sobre os mafefícios do cigarro. Todos sabemos que ele causa inúmeras formas de câncer, doenças respiratórias e outros tantos males ainda desconhecidos…e dai?

 

Será possível escolher a forma que queremos morrer? Os suicidas estão em vantagem nesse quesito embora não haja consenso sobre o suicídio ser extremo gesto de liberdade anarquista ou expressão da mais dolorosa psicopatologia. Já chamaram os fumantes de suicidas em potencial. Na verdade…do que os fumantes ainda não foram chamados?

 

 

Pessoal, vamos pegar mais leve com esse sanitarismo desenfreado, afinal, viver é uma coisa muito perigosa pois não consta até agora que ninguém tenha escapado vivo dessa aventura. Tudo bem, queremos viver mais tempo e com saúde. É atitude civilizada que os maus hábitos individuais não atinjam outras pessoas. O problema é que não há delimitação claramente posta sobre o que faz e não faz mal nesse mundo de coisas industrializadas onde até a comida orgânica transformou-se em objeto de consumo porque em meio a tanta toxidade ela promete ser um elemento de vida saudável.

 

Coma seu arroz com feijão orgânico e respire o ar da Avenida Paulista. Beba seu café orgânico e visite o dentista regularmente colocando amálgama feito a base de mercúrio. Fique doente e seja exposto aos medicamentos alopáticos de última geração com efeitos colaterais ainda inéditos na bula.

 

Não acordamos para o fato de que segregar os fumantes não irá resolver o problema do tabagismo. Talvez renda votos a curto prazo estigmatizar minorias e responsabiliza-las por todos os problemas da humanidade mas, de fato, não resolve os problemas, apenas é uma velha receita usada desde que um  neanderthal sacou que se botasse a culpa da pedra ter rolado na aldeia por conta do mal olhado do seu vizinho, ele seria morto e então poderia ficar com sua coleção de peles. Fizeram a mesmca oisa com judeus, negros, índios, as Bruxas de Salém…enfim… a lista é grande!

 

 

Quem tem mais de 40 anos cresceu vendo que o cigarro abria portas para uma vida cheia de glamour com objetos de luxo, uma vida sensual regada a prazer fácil. Lentamente compreendemos que o cigarro não trazia isso tudo. Mas, depois de certo tempo, a dependência estava instalada e a ela associada o prazer de repor a nicotina. Ora, compreendemos toda essa neuroqímica, sabemos de tudo mas…e dai?

 

Que existam espaços para as pessoas poderem exercer o direito de se envenenar livremente até porque todos nós estamos fazendo isso ao comer numa chiurrascaria carnes maturadas apressadamente com hormônios, grãos preservados com conservantes e vinhos maravilhososo com acidulantes. E os corpos sarados das academias são escculpidos com anabolizantes e, nesse momento, estou correndo risco de adquirir uma LER/DORT por usar indevidamente o computador até porque me falta grana para comprar móveis ergonomicamente projetados.

 

Temos urgentemente de nos libertar desse sanitarismo hipócrita e estigmatizador. No passado o capitalismo colocava lado a lado médicos e cigarros. Foi uma tentativa de minimizar o alarmismo criado quando as primeiras pesquisas começaram a associar estatisticamente o câncer de pulmão ao tabagismo. Hoje estamos mercantilizando as tentativas de se parar de fumar e agora os médicos dos cartazes pousam ao lado de seus produtos tecnológicos nos alertando que seremos responsáveis pelo nosso câncer! UFA! Ainda bem que fui avisado

 

 

O cigarro é um problema de saúde pública tanto quanto a Volks também é, emporcalhando o meio ambiente com automóveis que ainda colidem com outros carros e atropelam as pessoas. Dirigir mata! Temos portanto que dirigir bem! Fumar mata! A mera proibição puritana aumentará a vontade de fumar não só pela necessidade neuroquímica em si. Estamos voltando aos dias em que fumar era um gesto de constestação. Ainda mais se isso tiver a marca de combater políticos da "estirpe" de um  José Serra!

 

Mas depois de tanto cigarro, deixo com vocês o belo poema de Florbela Espanca. Não são apenas coisas ruins que podem ser associadas ao cigarro!

 

 

FUMO

 

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas…
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram… choram…
Há crisântemos roxos que descoram…
Há murmúrios dolentes de segredos…

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!..