PÉROLAS DO MOBILIZA PIAUÍ/RETRATO FALADO EVENTO DA PNH COM OS MOVIMENTOS

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RETRATO FALADO DO EVENTO PNH COM MOVIMENTOS SOCIAIS

Pérolas do Mobiliza Piauí o cidadão está aqui

O processo de construção coletiva do evento da PNH para fortalecimento da cidadania para um SUS mais efetivo e uma produção de saúde mais democratizada, envolveu muito investimento de sujeitos, afetos e trabalho até chegar  à realização do grande evento que aproximou movimentos sociais de diferentes pensamentos trabalhadores, usuários e gestores de saúde, consultores/apoiadores e coordenadores da Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão  PNH. Nesse processo que demandou efetiva apropriação de tecnologias relacionais, culminou com a construção de uma carta que representa muito dos anseios e desejos dos implicados a qual será publicada em outra oportunidade. Por isso e por mais, Ioli Piauilino,  sensível às declarações dos sujeitos, escreveu “Retrato Falado do evento PNH com os Movimentos Sociais. Eloides Gonçalves/apoiadora PNH/PI

RETRATO FALADO DO EVENTO PNH COM MOVIMENTOS SOCIAIS
por Ioli Piauilino

Este evento não começou hoje; ele vem acontecendo em encontros menores desde o mês de maio. Alguém fez uma provocação e o Piauí disse “sim, nós queremos, nós construiremos um encontro para conversar sobre a saúde que queremos, onde a palavra circule incluindo todos os sujeitos envolvidos na produção de saúde”. Pois bem! Ao longo destes meses nós temos usado a estrutura do Conselho Estadual de Saúde, ali na FACIME, para  conversar  e entender  qual é a discussão que nos interessa, para entender  quem somos nós e qual é o nosso papel na construção deste SUS que há vinte anos se discute.

Nestas conversas muita gente bacana se envolveu, muitas questões foram levantadas, espaços foram disputados, ideias foram compradas ou não, alguns sentimentos de frustração, decepção e impotência foram experimentados, mas a expectativa, eu diria, é o que ficou para hoje.
Alguns movimentos sociais, dos muitos convidados, estiveram juntos nestas rodas de conversa; sujeitos implicados e sujeitos complicados, também. Mas se alguém aí está se perguntando se conseguimos chegar a um consenso sobre tudo, eu digo: boa pergunta!

Bom, mas a minha intenção aqui neste momento é dizer que no decorrer desta construção muitas experiências foram trazidas e vividas, nas expressões, nos afetos, nas disputas internas, nas cedências e principalmente nas falas. E daí, revendo as memórias destes encontros, localizei anotações importantes, pessoas que estão aqui hoje, ou não, manifestaram seus sentimentos, preocupações, angústias e expectativas, crenças e descrenças; destaco, então, o momento em que alguém falou que “o gestor melhora quando o controle social fiscaliza; os políticos são mais qualificados quando o controle social discute junto e cobra a implicação dos demais”; mais adiante outra fala nos esclarece que “a proposta da PNH é trabalhar os afetos e as relações de poder que produzem uma prática desumanizadora na rede SUS”; um comunicador social pensa que “a pauta da saúde deve sair dos auditórios e ir mais para os terreiros, que é onde a vida acontece"; outro sujeito defende que “precisamos criar espaços coletivos para viabilizar as mudanças e os encaminhamentos das situações críticas nos serviços”; uma jornalista entre nós declara “ já fui militante, cara-pintada e agora sinto que precisamos reivindicar formas de participar e sair da acomodação”; uma estagiária de um importante serviço diz “fico triste de ver que colegas vão pra rua durante o expediente pra resolver problemas pessoais quando poderiam fazê-lo no turno em que estão de folga e simplesmente não se importam se alguém vai ter que assumir as tarefas dele ou se os usuários ficarão sem atendimento”; outro sujeito diz que “a humanização não é o modo de fazer, é o modo de ser, é a atitude além da palavra”;  diz ainda que “trabalhar com a humanização mobiliza, faz sofrer, faz chorar mas também traz alegrias”; outro militante pensa que “não faz sentido reivindicar mais consultas fast-food ou mais remédios da farmácia básica; precisamos ir às ruas para brigar por mais qualidade de vida, mais saúde, mais resolutividade na rede pública”; outra fala dá conta de que “ este seminário deve ter uma temática centrada não mais no serviço e sim nas pessoas; que os sujeitos precisam se ampliar em nível de território porque o que junta os diferentes é o lugar”; outro pensador explica que “não se desconhece a força e o poder dos movimentos sociais, porém não se desconhecem as fragilidades e dificuldades de qualificar ações por uma gestão mais participativa”; outro alguém indignado, desabafa “sou povo, tenho direitos, quero ver o meu processo para saber porque foi indeferido”; um gestor dentro da roda defende que “é preciso melhorar a comunicação no SUS, evitar o excesso de siglas ou explicar para o usuário o que elas significam; é urgente incluir a família nos espaços de cuidado em saúde”; uma ativista  alerta que “trabalhar na saúde adoece e os hospitais estão encolhendo na sua força de trabalho”; uma usuária na roda diz que “não vejo excesso de demandas  judiciais na saúde, porque são tantos os direitos violados…, muitos usuários nem sabem que podem pedir…” outro sujeito pensa que “a judicialização na saúde é um sintoma de algo que está acontecendo e que deve ser analisado, porque o Brasil merece uma resposta”; alguém muito inspirado diz ”a construção do viver vem das mãos do homem”; um gestor afirma que  “a PNH “já pegou” a partir do envolvimento e do desejo que vocês manifestam por uma saúde melhor” e por fim vem o Seu Bonifácio, funcionário aposentado dos Correios, que nos diz com todas as letras “só fico na discussão se houver coerência”.
 

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