Um brinde aos Loucos
Enfim chegou o natal e logo mais o Reveillon, então escolha uma dessas datas e se puder, ofereça um brinde que parafraseando outro autor eu te proponho:
“Um brinde aos loucos. Aos desajustados. Aos rebeldes. Aos criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status Quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam.” – Jack Kerouac
E quem são esses loucos? Desde que entrei na Rede HumanizaSUS basicamente eu tenho escrito sobre saúde mental… então vocês podem pensar que daqui a pouco o CAPS III vai aparecer numa Folha de Lírio, e talvez estejam certos!
Mas eu acredito que muitas pessoas mesmo que não percebam ou não tenham a coragem de admitir, também são bem louc@s.
Talvez seja uma grande loucura acreditar na Saúde Pública e no SUS… loucura ainda maior uma proposta de Humanização dentro de um sistema corrompido onde alguns “doutores” não cumprem seus horários e nem olham para o paciente, apenas de cabeça baixa rabiscam a receita como numa “psicografia”.
E o paciente nem é mais paciente, acho que é um cliente impaciente porque ficou a madrugada inteira na fila esperando o “Posto de Saúde” abrir… Sim falo Posto de Saúde, porque se o Prefeito da cidade pode falar assim eu também posso, ou como diria o Presidente dos E.U.A: Sim, nós Podemos!
E os usuários, cuidado não nos chamem assim, afinal parece que se formos chamados de usuários, somos usuários de drogas… o que pode ser verdade em alguns casos e outros não!
Porque você não escolheu outra profissão? Engenheiro ganha bem +
Porque você é conselheiro de saúde? Não ganha nem um $$$ por isso e ainda tem que participar de várias reuniões, defendendo interesses de pessoas que nunca vão te dizer um simples obrigado. Vai perder a novela e o futebol pelo menos uma vez por mês.
E mesmo diante de tantas dificuldades, aflições e desafios o que faz a gente acreditar que: Somos Parte do SUS que dá Certo?
Não tenho fórmulas para ensinar, quase tive indigestão no meu Curso de Gestão Hospitalar.
Ainda não me equilibro completamente nas interfaces do corpo e mente…
Por isso eu nunca desligo das redes de apoio, sejam RAPS ou RHS.
Uma coisa eu aprendi numa equação em que se isola o fator comum
Abre parênteses
A CURA é uma pequena parte da (LOU)CURA
Um brinde aos loucos e fecha parênteses até 2014!
(montagem da figura elaborada por Genni Cian)
Por Luciane Régio
Gostei muito de ouvir de novo o Mehry, no VI Congresso Brasileiro de Ciências Sociais, em que ele dá sua classificação sobre os loucos! Para ele há três tipos de loucos:
– "O Louco pouco louco", que somos todos nós, Ok? (mas imaginemos isso móvel, sim?) Que damos conta das coisas da vida, assim-assim, enfim…
– "O Louco médio louco", aquele que não chega a enlouquecer o Louco pouco louco, então, também convive, enfim…
– "O Louco muito louco" é basicamente aquele Louco que enlouquece o Louco pouco louco!
Mas esses estados são móveis.
Uma hora, um pode passar a Louco muito louco e o Louco pouco louco pode ficar muito louco, enfim… a vida e sua mobilidade, a compreensão desses conceitos de "loucura" e o direito à convivialidade (Ivan Illich)/dimensões do cuidado, cuidado em liberdade, autonomia e direito a um lugar social/de produção social/trabalho, para além do estigma do louco, que bem verdade, tu já disseste, tem muita gente… 🙂
A RHS como rede apoio, realmente, isso demonstra a potência de vivermos esse comum de luta e covivialidade!
Boas festas,
Lu