Homem vive amarrado há mais de 10 anos em Assunção no Piauí

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Por Walquerley Ribeiro

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Foto: Acervo Jornal O Dia

 

O jornal O Dia, do Piauí, contou a história de Valdecir Batista, hoje com 36 anos.  O homem vive há mais de 18 anos com problema mental no município de Assunção do Piauí, a 300 km de Teresina.  Devido à agressividade, ele permanece amarrado em um quarto construído nos fundos do lote. Os pais não conseguirem mais segurá-lo.

Segundo o portal de notícias piauiense, os pais de Valdecir, dona Otacilia e seu Batista, ambos com mais de 65 anos não tinham mais condições físicas e forças para lutar contra o filho, que sempre quando apresenta transtornos ameaça agredí-los.

O Portal (En)Cena, convidou a psicóloga clínica e professora da Universidade Federal do Tocantins(UFT), Kathia Nemetz, para comentar o caso de cárcere privado no interior do Piauí. Segundo Nemetz, a família apresentada pela reportagem, enfrentar a problemática do transtorno mental do filho Valdecir, e ao seu modo buscou uma saída para a situação.  “Com uma solução paliativa, construíram um cômodo com celas de contenção e isolamento como forma de ‘proteção’, ver essa situação nos provoca horror, mas não podemos ficar imunes, a indignação é total com o descaso do poder público diante das necessidades básicas e condições de vida de milhares de brasileiros”, disse.

De acordo com Kathia Nemetz, casos como o da família de Valdecir, também acontecem no Tocantins. A psicóloga afirma já ter acompanhado um quadro psicológico de uma família na capital, e alerta para a internação manicomial que, nem sempre é uma forma menos opressora. “Pelo fim dos apelos ingênuos para internações como se fosse um cuidado, pois, o maior cárcere é o manicômio mental que insiste em evitar a loucura e as necessidades de tratamento e cuidado familiar, enfrentar a problemática do transtorno mental é um desafio para as famílias que, passam a sofrer junto com o paciente”, orienta.

A psicóloga aponta dentre tantos problemas, a fragilidade dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e a forma como essa instituição vêm tratando os familiares e usuários dos serviços. “Falta de investimentos e de equipamentos diversificados, de pessoal capacitado e bem remunerado, muitos usuários nem chegam a esses dispositivos institucionais, especialmente os moradores de áreas isoladas”, citando ainda as deficiências nos cuidados na atenção à saúde, assistência social ou educação, que são as obrigações do Estado, mas que são marcadas pela desigualdade e violação dos direitos humanos. “É preconizado pelas estratégias de saúde da família, em seus NASF, nos CAPS, nas enfermarias psiquiátricas dos hospitais gerais, variadas formas de intervir e de cuidar sem internações compulsórias em instituições manicomiais, mas, nem sempre as coisas são como preconiza”, desabafa.

 

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Foto: Acervo Jornal O Dia

Vítimas do descaso de autoridades locais e regionais, casos como o da reportagem piauiense, mostram a negligência e a violação na atenção aos direitos humanos, de manter e capacitar com informações, sensibilidade e humanismo, as equipes de cuidados e atenção à saúde da população.

Segundo o portal de notícias, o pai de Valdecir, Batista Leira, tinha a esperança de internação e tratamento em um local apropriado, chegou até a procurar o INSS para aposentar o filho, mas, lamenta ter ficado somente nas promessas por parte das autoridades que nada fizeram.

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