(Re)organizando o processo de trabalho da equipe da UBS de Riacho do Sangue – Macaíba/RN

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Introdução: Esta intervenção foi realizada durante o Internato de Saúde Coletiva do Curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, desenvolvida pelos doutorandos André Garcia Fernandes Dantas, Gustavo Teixeira Germano de Aguiar e João Paulo de Azevêdo Cachina do 9º período, realizada na Unidade Básica de Saúde de Riacho do Sangue, no município de Macaíba – Grande Natal/Rio Grande do Norte (RN), coordenado pela Profª. Ana Tânia Lopes Sampaio, sob a tutoria da Profª Lyane Ramalho Cortes, preceptoria da Médica Olívia Maria e da Enfermeira Aline Bezerra. Como projeto, optamos trabalhar com a mudança no processo de trabalho da equipe, em especial da profissional médica. Nossa principal motivação foi, inicialmente, a solicitação da própria comunidade, durante roda de cogestão, que reclamou principalmente das fichas para o atendimento médico e da dificuldade de consegui-las, muitas vezes necessitando chegar de madrugada na unidade para garantir sua preferência. Também foi notado por nós que o processo atual de trabalho gerava considerável tumulto na unidade, e poderíamos organizar a produtividade da unidade a fim de tornar o acesso às fichas mais humanizado. Além disso, durante nosso atendimento na unidade, notamos que a imensa maioria das consultas de demanda espontânea não tinham nenhum caráter de urgência poderiam ser tranquilamente remarcadas para outro momento.

Metodologia: Após a definição do tema, solicitamos amparo bibliográfico junto a nossa tutora, que nos indicou livros, artigos e os cadernos da atenção básica. Em especial, o caderno 28 que trata do acolhimento à demanda espontânea foi muito útil. Definimos então que remodelaríamos o processo de trabalho da médica, que até agora concentrava grande parte dos seus atendimentos em demanda espontânea, para priorizar gradualmente a marcação de consultas. Estabelecemos inicialmente que, das 25 fichas que atende pela manhã a médica, 15 continuariam para demanda livre, a fim de que a população não tivesse impressão negativa do processo, e 10 passariam a ser de marcação. A marcação inicialmente será realizada para a mesma semana, se possível, para estimular a cultura do agendamento. O plano é que gradualmente as 15 fichas de demanda livre passem a ser de marcação agendada, de modo a alcançar um valor próximo a 20 marcadas para 5 demanda livre ao longo do ano. Uma forma de triagem foi proposta, de modo que a primeira hora da enfermeira pudesse ser alocada para essa triagem, cuja responsabilidade passaria posteriormente para a técnica de enfermagem, sempre com o amparo da médica e enfermeira. Destamos a importância dos próximos doutorandos nessa triagem, podendo participar longitudialmente dela, tanto auxiliando a enfermeira e, principalmente, a técnica de enfermagem. Foi realizada uma reunião com toda a comunidade e líderes comunitários para informar sobre o novo processo de trabalho e conscientizar sobre a necessidade de cooperação para o adequado funcionamento.

Resultados esperados: Foi realizada a reunião, tendo expressiva participação da comunidade. Apesar de certa resistência à nova proposta, como é normal a toda mudança, a população foi convencida de que estava sendo atendida por uma reivindicação que ela mesmo solicitou, e que a longo prazo será imprescindível para um bom funcionamento da unidade dentro dos moldes da estratégia. É esperado que essa nova modelagem seja implantada em abril, com correções ao longo do ano até alcançar a relação de demanda espontânea/fichas de marcação já descrita. Entendemos ainda que é imprescindível a colocação dos próximos doutorandos nesse processo de trabalho, inclusive fazendo parte da equipe a participar na triagem e dar novas ideias para melhorar continuamente o processo de trabalho.