VII Premio Arthur Bispo do Rosário
A arte como estímulo à capacidade criadora do ser humano.
O prêmio chega em 2014 a sua sétima edição homenageando Arthur Bispo do Rosário.
O sergipano Arthur Bispo do Rosário (1911-1989) foi internado no dia 25 de janeiro de 1939 na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Viveu cinco décadas trancafiado. Negro, solteiro, de naturalidade desconhecida, sem parentes, sem profissão, alfabetizado e com antecedentes policiais, foi diagnosticado com esquizofrenia paranóide.
Na Colônia produzia mantos e estandartes, bordados e miniaturas recobertos por fio azul, que obtinha desfiando o uniforme usado pelos internos. No início dos anos 60, morou isolado no sótão e desenvolveu grande parte de sua produção. Durante os 25 anos ininterruptos que passou sem sair do manicômio, produziu 804 obras. É considerado um artista de vanguarda, criador de objetos tridimensionais e precursor do que viria se chamar instalação. Suas obras já foram expostas em grandes museus do Brasil e do mundo.*
*Esse texto foi baseado na reportagem de Hebert Carvalho – “Nos limites do poder criativo”, da revista Problemas Brasileiros, nov/dez 2011.
O Prêmio visa homenagear esse artista, que, mesmo em condições adversas, tornou-se referência para o mundo das artes.
As inscrições para o VIl Prêmio Arthur Bispo do Rosário são gratuitas e serão realizadas pela internet, das 18h00 do dia 28/02/2014 às 18h00 do dia 13/06/2014, neste site.
Categorias:
1. "Esculturas/Instalações";
2. "Pinturas/Ilustrações";
3. "Fotografias";
4. "Poesias";
5. "Contos, Crônicas e Textos";
6. "Vídeos".
Inscrições na modalidade de Vídeos deverão ser realizadas, exclusivamente, via formulário impresso com o vídeo em DVD devidamente identificado com o nome da/o autora/autor principal e eventuais outras/os autoras/es, em um envelope, juntamente com a ficha de inscrição devidamente preenchida e documentação solicitada (cópia do RG da/o autora/autor principal e da/o responsável, se houver). Clique aqui e imprima o formulário.
Para as demais categorias será necessário a inscrição como autor para posteriormente realizar a inscrição da(s) obra(s).
Para estimular a participação dos usuários, o CRP SP oferecerá orientações sobre técnicas artísticas por meio de oficinas, organizadas pela Sede e pelas Subsedes localizadas no interior do Estado de São Paulo.
Informações:
E-mail: [email protected] ou pelo telefone: (11) 3061-9494 ramais 356, 334, 355 e 336.
Por Emilia Alves de Sousa
Oi Tiago
Obrigada pela divulgação desse evento trazendo um pouco da história dessa pessoa tão incrível que foi o Arthur Bispo.
Não o conhecia e fiquei curiosa pra conhecê-lo. Encontrei fatos incríveis sobre a sua vida no manicômio.
Destaco aqui alguns:
“O dia 24 de dezembro de 1938 foi um divisor de águas psíquico para Bispo. Era Natal, ele se convertia na figura de Jesus Cristo, mas acabaria sob o domínio da psiquiatria. Interditado pela polícia dois dias após a sua “anunciação”, foi enviado ao Hospital Nacional dos Alienados, na Praia Vermelha, onde rótulos não tardariam a marcar sua ficha: negro, sem documentos, indigente”.
“Após algumas semanas de internação, com o diagnóstico de esquizofrênico- paranóico e sem que ninguém o reclamasse, Bispo foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, hospício na época considerado “fim de linha”. Foi alojado no pavilhão 11 do núcleo Ulisses Viana em janeiro de 1939, um engradado destinado a doentes “perigosos”. As celas abrigavam apenas um fino colchão e, ao lado, um buraco no solo com fezes à mostra e insetos em volta”.
“Foi nessas fases de isolamento que a arte mais brotou. Na falta de material, Bispo desfiava o próprio uniforme azul do manicômio. Desfazia a veste e aproveitava fio por fio. Assim começou a cerzir o Manto da apresentação, espécie de mortalha sagrada que bordaria durante toda a vida para vestir no dia do Juízo Final, na data da sua “passagem”. Bordados no manto estão os nomes das pessoas que ele julgava merecedoras de subir aos céus – mulheres, em sua esmagadora maioria. O pano de fundo é um cobertor avermelhado do hospício, onde inscreveu minúsculos registros, “representações” dos mais variados objetos: tabuleiro de xadrez, dado, mesa de sinuca, avião, números, palavras e muito mais. Ele utilizou a mesma técnica de bordados nos estandartes: lençóis e cobertores da Colônia bordados à mão com as linhas dos uniformes. Não à toa o azul se destaca nesses panos estampados com navios, bandeiras e palavras, sempre palavras”
MANTO DA APRESENTAÇÃO (detalhe): ele passou parte da sua vida bordando a peça para usá-la no dia do Juízo Final
Estou aqui a pensar no sofrimento que esse cidadão deve ter enfrentado nesses manicômios desumanos, e nos outros Arthur Bispo que devem existir por aí. Deprimente!