Implantação do Fluxograma de atendimento ao paciente tabagista na Unidade de Saúde de Parque das Orquídeas/Parnamirim-RN

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10416598_682485005176176_7916582553779394369_n.jpg     Devido a sua alta prevalência e suas consequências, o tabagismo, tem sido abordado com frequência nos grupos de discussão de saúde pública. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) cinco milhões de pessoas no mundo morrem de consequências do tabagismo, sendo 200 mil no Brasil.

     A construção de um fluxograma de atendimento ao paciente tabagista que chegam a Unidade de Saúde da Família Enfermeiro Wilson Moreira de Menezes em Parnamirim/RN visa cessação do tabagismo na área adscrita. Facilitando assim a comunicação entre a equipe, o que permitirá uma visualização do processo e melhora do trabalho em relação ao consumo de tabaco.

     A busca ativa será realizada pelos agentes comunitários de saúde (ACS) em domicílios durante a visita, quando será questionado o uso de tabaco e se tem a vontade de parar. Para, então, ser aplicado o Questionário de Fagerstrom para avaliação do grau de dependência à nicotina.

     Os pacientes que demonstrarem interesse pelo programa serão acolhidos e orientados a procurar a unidade básica para avaliação da equipe de saúde, quando será feita a abordagem multiprofissional.

     Ao chegar à unidade, antes do atendimento, o paciente participará de rodas de conversa com o tema tabagismo e serão levantadas as principais dificuldades no processo de cessação do mesmo. Além de sensibilização daqueles que, até então, não tinham mostrado interesse. Os familiares também serão abordados e estimulados a incentivar e apoiar nesse processo.

     Será aberto, na agenda da unidade,um momento específico para abordagem do tabagista. Neste, todos os profissionais de saúde estarão mobilizados para estes pacientes.

     Na consulta clínica, o médico fará uma avaliação com o objetivo de identificar alterações funcionais pulmonares, existência de doenças relacionadas ao tabagismo (DRT), possíveis contraindicações e interações medicamentosas duranteo tratamento farmacológico da dependência. Além de avaliar o perfil dofumante, seu grau de dependência à nicotina e suamotivação para deixar de fumar. Serão solicitados exames complementares (rotina básica: radiografia de tórax, espirometria pré e pós broncodilatador, eletrocardiograma, hemograma, bioquímica sérica e urinária, medidas do COex e da cotinina (urinária, sérica ou salivar)), de acordo com a clínica apresentada. Se necessário, o paciente será encaminhado para o pneumologista e dentista.

     Com o apoio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), o paciente também participará de grupo de apoio à cessação do tabagismo. No qual seguirão o manual “Deixando de Fumar sem Mistério”.

     Iniciamos o trabalho de implantação do fluxograma (fig.1), e após uma semana de busca ativa pelos pacientes e aproveitando o dia mundial de combate ao fumo (31de maio) foi realizada a primeira roda de conversa sobre o Tabagismo com a participação de pacientes tabagistas, familiares e equipe multiprofissional de saúde. Nesse momento foi observada a importância que a oportunidade de acesso à informação tem sobre a reflexão necessária ao surgimento do desejo para cessar o tabagismo.

     Todos os pacientes tabagistas que procuraram a Unidade Básica de Saúde da Família Enfermeiro Wilson Moreira de Menezes em Parnamirim/RN, foram acolhidos em consulta médica e avaliados acerca do grau de dependência através do teste de Fagerström. Dos 14 pacientes submetidos ao instrumento sete eram do sexo feminino. A faixa etária variou entre 42 e 76 anos. E todos disseram ter interesse em obter mais informações sobre os malefícios do tabagismo e como deixar de fumar. Além disso, ainda é valido acrescentar que, cerca de 60% dos pacientes avaliados já tentaram deixar de fumar mais de uma vez e não obtiveram sucesso.

     Dentro dessa abordagem temática, as rodas de conversa proporcionaram ao público alvo a informação necessária para sua reintegração na sociedade,dentro da problemática evidente da dependência do cigarro. Portanto, a relevância desse apoio dentro da Unidade Básica de Saúde consistiu também em uma estratégia de disseminação, entre os não fumantes, com o propósito de dissipar a temática dos malefícios do cigarro.

     É inegável a importância do apoio profissional nessa estratégia de cessação do tabagismo com base no conceito holístico multiprofissional de amparo ao fumante. O incentivo do profissional de saúde, dentro desse contexto, maximiza os ganhos nos resultados positivos em relação à cessação desse hábito.

     A estratégia da educação permanente com a equipe transforma agentes em dissipadores positivos de saúde permanentes. A melhora na qualidade de vida observada por esses profissionais torna a estratégia viável e transformadora. Portanto, espera-se uma queda no hábito de fumar dentro dessa população de uma maneira geral, respeitando a singularidade do indivíduo e do próprio método.

     É evidente que ainda existem muitos obstáculos a serem vencidos dentro do contexto da cessação do tabagismo, sendo necessário investir efetivamente no treinamento das equipes, no acesso a terapia farmacológica e no apoio holístico dentro da singularidade de cada usuário.

*Trabalho realizado pelos doutorantos Edpo Kadu, Damartine Feitosa, Camila de Paiva,  Marina Araújo e Renata Ribeiro sob a preceptoria de Dr Edmar Cláudio (médico da UBS Parque das Orquídeas de Parnamirim/RN).

Referências:
1. Pietrobon  RC, Barbisan JC, Manfroi WC. Utilização do teste de dependência à nicotina de fagerström como um instrumento de medida do grau de dependência.Rev 32 HCPA 2007;27(3).
2. Melo SRA. Protocolo de atendimento de tabagistas na atenção básica [trabalho de conclusão de curso]. Uberaba: Universidade Federal de Minas Gerais, 2011.
3. HALTY LS, HÜTTNER MD,  NETTO ICO et al. Análise da utilização do Questionário de Tolerância de Fagerström(QTF) como instrumento de medida da dependência nicotínica.J Pneumol28(4) – jul-ago de 2002.
4. Reichert J, AraújoJ, Gonçalves CMC ET AL. Diretrizes para cessação do tabagismo. J BrasPneumol. 2008;34(10):845-880.
5. Mirra AP, Meirelles RHS, Godoy I ET AL. Tabagismo. Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar. 2011.