ESPIRITUALIDADE NA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE

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 Sem dúvida, esse é um tema pouco debatido na
formação universitária em saúde, ainda voltada ao modelo
biológico, que prioriza a cura do corpo e a medicalização,
em detrimento de um cuidado que extrapole essa dimensão
e em que se perceba o ser humano sempre de forma
holística. Considerando os aspectos aqui expostos, as
academias devem priorizar a temática espiritualidade em
seus currículos, permitindo que o futuro profissional adquira
mais conhecimentos com vistas a melhor se preparar para a
prática cotidiana do cuidar.
Essa prática, desenvolvida através da educação popular
em saúde na atenção básica, tem sido um grande manancial
de possibilidades, visto que, nesses locais, os profissionais das
equipes de saúde da família entram em contato com todas
as peculiaridades dos indivíduos, da família e da comunidade
sob seus cuidados, razão por que devem procurar percebê-
los tanto em suas necessidades biológicas quanto nas que
dizem respeito aos campos psicológico, social e espiritual,
respeitando as suas crenças, seus valores, sua cultura, seu
próprio modo de ser e de viver.
Entendemos que a espiritualidade, na prática da educação
popular em saúde, é uma força capaz de transformar o ser
humano, ajudando-o a enfrentar as dificuldades da vida,
como também a doença, com otimismo e esperança. Através
da educação popular em saúde, o profissional vai criando
vínculos com a comunidade e, aos poucos, encontrando
meios de ajudá-la. Quando o indivíduo está doente, ele e
sua família podem encontrar-se mais fragilizados e, portanto,
geralmente, mais receptivos à atenção oferecida peloI
profissional. Como refere Smake (2006), algo especial ocorre
quando o profissional se permite, através de sua vontade,
entrar em contato com a necessidade espiritual do outro ser.
Esse encontro de almas gera um campo de forças capazes de
intervir terapeuticamente e de cuidar.
Entretanto, para que esse profissional consiga perceber
a subjetividade, a espiritualidade do outro, é preciso ter
consciência de que também é um ser biopsicossocial e
espiritual, que precisa se autoconhecer, autodescobrir-se
e, sobretudo, aprender a desenvolver a sua espiritualidade.
Logo, ele se sentirá mais apto a ajudar o outro a conviver
com os problemas que o envolvem de maneira satisfatória.
Como afirma Vasconcelos (2006), o desenvolvimento da
espiritualidade permite ao profissional da área de saúde
integrar em si as dimensões racional, sensitiva, afetiva e
intuitiva, as quais permitirão mais proximidade com a pessoa
sob seus cuidados e melhores condições de lidar com as
situações de crise que a envolvem.
Valorizar a dimensão espiritual pode ser considerado
muito importante para o profissional de saúde, tanto em
benefício próprio, no âmbito pessoal, quanto em contato com
o seu trabalho, uma vez que este envolve, em seu cotidiano,
aspectos relacionados à vida e à morte. Assim, procurar entrar
em contato com a sua espiritualidade, com o íntimo de seu
ser, diariamente, é uma forma de estar mais atento, mais
intuitivo e mais sensível diante da dor e do sofrimento da
pessoa que se encontra sob os seus cuidados e que precisa
ser percebida, também, em suas necessidades espirituais.