MÓDULO VI – Clínica Ampliada (Cartilha/MS, Brasil, 2012), Tutora: Luzia Prata

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Rosário Portella (consultora do MS/PNH – Região Norte) diz que a proposta da PNH não é “humanizar o humano”; é enfrentar e lidar com relações de poder, trabalho e afeto. Ela diz que o homem traz em si a luz e a sombra; e que estamos vivenciando relações produtoras de práticas desumanizadas.
Rosário, em sua apresentação, fala do método da tríplice inclusão de sujeitos, coletivos; dos princípios da transversalidade, inseparabilidade entre atenção e gestão; das diretrizes sobre Acolhimento, Cogestão, Valorização do Trabalho e do Trabalhador, Defesa dos Direitos dos Usuários, Clínica Ampliada; e dos dispositivos que tratam das Equipes de referência e Projeto Terapêutico Singular. Completa dizendo que é necessário incluir a humanização na graduação.
A proposta da Clínica Ampliada busca se constituir numa ferramenta de articulação e inclusão dos diferentes enfoques e disciplinas. A Clínica Ampliada reconhece que, em um dado momento e situação singular, pode existir uma predominância, uma escolha, ou a emergência de um enfoque ou de um tema, sem que isso signifique a negação de outros enfoques e possibilidades de ação.
Outro aspecto diz respeito à urgente necessidade de compartilhamento com os usuários dos diagnósticos e condutas em saúde, tanto individual quanto coletivamente; para que haja participação e adesão do sujeito no seu projeto terapêutico, maior será o desafio de lidar com o usuário enquanto sujeito, buscando sua participação e autonomia em seu projeto terapêutico.
Trabalhar com diferentes enfoques, trabalhar em equipe, compartilhar saberes e poderes é trabalhar com conflitos. Os instrumentos propostos – Clínica Ampliada, Equipes de Referência, Projetos Terapêuticos Singulares – têm-se mostrado como dispositivos resolutivos quer seja no âmbito da atenção como no âmbito da gestão de serviços e redes de saúde.
A Clínica Ampliada busca integrar várias abordagens para possibilitar um manejo eficaz da complexidade do trabalho em saúde, que é necessariamente transdisciplinar e, portanto, multiprofissional. Coloca-se em discussão justamente a fragmentação do processo de trabalho e, por isso, é necessário criar um contexto favorável para que se possa falar destes sentimentos em relação aos temas e às atividades não-restritas à doença ou ao núcleo profissional.
A Clínica Ampliada engloba os seguintes eixos fundamentais:
1. Compreensão ampliada do processo saúde-doença
2. Construção compartilhada dos diagnósticos e terapêuticas
3. Ampliação do “objeto de trabalho”
4. A transformação dos “meios” ou instrumentos de trabalho
5. Suporte para os profissionais de saúde
“É certo que o diagnóstico de uma doença sempre parte de um princípio universalizante, generalizável para todos. Mas esta universalidade é verdadeira apenas em parte.”
Na cartilha do MS ainda encontramos algumas sugestões práticas, importantes, tais como a escuta; e vínculos e afetos. Enfatiza que muito ajuda quem não atrapalha e que a culpa e medo não são bons aliados da Clínica Ampliada. Salienta que diálogo e informação são boas ferramentas; que a doença não pode ser a única preocupação da vida; que a Clínica deve ser compartilhada na saúde coletiva; e que é necessário ter Equipe de referência e Apoio Matricial.
As dificuldades no trabalho em saúde refletem baixa grupalidade solidária na equipe, alta conflitividade, dificuldade de vislumbrar os resultados do trabalho.
“Para que se realize uma clínica adequada, é preciso saber, além do que o sujeito apresenta de “igual”, o que ele apresenta de “diferente”, de singular.”
Falando em Projeto Terapêutico Singular, é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com Apoio matricial se necessário.
Os motivos e as expectativas das pessoas precisam ser trabalhados na Clínica Ampliada para diminuir o número de doenças causadas por tratamento inadequado.
A concepção de Clínica Ampliada e a proposta do Projeto Terapêutico Singular convidam-nos a entender que as situações percebidas pela equipe como de difícil resolução são situações que esbarram nos limites da clínica tradicional. É necessário, portanto, que se forneçam instrumentos para que os profissionais possam lidar consigo mesmos e com cada sujeito acometido por uma doença de forma diferente da tradicional.
“O processo de “medicalização da vida” faz diminuir a autonomia e aumenta a dependência ou a resistência ao tratamento.”
Não há como propor humanização da gestão e da atenção sem um equilíbrio maior de poderes nas relações entre os trabalhadores e na relação com o usuário. Portanto, é fundamental que haja reunião de equipe, bem como as discussões para construção e acompanhamento do Projeto Terapêutico Singular, pois são excelentes oportunidades para a valorização dos trabalhadores da equipe de saúde.
“A proposta de Equipe de Referência exige a aquisição de novas capacidades técnicas e pedagógicas tanto por parte dos gestores quanto dos trabalhadores.”