TRABALHO E REDES DE SAÚDE

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     Um trabalho em saúde demanda esforços. Em que sentido? Primeiramente na necessidade de descentralização, quando se propõe a autonomia administrativa das redes de serviço. Através dessa autonomia, articulam-se processos de trabalho e as relações entre os diferentes profissionais e a população. Trabalhar em saúde é estar sempre exposto às variabilidades. Ao imprevisto. Nesse contexto, impossível falar em saúde sem considerar as situações pelas quais passamos ou o modo como nos organizamos diante de experiências que adoecem. E para lidar com esses fatos, que nos fazem crer que saúde não algo somente restrito a nossa individualidade, cumpre cuidar de nossas relações. A forma como nos relacionamos ( e isso vai além de nosso ambiente de trabalho) é de fundamental importância para se pensar em saúde. Em um ambiente multiprofissional, típico em organizações de saúde, abismos podem ser criados, mas também superados, uma vez instalados. Isso a partir do instante em que propusermos a criação de espaços coletivos de interação, de troca de experiências e saberes, de alegrias e frustrações, planejamentos e expectativas. Essa soma de esforços é a alavanca que muda os padrões retrógrados e estagnados. A criatividade humana é um poderoso instrumento que faz acontecer. As organizações de saúde sempre devem ser espaços de valorização do potencial inventivo do ser humano. A Política Nacional de Humanização vem estimulando a criação de espaços onde haja uma relação  entre trabalhadores usuais e aqueles também trabalhadores, mas possuidores de conhecimentos específicos, que venham facilitar diálogos cada vez mais efetivos entre gestores, trabalhadores, usuários, apoiadores institucionais, etc..  Esse encontro entre teoria acadêmica e o conhecimento advindo da prática do dia a dia dos estabelecimentos de saúde denomina-se Comunidade Ampliada de Pesquisa (CAP), que faz parte do Programa de Formação em Saúde e Trabalho (PFST), que por sua vez é um dispositivo  da PNH que busca uma compreensão  ampliada das relações entre saúde e trabalho.  A Comunidade Ampliada de Pesquisa (CAP) compreende um grupo de multiplicadores formado por consultores, apoiadores, pesquisadores e trabalhadores locais. Há, nesse espaço, a prática do diálogo construtivo, envolvendo diferentes saberes e práticas. A palavra circula. Instâncias onde se trabalha o coletivo, como a Câmara Técnica, Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) e tantos outros podem usufruir de tais ferramentas.