PROJETO DE INTERVENÇÃO NO BAIRRO DE MONTE CASTELO Agente Comunitário de Saúde: “Cuidar é preciso!”

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UNIVERSIDADE POTIGUAR
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
ESCOLA DE SAÚDE
CURSO DE MEDICINA

 

BRUNO PEREIRA DANTAS
LAURA ELIZA RÊGO
RENATA SYNARA SOUZA SALDANHA
RYWKA TENENBAUM MEDEIROS GOLEBIOVSKI
RUANA BENTO PIRES

 

PROJETO DE INTERVENÇÃO NO BAIRRO DE MONTE CASTELO
Agente Comunitário de Saúde: “Cuidar é preciso!”

 

Orientador: Dr. Flávio Bastos Pinto

 

NATAL/RN – 2014

RESUMO: Diante da necessidade crescente e da ampliação constante que ocorre atualmente na estratégia de saúde da família (ESF), torna-se cada mais evidente um dos componentes da equipe: O agente comunitário de saúde (ACS). Sabe-se que este representa um elo entre a equipe multiprofissional e a comunidade, sendo dessa forma, peça fundamental para um bom funcionamento de toda a ESF. Na rotina diária desse serviço pode-se perceber uma série de problemas referentes a esses profissionais, os quais podem ser descritos tanto no âmbito da sua qualificação quanto em relação a sua qualidade de vida. Todo esse quadro reflete em uma série de profissionais inseguros em relação as suas atividades, vulneráveis a diversos ambientes e doenças as quais não possuem informação básica que lhe permita fazer qualquer abordagem inicial. Além disso, foi evidenciado entre esse grupo, uma importante prevalência de doenças crônicas, como Hipertensão arterial sistêmica, Diabetes Mellito e Asma, as quais se encontram muitas vezes descompensadas. O estudo em questão tem como objetivo compreender o perfil de saúde dos ACS, assim como realizar um trabalho de educação permanente com os mesmos em uma UBS localizada no bairro de Monte Castelo no município de Parnamirim-RN. Para tal intuito, foi realizada em um primeiro momento, palestra motivacional, sendo exposto a importância, história e função dos ACS. Além, disso foi realizada uma pesquisa qualitativa com os profissionais  através de um questionário que visava avaliar  a sua qualidade de vida e as relações estabelecidas entre eles e os demais componentes da equipe. Em um segundo momento, foi realizada nova convocação dos Agentes para que os mesmos pudessem esclarecer as mudanças ocorridas, assim como relatar os principais problemas e dúvidas que se mantiveram. Baseado nesse relato, foi organizado um cronograma de palestras e atividades que visam qualificar, prestar assintência e valorizar os ACS na ESF e na sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Agentes comunitários de saúde, Educação permanente, Saúde do trabalhador, Valorização,Motivação.

ABSTRACT: In face of growing need and the actual constant expansion in the family health strategy (ESF), becomes each day more important a component of the team: The community health agent (CHA).  It is a link between the multidisciplinary team and the community, and thus, key piece for a good functioning of the whole ESF. In the daily routine of this service can see a number of problems related to these professionals, which can be described either as part of their qualification and in relation to their quality of life. All this framework reflects in a series of unsecured professionals regarding their activities, vulnerable to various work places and diseases which do not have basic information that allows you to make any initial approach. Furthermore, it was evident among this group, a significant prevalence of chronic diseases, such as systemic hypertension, diabetes mellitus and asthma, which are often uncompensated. This study aims to understand the health profile of ACS, as well as conduct a continuing education work with them in a UBS located in Monte Castelo neighborhood in Parnamirim City/RN. For this purpose, in the first moment was realized motivational speech, where the importance of the history and function of the ACS was exposed. In addition, a qualitative research with professionals through a questionnaire that aim their quality of life and the relationships established between them and the other team members was held. In a second step, the new call agents was made to clarify the changes that have occurred, as well as report the main problems and questions that remained. Based on this report, it was organized a schedule of lectures and activities to qualify, provide assistance and value the ACS in the ESF and in the society.

INTRODUÇÃO
O Agente Comunitário de Saúde (ACS) surgiu no Brasil em alguns estados do Nordeste, na década de 1970. No entanto a disseminação da ideia foi em 1991, com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde – PACS. A Princípio, o programa focalizava a mortalidade materna- infantil, posteriormente expandindo para o apoio à organização da atenção básica em saúde. Em 1994 o Ministério da Saúde (MS) anunciou a criação do Programa Saúde da Família (PSF), atualmente Estratégia Saúde da Família (ESF), ao qual o PACS foi incorporado.
A categoria profissional do ACS foi instituída em 2002 por meio da Lei Nº 10.507, que caracteriza este profissional “pelo exercício de atividade de prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas.” (BRASIL, 2002)
NA ESF, o trabalho das equipes é um dos elementos-chave no cenário da atenção básica à saúde no Brasil, sendo o ACS um personagem importante no fortalecimento do SUS, o qual assume uma posição bidirecional; uma vez que atua como elo entre a comunidade e os demais membros da equipe. Ele quem oferece à equipe as informações necessárias a respeito do contexto da comunidade, e detectam também situações de risco.
A Portaria nº 648/GM de 28 de março de 2006 estabelece as atribuições do ACS: ações desenvolvidas que busquem a integração entre a equipe de saúde e da população; adscrição das famílias da microárea, desenvolver ações educativas permanentes para promover saúde e a prevenção das doenças; conforme o planejamento da equipe; cadastrar todos os indivíduos da microárea; orientar as famílias sobre os serviços de saúde; desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e de agravos, e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, mantendo a equipe informada, principalmente a respeito daquelas em situação de risco; acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos sob sua responsabilidade; cumprir com as atribuições atualmente definidas para os ACS em relação à prevenção e ao controle da malária e da dengue.
Ao refletir sobre o trabalho do ACS e a proposta de atuação no PACS/PSF pudemos observar que não lhes são oferecidos uma supervisão ou suporte para a continuidade e melhor desenvolvimento dos seus deveres. Portanto esses profissionais acumulam responsabilidades, frustração e insatisfação com o trabalho. 
Diante de tamanha importância, nenhum apoio ou recursos para atuarem com eficácia em sua comunidade. Esse trabalho propõe um trabalho de educação permanente que complemente o conhecimento desses profissionais e retire possíveis dúvidas sobre as situações de risco e patologias presentes na comunidade. Assim como a avaliação da qualidade de vida desses agentes.

 

OBJETIVO
Valorizar assim como promover qualificação profissional, educação permanente e qualidade de vida ao Agente comunitário de saúde(ACF) visando motivá-lo e fortalecer o seu vínculo com os demais componentes da equipe e da sociedade.

METODOLOGIA
O trabalho foi realizado em dois momentos distintos. A primeira parte foi realizada em Maio de 2014, com a aplicação de Questionário para avaliação da qualidade de vida e da saúde para cinco agentes comunitários da equipe da Unidade de Saúde de Monte Castelo. Trata-se de um questionário validado para a língua Portuguesa que possui 4 domínios avaliados: Domínio da saúde(D1), Domínio da atividade física (D2), Domínio do ambiente ocupacional (D3) e Domínio da percepção da QV(D4).Foi realizado nesse mesmo momento palestra motivacional, sendo exposto a importância, história e função dos Agentes comunitário de saúde (ACS), assim como a abordagem do tema Alzheimer. A segunda parte foi realizada em Agosto de 2104 com nova convocação dos Agente, os quais relataram os problemas, dúvidas, assim como as melhorias observadas no ambiente de trabalho. Baseado nesse relato, foi organizado um cronograma de palestras, o qual encotra-se exposto abaixo.

CRONOGRAMA

MAIO
(já realizado) Promoção da qualidade de vida
• Alimentação saudável
• Pratica de atividade física regular
Questionário
AGOSTO
(já realizado) Dificuldades dos Agentes de saúde e Problemas na comunidade.
SETEMBRO Importância do agente de saúde na comunidade
OUTUBRO Deveres dos agentes de comunidade
• Como preencher a ficha A e sua importância
• Escala de coelho
NOVEMBRO Uso de EPIs pelos agentes de comunidade
(proteção câncer de pele)
DEZEMBRO Abordagem do paciente com tuberculose
JANEIRO HAS e diabetes mellitus
FEVEREIRO Saúde mental
(importância da descontinuação das receitas controladas)
MARÇO Abordagem do paciente etilista crônico
ABRIL Abordagem do paciente acamado
MAIO Questionário

DESENVOLVIMENTO:
Para melhor entendimento, o trabalho foi divido em duas etapas, cujos gráficos estão em anexo.
A Etapa 1, foi realizado em maio de 2014, no qual se aplicou um questionário sobre avaliação da qualidade de vida e da saúde, para 5 (cinco) agentes comunitários da equipe da estratégia de saúde de família (ESF) de Monte Castelo, Parnamirim – RN e realização de uma palestra sobre promoção da qualidade de vida, abordando tópicos sobre a prática de atividades físicas regular e alimentação saudável.
Como resultados do questionário, obtivemos que os agentes tem idade inferior a 50 anos, renda familiar abaixo de 1500,00 e que 60% estão fora do IMC recomendável. Em relação ao perfil epidemiológico, observou-se que:
• 60% apresentam alguma doença crônica (HAS, DM II, ASMA)
• 80% têm antecedentes familiares com doenças cerebrovasculares
• 80% apresentam desconforto nos pés e na coluna
• 20% são etilista social e tabagista
• 20% informam má qualidade do sono
• 60% não estão satisfeitos com relação as metas de trabalho atingidas
• 60% se sentem pouco seguros
Além disso, constatou-se que os agentes possuem um perfil sedentário e sem oportunidade de realizar qualquer atividade recreativa, fatores que contribuem para o aumento do risco do desenvolvimento de doenças cerebrovasculares. Também foi observado que eles se sentiam deprimidos em algum momento do dia, seja por questões profissionais ou familiares.
No questionário podemos constatar que esses profissionais sentem-se pouco valorizados na ESF, e sob grande cobrança social, ainda que considerem ter boa relação com os demais profissionais do grupo.  Com o intuito de valorizar, capacitar, apoiar e incentivar esses profissionais serão realizadas as palestras mensais. E para avaliar o impacto destas, os questionários serão aplicados anualmente. Além se auxiliar o ACS em seu ofício e bem-estar, salientamos o benefício consequente das palestras para a comunidade.
A etapa 2 foi aplicada em agosto de 2014, no qual convocou-se os agentes de comunidade da ESF de Monte Castelo, para uma mesa redonda, no intuito de ouvir esses profissionais a cerca dos problemas e dificuldades mais relevantes dentro de suas atividades bem como da comunidade. Houve também a formulação de um cronograma com temas de acordo com as propostas expostas pelos agentes da comunidade, para ser seguido mensalmente, no intuito de estabelecer sempre um melhor vínculo com os agentes de saúde, ajudando-os a elucidar suas dificuldades e orientando-os sobre promoção e prevenção da saúde destes e da população que reside na área de Monte Castelo.
Na mesa redonda os agentes de comunidade informaram que as maiores dificuldades eram no âmbito de como abordar pacientes etilista crônicos, devido serem mal recebidos e se sentirem desprotegidos, acarretando que na maioria das vezes esses pacientes deixavam de ser cadastrados na ficha A. Além disso, a dificuldade dos pacientes com tuberculose aderirem ao tratamento, sendo um relato frequente que esses pacientes não se importavam com a doença.
Percebemos também, a falta de conhecimento da maioria dos agentes em relação ao preenchimento, atualização e importância da ficha A. Subestimando o risco de algumas famílias e a ausência da adequada abordagem multidisciplinar.
Outro problema, é que muitos dos agentes da comunidade não fazem uso dos equipamentos de proteção individual corriqueiramente durante as visitas em domicílios, estando dessa maneira expostos a doenças decorrentes da exposição solar.
Por fim, além dos problemas encontrados, achamos relevante fazer palestras também sobre hipertensão arterial e diabetes mellitus dada a alta prevalência dessas patologias na comunidade, e a importância dos agentes na monitorização destes pacientes, para prevenir uma descompensação da doença. Evidenciamos também a importância do desmame nos pacientes que fazem uso de remédios controlados desnecessariamente, informando assim seus riscos para o organismo.

 

 

 

 

CONCLUSÃO
Os ACS são uma parcela importante da equipe da ESF, graças ao seu maior contato com a comunidade temos a oportunidade de detectar situações de risco, e fazer a busca ativa daqueles que necessitam de maior atenção em saúde. Esta função, juntamente com os demais deveres destes profissionais o sobrecarregam física e psicologicamente, como demonstrado no questionário aplicado na primeira fase do nosso trabalho.
De maneira a atuar na comunidade e com conhecimento da situação do ACS, esse trabalho vislumbrou uma intervenção com o ACS, com um trabalho de educação permanente, afim de auxiliar na promoção a saúde multiplicadas por eles na população e em suas vidas; além de auxiliar e valorizar seu trabalho retirando possíveis dúvidas que estes possam ter.
Nos questionários anuais que seguiram esse trabalho, esperamos uma melhora dos parâmetros abordados; como uma autoavaliação e avaliação do trabalho positiva.

 

 

 

 

ANEXOS

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Série E. Legislação em Saúde)
BRASIL. Ministério da Saúde. Lei 10.507, de 10 de julho de 2002. Cria a profissão de Agente Comunitário de Saúde e da outras providencias. Brasília, DF: Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para assuntos jurídicos, 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde Norma Técnica. Programa de Saúde da Família. Brasília, DF, Fundação Nacional da Saúde, 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Norma Operacional Básica do Sistema único de saúde. NOB-SUS96. Gestão Plena com responsabilidade pela saúde do cidadão. Brasília, DF, 1996.
BRASIL. Ministério d Saúde. Portaria n 1886/GM, 18 de dezembro de 1997. Aprova as Normas e Diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde do Programa saúde da Família, 1997.