Encontro de Economia da Saúde recebe participantes de vários países para debater a saúde no contexto da economia

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Chile, Uruguai, Paraguai, México, Argentina, Colômbia, Portugal e Inglaterra foram alguns dos países com representantes no evento.

dsc01251.jpgEspecialistas, profissionais de diferentes segmentos da área da saúde e acadêmicos com interesse na área da Economia da Saúde puderam participar, entre os dias 24 e 26 de setembro em São Paulo (SP), do XI Encontro Nacional de Economia da Saúde e o VI Encontro Latino Americano de Economia da Saúde.

O evento, realizado pela Associação Brasileira de Economia da Saúde – Abres, com o apoio do Departamento de Economia da Saúde, Investimento e Desenvolvimento – DESID/MS e da Organização Pan-americana de Saúde- Opas/OMS, teve o objetivo de discutir e difundir o conhecimento científico e tecnológico produzido no campo da Economia da Saúde da América Latina e Caribe. “Foi um momento muito rico para todos nós que atuamos na área da Economia da Saúde poder trocar experiências, oxigenar ideias e debater de forma ampliada, os sistemas de saúde da América Latina e Caribe”, avaliou Fabíola Sulpino Vieira, diretora do Departamento de Economia da Saúde (DESID/SE/MS) .

dsc01249.jpgFabíola ainda lembrou da importância da Economia da Saúde para o desenvolvimento dos sistemas de saúde, já que os conhecimentos e ferramentas disponíveis nesse campo possibilitam uma maior otimização das ações de saúde. “Com esses instrumentos podemos utilizar de forma mais eficiente os  recursos da saúde, melhorar a performance nos processos de gestão e assim garantir uma maior qualidade no atendimento ao cidadão”, pontuou.

Segundo Rosa Maria Marques, presidente da ABRES, o encontro foi importante para provocar modos de pensar a saúde como direito e eixo estruturante do desenvolvimento econômico e social de um país. “Conseguimos cumprir com nosso objetivo que era discutir o SUS num contexto a qual vivemos, a partir de uma perspectiva conjuntural e estruturante, além de reafirmar a saúde como base da seguridade social e direito humano essencial”, avaliou.

Crise Econômica – A abertura do encontro foi iniciada com a conferência Mundialização do capital, crise econômica e direitos sociais, ministrada pelo filósofo e teólogo francês, François Houtart, premiado pela UNESCO por seu ativismo em prol da tolerância e não violência. O filósofo demonstrou a insustentabilidade do modelo econômico vigente, que tem gerado crises de várias naturezas, como a alimentar, energética e climática; e ainda questionou suas bases de manutenção, marcadas cada vez mais pelo esgotamento das riquezas naturais, danos ecológicos e sociais, além da concentração antidemocrática dos poderes de decisão. “É uma crise que não é apenas conjuntural, mas uma crise mais profunda e fundamental: é uma crise da civilização”, afirmou.

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Por isso, segundo Houtart, não basta somente regular o capitalismo, senão buscar um novo paradigma de organização coletiva da comunidade humana no planeta, que leve em consideração uma visão mais holística da relação dos sujeitos com o meio ambiente.  “É necessário uma mudança de paradigma que permita uma simbiose entre os seres humanos e a natureza, acesso a todos os bens e serviços, participação de cada sujeito individual e coletivo nos processos organizativos sociais e políticos, e a possibilidade de expressões culturais e éticas próprias, para realizar o bem comum da humanidade”, defendeu.

O evento ainda contou com palestras e debates sobre crise e direitos sociais, a partir das experiências dos EUA e da Europa;  desenvolvimento, saúde e território; além de refletir sobre os avanços e desafios do binômio saúde/desenvolvimento, tendo em vista as desigualdades decorrentes da problemática da ocupação territorial dos países.

Apresentação de trabalhos científicos – O encontro recebeu mais de 100 inscrições entre trabalhos e posters que trataram de temas na área de Gestão em Saúde; Avaliação econômica em Saúde; Equidade e desigualdades em Saúde; Estado, mercado e regulação em Saúde; Financiamento e gasto em Saúde; e Aspectos gerais da Economia em Saúde.

dsc01322.jpgPara Rosa, esse quadro reflete que atualmente existe um maior adensamento de conhecimento e produção científica na área de Economia da Saúde. “É um avanço para nós que atuamos cotidianamente na economia da saúde, depois de tantos anos de trabalho. São estudos de qualidade que nos dão condições de refletir melhor sobre o desenvolvimento e fortalecimento do SUS”, avaliou. 

O evento ainda contou com minicursos ministrados pelo Departamento de Economia da Saúde e Investimentos/Secretaria Executiva/Ministério da Saúde (DESID/SE/MS) e pela Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa/Ministério da Saúde (SGEP/MS).