Se eu não posso brincar, não é a minha luta

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ruiharayama 03/12/2014

Todo mundo acha que quando entramos em alguma militância e na defesa de alguma causa devemos nos portar de forma sisuda, operando pela negativa: não está bom, não vai dar certo.

A militância na área da criança e do adolescente nos mostra como essa sisudez está errada. É na brincadeira que conseguimos experimentar novas formas de imaginar e pensar o mundo. Isso já foi dito aqui, em um post sobre o filme Tarja Branca: brincadeira é coisa séria.

Aliás, em um mundo onde até as brincadeiras tornam-se um espaço de luta e de reprodução das categorias naturalizadas e do status quo, como pensar em outros mundos e em outras brincadeiras.

Foi com essa dúvida e inquietação que o Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade propõe ocupar o espaço público para simplesmente dizer: a luta também é brincadeira, e vice-e-versa.

Se eu não posso brincar, não é a minha luta. Se eu não posso sorrir, não é a minha luta. Parafraseando a frase célebre de Emma Goldman "Se eu não posso dançar, não é a minha revolução" queremos ocupar os espaços públicos para questionar a divisão temporal que fazemos entre o tempo de lazer, de trabalho e de luta. Não somos integralmente seres políticos, culturais e desejantes? Tudo ao mesmo tempo?

Então, confirmado que o tempo é nublado, mas não chove, o Fórum e o coletivo de afetos que brincam e sonham um outro mundo convidam todos a ocupar a praia do Arpoador, nesse fim de tarde de Sábado, a partir das 16 horas, para estar e ser diferente no mundo.

Aqui no Rio de Janeiro, essa tem sido uma preocupação recorrente, e na semana passada o Ato Cultural "Saia de sua BOLHA e Vem pro mundo! Por uma sociedade não-robotizada!" também trouxe o mesmo questionamento. Uma marcha de robôs ocupou a Praça do Largo do Machado dizendo: "eu não tenho tempo para amar/ eu não tenho tempo para brincar/ eu não tenho tempo para você".