Ensaio pós-humano IV
Seguimos, nessa reflexão, da noção de redução do mercado de bens simbólicos ao valor monetário. Vamos pensar que o caos simbólico se organiza em uma órbita que hierarquiza e relativiza os valores dos demais signos.
Assim, arrisco uma hipótese: Esse grande atrator de sentido que é o capitalismo, opera como uma singularidade. Uma espécie de buraco negro que se alimenta de toda a matéria que o circunda e do qual, nem a luz escapa.
Ou seja, o elemento de compartilhamento dos signos exige um referencial. A falta de significado é a substância intrínseca por traz do valor moeda. O vazio de sentido é compartilhado em uma espécie de fração numérica. E esta fração de nada é o valor ao qual submetemos todos os demais valores. Tudo é dinheiro. Porque, precisamente, nada tem valor fora das medidas humanas e não há fundamento sólido e transcendente para as coleções incontáveis de valores humanos.
Nossos valores sofrem de um vício primordial: Diante do mundo imemorial eles são efêmeros e datados. Um afastamento da perspectiva, dissolve toda a impressão. A sociedade industrial é amplamente suplantada pela base orgânica da vida ao longo de seus milhares de anos. A vida orgânica é reduzida ao mínimo latente durante as cíclicas idades do gelo. Quanto mais refinamos nossa capacidade de observação da história da terra e do universo, mais percebemos a fragilidade de nossa existência como espécie.
No entanto, nosso imenso egocentrismo é tão grande quanto maior é nosso afastamento. Um ser humano típico, preso aos determinantes de seu espaço-tempo histórico, verá a si mesmo como o centro de sua aldeia. Será o personagem principal de uma epopeia provinciana. Um cientista, poeta ou chefe de Estado, verá o a si mesmo como o centro do universo galáctico e dirá que sua mente (que considerará a coisa mais complexa do cosmos) é o universo entendendo a si mesmo.
A mudança, dessa forma, nos precede e precederá e os fenômenos sociais e culturais humanos podem replicar inúmeras similaridades desconhecidas pelo universo afora. Nesse sentido, o pós-humano que discutimos ao longo destes quatro posts é também um extra-humano. Uma peculiaridade de fenômenos que nos ultrapassam e são comuns, numa perspectiva mais ampla. O exclusivismo humano é apenas uma forma de antropocentrismo arrogante que se deve ao encurtamento natural de nosso horizonte.
Nossas medidas imprecisas dão origens a valores que cambiamos como as roupas da moda. Eles retornam, impacientes, até que nossa capacidade de ver se esgote ou se amplie em novos modos de ser humano.
Por Dehonara deAlmeida Silveira
Refletir como o capitalismo influencia nossa subjetividade é super importante para rompermos com ele. Cada vez mais estamos dependentes das novas tecnologias, o importante é atualmente é ter as coisas, estamos perdendo a capacidade de ter uma visão coletiva,estamos cada vez mais individualista, e assim destruindo o planeta, se não mudarmos o jeito de agir nosso planeta poderá entrar em extinção