https://revistazum.com.br/colunistas/viagens-sem-volta/
A revista de fotografia ZUM acaba de publicar artigo sobre a descoberta de uma preciosa "cápsula do tempo". Jon Crispin fotografou mais de 400 malas, valises e baús de pessoas internadas no Willard Lunatic Asylum ( Asilo de Lunáticos de Willard – estado de Nova York ) entre 1910 e 1960.
A preciosidade do acervo resgatado é de ordem imaterial: Vida.
Vidas nuas, na acepção de Giorgio Agamben, esvaziadas de direitos e tornadas anônimas. O trabalho de Crispin resgata de forma intensamente poética essas vidas roubadas.
Curiosamente, ou não, mais da metade dos baús estava vazia.
veja a matéria completa em: https://revistazum.com.br/colunistas/viagens-sem-volta/
7 Comentários
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Por SILVANA RABELLO
Muito bom!!!
Imagens dizem muito….
Que alegria te ver por aqui, Silvana!
Por Raphael
Acredito que, assim como outras redes sociais um dia a RedeHumanizaSUS será nossa Cápsula do Tempo.
Quando a nossa vida findar, se não tiverem inventado outra coisa até lá…esses registros permanecerão e nossa história também será recontada por tudo que aqui publicamos.
Um dia a vida acaba e neste dia, viajaremos no infinito em plena liberdade
e assim "Todos nós estaremos DesinCAPSulados!"
Raphael
É uma linda idéia, Raphael!
Isso mesmo pois a vida digital será um grande repositório da experiência humana.
Quanto a "desenCAPSular-nos", prefiro fazê-lo viva mesmo!
Por deboraligieri
Iza querida.
São lindos os objetos encontrados (gostei especialmente daqueles da mala de Freda B., parece até que tem um isqueiro lá, mas não há cigarros)!
Li toda a reportagem no link de referência. Me chamou a atenção que o fotógrafo reputa incompleto seu trabalho por não conseguir reconstruir a história dos pacientes a partir dos objetos encontrados, mas acho que é possível fazer o caminho inverso, enxergar as pessoas pelo que não está em suas malas: fotos com pessoas queridas, músicas preferidas, romances, recordações de momentos importantes da vida. Não havia nas malas esses pertences, porque o sistema encaixotou todas as possibilidades que o devir reservava àquelas pessoas num asilo que não lhes pertencia. A vida de cada um estava justamente nos objetos que não estavam nas malas.
Essa semana, em função do lançamento da série "Os 12 macacos" no início do ano, revi o filme, e dessa vez reparei em algo que tinha passado ao largo quando assisti pela primeira vez: há dois momentos em que o filme critica a medicina psiquiátrica de maneira mais contundente (durante todo o filme a noção de normalidade é contestada, sendo sugerido que seria uma questão de ponto de referência) – quando o viajante do tempo retorna para o seu presente e relata que foi obrigado a tomar drogas (e os seus quase pares não entendem porque um tratamento bárbaro desses seria necessário) e quando a própria psiquiatra questiona quem deu a esses profissionais o poder de determinar o que seria normal ou patológico (lembrei que tenho que ler Canguilhem…).
Pensar nisso é importante para todos nós, não apenas para buscar forma mais dignas de tratamento das doenças psiquiátricas (que nunca são exclusivamente e apenas psiquiátricas), mas também para buscarmos formas de deixar existir a singularidade de cada um ainda que não caiba em nenhum conceito pré-concebido, ainda que essa singularidade nos mostre o que nos falta.
De certa forma, acho que nosso mundo atual é que está fechado e asilado numa ideia de sociedade capitalista que não admite a inclusão de outras ideias nessa grande mala que é o convívio em sociedade…mas aí vou começar a divagar!
Beijos, e obrigada pela oportunidade de reflexão,
Débora
Pensar é incluir todas as possibilidades, justamente se abrir para o fora.
Eu não vi "Os Doze Macacos" e o farei pela tua indicação e comentário. A psiquiatra se mostra surpresa com a imposição de um modo de tratar hoje, que é tido como a verdade no campo psiquiátrico.
Canguilhem é atualíssimo hoje.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
https://ulbra-to.br/encena/2013/08/18/Sobre-malas-e-manicomios-memorias-dos-esquecidos