REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE FAMILIARES SOBRE O ATENDIMENTO DAS EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

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SOARES, F. R. R. Representações sociais de familiares sobre o atendimento das emergências psiquiátricas. 2014. 127 fls. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Enfermagem) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, 2014.
Os movimentos reformistas no campo da saúde mental apontaram bandeiras de luta, entre as quais se destacam a priorização da produção de cuidado em saúde mental fora do ambiente manicomial, objetivando a redução dos leitos psiquiátricos, maior controle sobre a internação, coparticipação da família e o resgate da cidadania dos atores sociais envolvidos. Com a diminuição progressiva dos leitos manicomiais associada a uma série de problemas estruturais nos serviços de saúde, tem sido cada vez mais frequente a ocorrência de crises fora do ambiente hospitalar, dando à família importante papel terapêutico. Diante deste cenário, urge a necessidade de compreender a construção social do atendimento às emergências psiquiátricas, identificando os significados atribuídos pelos familiares aos aspectos constitutivos destas. O presente estudo busca responder à seguinte questão de pesquisa: quais as representações sociais de familiares sobre o atendimento das emergências psiquiátricas no município de Mossoró, Rio Grande do Norte? Objetiva-se analisar as representações sociais dos familiares acerca do atendimento das emergências psiquiátricas no município de Mossoró, Rio Grande do Norte. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem mista, utilizando-se de multimétodos: para coleta, a entrevista semiestruturada e a Técnica de Associação Livre de Palavras; para a análise dos dados utilizou-se a Análise temática de Bardin e suas etapas com o suporte informacional dos softwares ALCESTE (Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de Segments de Texte) e Iramuteq (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) e do suporte teórico das representações sociais. Os sujeitos participantes do estudo, em número de 72, foram selecionados a partir dos seguintes critérios: maiores de 18 anos com grau de parentesco com usuários que sofram de algum transtorno mental e comportamental e que já tenham presenciado alguma situação de crise, resgatado pelo SAMU ou outro meio e conduzido ao hospital psiquiátrico ou pronto-socorro geral. Resultados preliminares apontam: 1. Nota prévia do projeto de pesquisa com o objetivo divulgá-lo no meio científico e garantir a propriedade intelectual do trabalho 2. A análise contextual do atendimento às emergências no locus do estudo. A reflexão sobre o fenômeno denomina o atendimento às emergências psiquiátricas como contexto imediato; os aspectos técnicos e operacionais que influenciam no atendimento, como contexto específico/geral; e as políticas de saúde mental no Brasil são identificadas como metacontexto; 3. A revisão sistemática a partir de ensaios clínicos randomizados nas bases de dados PubMed, Cochrane, Lilacs, Scielo e SCIRUS, sendo utilizados os descritores: Restrição física, Serviços de emergência psiquiátrica, Restraint, Physical e Emergency Services, Psychiatric. Somente um trabalho atendeu aos critérios do protocolo de busca: um ensaio de curta duração que registra resultados limitados sobre a proporção de pessoas que estão em restrição e isolamento. Não apresenta resultados estatisticamente significativos em relação a indicações, contraindicações e riscos da utilização da restrição física; 4. As representações sociais do atendimento às emergências psiquiátricas. Os resultados do estudo apontam a presença de cinco categorias temáticas: 1. sentimento diante da crise/atendimento; 2. pensamento e perspectivas sobre a crise/atendimento; 3. centralidade do atendimento no tripé médico-medicação-internação; 4. o pensar/agir diante do uso da restrição física e força policial; 5. periodicidade das crises. O núcleo central da representação se encontra na primeira categoria, enquanto os elementos periféricos na terceira e quinta categorias. A zona de contraste na segunda e quarta categorias. A tristeza é o elemento de maior destaque da estrutura. As representações sociais sobre o atendimento às crises psiquiátricas se encontram em um momento de transição entre os modelos hegemônico e reformista, sendo os aspectos tradicionais ainda predominantes, mas já apresentando elementos periféricos e de contraste que apontam para uma possível mudança no campo representacional.
Palavras-Chave: Saúde Mental. Serviços de Emergência Psiquiátrica. Teoria das Representações Sociais. Enfermagem.