O corpo como fio condutor para ampliação clínica – renha crítica

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A partir da atividade proposta pelo professor Douglas Cazarotto, abordaremos esse tema que possui por objetivo ampliar a diretriz da clínica ampliada nos termos definidos pela Política Nacional de Humanização e, refere-se ao corpo como um operador da ampliação clínica. Para os autores, essa diretriz parece apresentar indicativos de necessidades de atualização e a partir de suas analises, apontam como crucial para o processo de ampliação da clínica o deslocamento de territórios existenciais por meio de encontros entre corpos que acontecem no terreno da clínica como campo de experimentação.

O texto relata que, usuários egressos de longos períodos de internação psiquiátrica costumam apresentar-se nos Caps cronificados, consequência do processo de adoecimento e, representa um grande desafio a intervenção nessa configuração corporal, bem como a permanência e adesão desses pacientes a esse tipo de cuidado. Segundo Foucault, o corpo é marcado e arruinado pela história, mas também é superfície de inscrição de acontecimentos.
Percorrendo as redes de saúde mental de Aracajú, os autores observaram que pacientes cronificados tendiam a ocupar espaços mortos no interior desses serviços, e com desejos de interferência nesse cenário, construiu-se um território de habitação coletiva dentro desse espaço sem vida.  No ano de 2007, acompanhou-se um Caps três onde foi pensado e apresentado alterações nas ofertas de cuidado, inserindo novos elementos nas oficinas já existentes, e foi proposta pelo projeto movimentos uma oficina modular de capoeira; com o decorrer da oficina, percebeu-se que os usuários presentes que não faziam fisicamente a acompanhavam com o olhar, e funcionou como agenciadora de encontros com corpos e entre corpos, de encontros com o outro dos corpos.
A oficina de capoeira pareceu constituir um território existencial coletivo, desfazendo a aparência de mortificação daquele espaço e dos corpos que ali faziam residência. Dessa forma, pode-se pensar Caps como territórios de ensino e de organização dos corpos, mas também como territórios onde pode aprender a desaprender, a desnaturalizar todo um longo histórico de aprendizagens sobre processos de cuidado.

Com base nos autores, a proposta de clinica a se seguir experimentando configura-se à medida que experimentamos formas potentes de fazer clínica justamente ali no encontro entre corpos e com o outro do corpo; mas conhecemos pouco sobre o corpo, e daí as práticas clinicas tenderem a serem tão apegadas ao verbo, a tomada da consciência de consciência, ao alcance de uma suposta identidade interiorizada. Segundo Deleuze, uma clínica das passagens aponta para a necessidade de experimentar uma escuta que busque pelo encontro e não pela palavra, menos ainda por uma palavra justa colocada aos grandes clichês da saúde mental. A aposta é em uma clínica artesanal e singular, pouco afeita a especialismos, prescrições e generalizações, uma clínica que passagem aos movimentos corporais.A pa

Bárbara Silva, Alan de Menezes Diesel, acadêmicos de psicologia 4° semestre FISMA