Remédio?!

Infelizmente é uma realidade muito cruel!

Tenho exemplos disto na minha própria família: parentes que vão ao serviço de saúde esperando o médico receitar uma medicação ou prescrever para tomar ali na hora; e quando não o fazem (porque foi constatado que não é preciso), reclamam…. Acho que a população tem se acostumado a buscar "tratamento" para o sintoma, e não para a causa…

Sorte para todos nós. 🙂

Olá Georgia

Entendo esta situação como o resultado de um processo social e historicamente construído. A coletividade (sociedade) entende as ações de saúde como medidas curativas imediatas.Isto pode ser constatado quando se interpela alguém do povo sobre o que é necessário para melhorar a saúde pública. Ouve-se respostas prontas e pouco refletidas do tipo: "tem que contratar mais médico" ou "é preciso construir mais hospitais". Esta compreensão do macro, que faz o imaginário coletivo pensar em saúde a partir do aparato estrutural-tecnológico, se reproduz no micro quando o indivíduo vê no profissional de saúde a solução imediata do seu problema quando lhe é dispensado algum medicamento. Quem não conhece o hábito de usuários que procuram determinado profissional, geralmente um médico, para "só trocar a receita" sem que se verifique a eficácia e resolutividade do medicamento que está sendo utilizado? Isto se evidencia pelo texto da Georgia onde o usuário entende que os tratamentos medicamentosos e curativos poderão evitar ou eliminar a dor e o sofrimento. Este entendimento é compreensível quando se está em situação de agonia dolorosa porém o que por vezes pode ocorrer é que o combate ao sintoma proporciona a sensação de alívio e conforto momentâneo não resultando, necessariamente, em uma solução do problema. 

É bom conciliar a prática cotidiana dos profissionais inseridos nos serviços com a teoria da academia.

Sua contribuição foi muito pertinente.  

Oi Georgia,

Realmente, muito pertinente a sua reflexão!

Há alguns anos atrás, conversava exatamente sobre este assunto com uma médica pediatra, quando ela queixou-se de alguns pais de clientes atendidos. Para alguns, o bom pediatra era aquele que usava antibióticos de última geração pra tratar, às vezes, uma doença simples. Ela chegou a expressar a frase: "Os preferidos são os que tratam uma formiga com dose pra elefante". Ou seja, se o médico prescrevia um medicamento comum, e ou com dosagem pequena, não era bem visto, perdia clientela. Como era, e ainda é uma profissional comprometida com a qualidade de vida do paciente, e não cedia à vontade de alguns pais, que pela ansiedade de ver o filho curado rapidamente, pediam a prescrição de medicamentos potentes, independente da necessidade e ou não, não tinha muitos clientes. Felizmente, no atual contexto, com a persistência do trabalho educativo/informativo sobre os riscos da medicalização desnecessária, a realidade já está mudando.

Valeu pelo post!

Abraços!

Emília