IMAGEM CORPORAL, METABOLISMOS E INCLUSÃO SOCIAL DA PESSOA COM PARAPLEGIA.

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O conceito de imagem corporal para pessoas com deficiência abrange a maneira como elas percebem o próprio corpo, levando em consideração suas potencialidades e partes constituintes, assim como os sentimentos e atitudes relacionadas a essas mesmas características. Pode ser subdividido em duas dimensões: a perceptiva, que se trata da ilustração do corpo construída na mente, e a atitudinal, que se refere aos sentimentos, pensamentos e ações em relação aos desafios a superar para se viver com dignidade.
As deficiências físicas congênita e/ou adquirida impõem às pessoas que as manifestam, a construção mental da própria imagem corporal a partir do conhecimento que se obtém com as gradativas descobertas do ponto de vista funcional/sensorial, além dos processos de interação com o ambiente e a sociedade. Conviver em ambientes inacessíveis e com pessoas (des) informadas acerca da complexidade que envolve o estar diferente dos demais, limitadas ao que se percebe dos aspectos externos de pessoas com deficiência, faz com que a dimensão atitudinal das últimas seja revestida de escudo, servindo de mecanismo de defesa de uma série de posturas equivocadas, preconceituosas, excludentes.
Frente a julgamentos equivocados em relação ao que se vê como objeto da imagem corporal do paraplégico incluído no sistema de ensino, trabalho, lazer, etc., as pessoas sem deficiência sequer imaginam o quanto lhes custa o estar preparado para os cenários e roteiros da vida cotidiana. Roteiros do cotidiano elaborados quase exclusivamente com base em características gerais, nos quais as pessoas com deficiência não encontram formas de ser acolhidas sem a violação dos seus direitos fundamentais.
Maioria vive longe da ideia de que nosso metabolismo tem ritmo e mecanismos diferentes. Nosso relógio biológico precisa de sintonia e precisão suíças, pois alterações no seu programado funcionamento pode comprometer nossa imagem corporal, causando-nos constrangimentos, expondo privacidades.
Quantas vezes as rotinas de serviço nos exigem hercúleos esforços para manter as aparências. Quando os ambientes são inacessíveis para uso de banheiros, por exemplo, o tempo previsto para atividades grupais neles realizadas deve ser programado tomando em conta que eventuais participantes paraplégicos também urinam, bebem água, entre outras coisas naturais.
Para viajar precisamos tomar algumas precauções de preparo do corpo e da mente, tanto no que se refere à ingestão e eliminação hídrica, quanto ao metabolismo digestivo e eliminações intestinais, cujas elaborações mentais precisam estar em harmonia. Pessoas com lesão medular, diferente daquelas com comprometimento das lesões cerebrais, perdem controle dos esfíncteres, razões de maiores preocupações e cuidados especiais.
Nossas diferenças precisam servir de parâmetro inclusivo, não somente consideradas objeto secundário, muitas vezes com conotação inferiorizada. A deficiência, analisada pela lógica da perspectiva social se mostra mais evidente quando os ambientes e contextos não se encontram preparados para receber e atender as necessidades de todos, inclusive, as pessoas com deficiência. Afinal, a inclusão não se constitui favor, benesse, mas, direito com garantias constitucionais.

Dr. acessibilidade_0.jpgWiliam Machado
Secretário Municipal do Idoso e da Pessoa com Deficiência de Três Rios/RJ
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