Poesia Geométrica – Millor Fernandes

12 votos

               Poesia Geométrica

 ( poesia matemática revisitada – 30 anos depois )

 

Pontudo poliedro

Ao entrar numa equação

Encontrou um rombóide exemplar

De ângulos sem par

E negra simetria linear.

"Eureka!", estremeceu,

"Arquimedes,

Não me enredes!’

"Newton, me ajuda de verdade

que perco a gravidade!"

Doido negreiro,

Roçou o seu cateto

Nas quinas do parceiro

E, ao se sentir enorme,

Disse baixinho, ao preto:

"Meu Deus, que cuneiforme!"

"Sou teu isógono",

Disse o Rombóide, laconico"

"Mas pode me chamar de risogônico".

E os dois se propuseram

E x MC2 – 3,1416(24) x 69 ou seja,

Um teorema disforme

Com carícias ardentes

"Um amor trapeziforme

bissectando linhas confluentes".

Neste instante, porém, surgiu o Heptaedro,

Que com olhar oblíquo,

Gargalhou a verdade pendular:

"Somos todos heterógonos =

Isto é um triângulo sexangular!"

E cheio de apetite

Propos uma unidade tripartite.

Mas a repressão é coisa séria:

Elementos cheios de hidrostática

Saltaram da quarta-matéria

E, com força Kinética,

Atacaram a proposta sexo-estética:

"Prendam esse trio amoral

Poligonal

Por movimentos secantes

revoltantes,

Gestos esféricos

Histéricos,

E atitudes cotangentes

Indecentes!

E não venham com lérias

Galileu já falava

da excrescência das matérias".

"Amado Poliedro", gemeu o Rombóide,

"Essas figuras obtusas

Vão nos meter na hipotenusa!"

"Comigo aqui",

Disse Poli

"Ninguém te fará mal, reto ou oblíquo!"

E, com socos ubíquos

Nos críticos

Golpes elípticos

em moelas

Pernadas paralelas

em deltóides

E pontapés ovóides

em umbigos,

Se pos a derrubar os inimigos.

 

E a força de tal paixão

Atraiu num instante

A patrulha angular policitante

Que transformou os atacantes numa nuvem etérea

Com alguns rojões de antimatéria.

 

E nossa história se encerra

Com a vitória do Amor-Verdade

Que não explode a populaçnao da Terra.