HAITI

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HAITI

Mal o homem branco descobriu
A Ilha de Quisqueya
Matou primeiro seu nome
Batizando-a de  Hispaniola
Em 10 anos
Mataram todos os índios
Que lá viviam ha 7000 anos

Por séculos foi lar de aventureiros
Piratas lá aportaram
No fim, milhões de mãos escravas
Ajudaram a adoçar o mundo
Com sangue, suor e lágrimas
Misturadas à cana de açúcar

Até que depois dos franceses
Fazerem sua revolução
Aqueles negros cansados
Acreditaram que poderiam
Levar a sério os lemas
Igualdade, liberdade e fraternidade

Expulsaram os franceses
E pelo atrevimento de serem
A primeira nação negra da América
Livre da escravidão
Foram isolados do mundo
Pelos escravistas americanos
Que defendiam a liberdade
De explorarem o corpo do negro
De o transformaram em pá e foice
De tê-lo como objeto de prazer e gozo
Tudo em nome de Deus!

Mas ao se tornarem livres
Quedaram escravos de seus libertadores
Novos reis e imperadores
De um mundo que chafurdava na miséria
A terça parte da Ilha de Hispaniola
Era o Haiti que agonizava…
E lutava todos os dias
Semeando seu sonho de liberdade

Hoje o terremoto político
Também é  geológico
O inferno da fome e da miséria
Transformou-se na morte de milhares
Na dor de milhões
Nas lágrimas dos órfãos de pai
De mãe, de casa, de comida!

Mãos negras que se tornaram brancas
Do pó dos escombros…
Rastejam  feridas
Não pedem muito…
Querem água!
Não exigem nada!
Clamam por comida!
Gritos lancinantes
Cortam Porto Príncipe
E Envergonham o mundo!
Cartazes ensangüentados
Perguntam pelo futuro
Nesse impossível presente!

O menino que sai da casa desmoronada
Feito um  Lázaro ressurreto
Diz agora  “quero viver”!
“Onde está minha escola”?
“Onde está minha praça”?
“Onde está minha bola”?
“Olha pra mim…eu tenho fome”!
“Eu tenho sede…”
“De pão, água…FUTURO!!!!!!”

Erasmo Ruiz