APOSTA NA TRANSVERSALIZAÇÃO DA PNH
Tenho refletido atentamente sobre os posts e debates apresentados nesta Rede sobre o futuro da PNH. As expressões de afetos, desafetos, descontentamento, problematizações e apostas…são demonstrações claras de que a PNH está tão VIVA e presente no MS, no SUS e na sua militância!
Como estou à frente da coordenação, posso afirmar que a minha vivência nos espaços coletivos de gestão do MS (colegiados do MS, da SAS, da coordenação da PNH, nas rodas de conversas e diversos encontros promovidos pela gestão e trabalhadores do MS) tem me oportunizado muitas “trocas de figurinhas” e reflexões na direção do fortalecimento da PNH. A aposta é no sentido de que a Política esteja afinada aos objetivos estratégicos da atual gestão do MS, sendo também responsável pela sua execução e articulação com as demais políticas do MS.
A ideia é potencializar a Política, com vistas à transversalizá-la às diversas políticas públicas nas regiões de saúde, território VIVO de construção de subjetividades, e sobretudo, do cuidado em saúde. Não consigo imaginar um território vivo sem a presença do debate acerca dos princípios, diretrizes e dispositivos da PNH. O que se pretende é a construção de um movimento regional que produza saúde articulado com a afirmação da vida, individual e coletiva. Isso, tenho certeza que os apoiadores da PNH, pelo acúmulo e o investimento do MS nestes 12 anos, sabem produzir muito bem!
A aposta nas regiões de saúde nos faz pensar em como podemos garantir atos cuidadores com foco na integralidade como um importante dispositivo para a abertura de muitos processos de mudança em toda rede de atenção à saúde. Penso que estes são desafios que nos provocam e nos apontam a necessidade de nos debruçarmos com vista a potencializar a Estratégia de Apoio do MS nas regiões de saúde e investir fortemente na produção de conhecimento e tecnologia que contribuam para melhoria da atenção e da gestão do SUS. Afinal o conhecimento não deve ser propriedade de ninguém por ser um patrimônio de todos e sempre resultado de fazeres coletivos. Para tanto, o nosso entendimento é que todos implicados no campo da saúde são igualmente sabidos e gestores, de si e das relações com os outros, dos encontros construídos como processos da produção do cuidado.
É nessa perspectiva que a gestão da SAS conclama os apoiadores da PNH para um encontro nacional de pactuação (dia 03/09) acerca do novo processo de trabalho que garantia a sustentabilidade das duas dimensões da Política: 1) O apoio aos estados e municípios nas regiões de saúde com forte capilarização da PNH; 2) arranjo de gestão compartilhada que garantia a continuidade do capital simbólico da PNH, com forte indução na produção de conhecimento e tecnologias na gestão do cuidado com foco nas regiões de saúde.
Vamos juntos continuar construindo a história da PNH com a do SUS!
Elizabete Vieira Matheus da Silva- coordenadora nacional da PNH
*Foto: NUCOM/SAS
Por miguel angelo maia
Enfim, a voz da Nova PNH!
Voz forte e potente que nos enche de alegria no território, porque é disto mesmo que se trata o nosso desejo, expresso em tantas " expressões de afetos, desafetos, descontentamento, problematizações e apostas".
Queremos conversar, participar, nos sentirmos ouvidos e ouvindo, numa troca em que nos façamos vivos, construindo ao vivo, com transparência e democracia, aquilo que vivemos e que vive para além de nós como pessoas: o SUS como política de todos nós: Estado, Governo e Sociedade.
Também "Não consigo imaginar um território vivo sem a presença do debate acerca dos princípios, diretrizes e dispositivos da PNH", porque nela, com ela, através dela, apostei e aposto todas as minhas fichas no SUS que tem que dar certo e tem que dar não como um dever, mas como um desejo intenso, da voz de um movimento que se fez, se faz e se fará em defesa da saúde pública e, como tal, perpetrada num plano de disputa de sentidos que, se pode nos fazer críticos e atentos, como vivos com capacidade de normatividade, gerando tensões no entendimento de como conduzir nossas práxis, nem por isto nos torna inimigos ou detratores aferrados a uma só ideia, o que faria do SUS um programa entre outros e não uma política da vida, implantada nas garras e mandíbulas daqueles que, muitas vezes mutilados em meio ao autoritarismo, souberam como força viva transformá-lo em lei, para glória e regozijo de um país que, apesar de todas as incompletudes e insuficiências, mantém vivo um dos melhores sistemas de saúde já arquitetados no mundo.
É em sua defesa, é em sua afirmação e na negação convicta de seu desmantelamento em prol de convicções espúrias e mal intencionadas que estamos aqui clamando e repetindo: Somos SUS e queremos SUS, pois, quem fala de dentro dele, no suor e na labuta constante, sabe que ele é muito mais do que se procura fazer crer e que seu menos não é simplesmente ineficiência e ineficácia, mas produto de disputas de sentidos que, infiltrando-se em sua efetividade, procura fazer dele muito menos do que o mais que sabemos que ele porta em seu movimento.
Como um ex-consultor da PNH, que por decisões pessoais resolveu não continuar como tal, por motivos que considero legítimos, quero aqui afirmar que não sou inimigo da PNH, que não sou inimigo de nenhum novo arranjo, que não sou saudosista, nostálgico e apegado a fantasmas.
Sou sim militante e, entendamos bem, militante sempre em pró do SUS, sempre amigo dos que o abraçam como amigo e o defendem, o que não quer dizer que levante a bandeira de um SUS de qualquer jeito e a qualquer custo.
Atento e crítico, sigo o SUS, sigo a PNH, sigo a política pública e aonde quer que estes temperos não sejam substituídos por outros, sigo compondo e, como tal, tentando aparar arestas, aplaudindo o que considero digno de aplausos, propondo mudanças aonde as veja necessárias, mas com a convicção inabalável de que não tenho a verdade, de que as minhas não são as únicas e melhores propostas possíveis, que os meus desafetos cabem única e exclusivamente ao meu protagonismo insuficientemente coletivo, como o de todos.
Sigo com a convicção absoluta de que nem sempre a maioria está certa, de que nem sempre a minoria está certa muito menos, mas que é preciso, como cidadão, efetivar uma res realmente pública, em que, certos ou errados, sigamos uma construção coletiva que não seja a de eleição por maioria, mas de construção comum na qual minoria e maiorias não se excluam como inimigas, mas construam juntas uma diretriz como um comum possível enquanto possível.
Bem vinda ao diálogo Coordenadora Nacional da PNH, bem vindos ao diálogo novos/velhos consultores da PNH, bem vindos ao diálogo todos aqueles que, republicanos, compreendem o valor de uma boa conversa e entendem o SUS como uma construção comum aberta a toda a sociedade.
Atento e na escuta, sigamos em frente construindo juntos!