Colegiado Gestor da quinta região no RN : construindo novos caminhos
Saímos de Natal nessa manhã rumo à sexta reunião do colegiado gestor da quinta região em Santa Cruz – RN.No percurso, reportei-me a abril de 2009, ocasião na qual estávamos dando "um passo à frente" no processo de regionalização. Sobre isso, para relembrar, aconselho revisitar o belo post de Sheylla: A construção dos colegiados de gestão regional da saúde do estado do Rio Grande do Norte: mais um passo à frente
Diante da janela do carro, observava a vegetação crescida que já invadia alguns trechos do asfalto, alguns juazeiros ao longe,arbustos, lajedos e outras pedras expostas ao sol e ao tempo tendo por companhia apenas uma ou outra casinha distante.
Observando alguns trechos da estrada, sempre me surpreendo com algo que não havia percebido nas viagens anteriores.Ocorreu-me, mais uma vez, que a paisagem nunca é a mesma. Modifica-se à luz, ao tempo, ao vento, à posição e distância do observador e aos olhares mutantes de quem a vê…
Difícil dizer, durante esse período, quantas vezes paramos para repensar junto ao Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva e à SESAP, o papel do apoiador institucional no processo de implantação do colegiado: o famoso "não lugar"; o "entre";os "interstícios". A cada ida e a cada volta, o inusitado. Novas descobertas, novos não lugares, novas paisagens, novos espaços e mais desafios.Sempre estamos diante do imprevisível.
Receosas acerca de possíveis desencontros e da falta de quórum numa data que antecede o carnaval (e em que muitos se encontram de férias),uma hora e vinte minutos depois, chegamos ao nosso destino. Muitos já nos aguardavam e trinta minutos após, já ultrapassávamos em muito o quórum exigido. Lá estavam representantes da SESAP-RN, dezesseis gestores dos diversos municípios da região e alguns estudantes da UFRN que compareceram para conhecer a experiência.
Vivenciar o colegiado gestor é entrar no desassossego dos "descaminhos"; experimentar o olhar construído junto, em conjunto, modificando os habituais caminhos e nossos olhares/fazeres cronificados.
Ouvir os depoimentos dos gestores e técnicos que ali estão é, sem dúvida, a um só tempo, perturbador e enriquecedor.No colegiado, o enriquecimento vem da acolhida das perturbações e dos espaços abertos para o fluir dos conflitos.
Em meio às inúmeras interrogações acerca de pautas, dos papéis de cada um e das especificidades de cada município, vamos avançando no fazer coletivo. Ao olharmos para trás, percebemos o quanto avançamos: vemos as participações cada vez mais intensas, os espaços afetivos sendo consolidados, a câmara técnica se reunindo e interferindo.
A cada reunião, o coletivo é potencializado.É certo que algumas vezes saimos com a sensação de que retroagimos ou de que estagnamos, mas logo avaliamos que os recuos são parte desse processo novo e desafiador.
Retornamos animadas para Natal apesar do avançar da hora.O colegiado deliberou que a reunião acontecerá a cada mês em um município diferente para que possamos conhecer toda a região de perto; discutimos sobre a realização de oficinas e outros processos de formação envolvendo outras experiências.
Retornamos com olhares diferentes sobre as paisagens…
Parabenizamos, enfim, todos os envolvidos nesse movimento do colegiado gestor na quinta região e no Estado: a SESAP-RN incluindo, claro, o núcleo articulador de humanização, o COSEMS e o NESC.
Jacqueline, Geni e Sidneide
"Nos espaços concretos, no vivido, no circunstancial, no local, logo ali onde a vida passa, onde a vida pulsa, à revelia de tentativas de aprisionamentos, homogeneizações, por entre engessamentos e burocratizações é que se dá a invenção, é que se dá a possibilidade dos deslocamentos. É justamente logo ali que se situa, à espreita, a potência do apoio institucional." ( Michele Vasconcelos, Aline Morschel)
continuamos a viajar com vcs por esse RGN!!!!!!!!
Por Luciane Régio
De inquietações (haverá quórum?) e interiorização (de si em percepções e em outros territórios). As possibilidades de mudanças se agenciam nesses ultrapassamentos, construindo caminhos em conversas, diálogos que se produzem nos encontros. A sensação de não avançar, ou de estagnar são impressões… a viagem é sempre outra não só na paisagem que muda. Habitar esse "não lugar" inclui a capacidade de produzir movimentos, mesmo que não se reconheça o processo, ele estará em corpo-coletivo resignificado de tempos em tempos.
Belos movimentos desse colegiado…
Bjs, Luciane