O ímpeto da violência e as sombras da alma.

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"Eles" creem que o Deus todo poderoso criou o universo, a vida e eles mesmos. Sua fé lhes garante que todos os outros deuses são falsos e que os demais credos são erros.

"Eles" têm certeza que, de tudo o que seu deus criou, apenas eles, os fiéis, terão a vida eterna e o paraíso. O resto, todos os outros, nós, iremos para o inferno sofrer suplícios terríveis por infinitos instantes de dor e agonia.

Seu Deus verdadeiro é onisciente, onipotente e eterno. Ele pode tudo em sua infinita grandeza. Mas não se contenta com pouco. Não lhe basta que suas defeituosas criaturas sejam destruídas no inferno.

Ele também pede que seus justos, apressem sua vingança. Quer que eles sujem suas mãos com o sangue dos infiéis: Aqueles, que por defeito de fabricação, não tem o discernimento dos fiéis, acreditam em outros deuses, ou em nenhum.

Bem, Deus é amor. Por isso, dessa vez não teve estômago para mandar um terremoto ou asteroide sobre Paris. Delegou sua vingança para intrépidos, abnegados e leais crentes.

Ora, é óbvio que esses conflitos tem pouco a ver com o conteúdo das crenças de diferentes povos, culturas e etnias. Essa face visível e tão noticiada das guerras do terror no pós 11 de Setembro de 2001 constituem a ponta do iceberg dos ódios ressurgentes nesse início de século

Todas as crenças, mitos, opiniões e racionalizações sobre o significado da existência estão certos. Apenas com a ressalva de que nenhum deles está errado. Pelo menos, até o limite onde não se comece a promover a conversão pela violência e a imposição ilegítima de visões de mundo.

Todas as filosofias, desde que não sejam usadas para aviltar, submeter e colonizar o outro, têm valor relativo. Pela simples razão de que não podemos refutar ou provar a verdade de qualquer uma delas. Em resumo, todas são evidências de nossa fundamental ignorância.

O fato reiterado historicamente é que a violência e a ruína fascinam os seres humanos. Seguimos nossa surda, cega e abissal busca de sentido e justificativa para a existência. A iniquidade da violência é torpe. Isso vale para os bombardeios no oriente médio, para os assassinatos de jovens negros, mulheres e homossexuais no Brasil; é válido para os terroristas urbanos na Europa e para o drama dos refugiados das guerras civis. Assim como para a indiferença e naturalidade com que compartilhamos vídeos de tortura e assassinato em nossos grupos do WhatsApp.

A fé, o controle das reservas de petróleo e gás natural ou a suposta criminalidade infanto-juvenil são justificativas hipócritas para dar vazão ao surto de violência que encontra sinergia nas sombras da nossa alma…