O que não é natural?
Uma postagem do Pablo Dias Fortes e sua imagem me servem aqui de carne para o pensamento.
Lembrei-me de que criminosos fazem redes potentes e articuladas sem nenhum recurso teórico, além do daqueles que a contingência impõe.
Exatamente como as aranhas tecem ou como as redes de cães selvagens que se espalham em torno dos impalas no jogo fatal da caça.
Nada de burocracia ministerial ou acadêmica. Tudo de complexidade e delicadesa que como a imagem acima dos deixam instigados, Pablo, e perplexos.
Há um certo grau de arrogância em nossas definições de natural e artificial.
Evidentemente que nos colocamos, inocentemente, no centro do universo ao designarmos as "coisas" que fazemos e as que encontramos prontas como artificiais e naturais.
Me parece que na natureza, ou no universo, estamos incluídos ao lado das bactérias e do radinho de pilha. Para esta imensidão que habitamos não sei se há algo que seja novo apenas por ter brotado de nossas mãos.
Poemas de Pessoa e romances de Machado de Assis são tão naturais quanto o canto dos pássaros. Assim, flores e mãos mecânicas são entidades deste mundo, ambas tão naturais quanto a chuva e o vento…