VER-SUS IMPERATRIZ MARANHÃO 2016.1
VIVENTE: MARCOS MOREIRA LIRA
RELATÓRIO DE VIVÊNCIA. IMPERATRIZA-MA JANEIRO/2016
O seguinte relatório apresentara em contexto resumido, dez dias de vivência patrocinados pelos Ver-SUS, vivenciado por Marcos Moreira Lira, graduando de Ciências Humanas e militante pelo coletivo UJC (União Juventude Comunista), uma vivência realizada do dia seis de janeiro a dezessete de janeiro de 2016, iniciando-se oito horas da manhã do dia seis e encerrando onze horas do dia dezessete.
A seguinte vivência foi realizada na cidade de Imperatriz do Estado do Maranhão, onde 40 viventes e 8 facilitadores estavam alojados no campus universitário Bom Jesus, um campo desconectado da cidade com distância de 9,6 km do centro da cidade. O Relatório está classificado em dez partes correspondente estas a cada dia da vivência, para manter uma melhor organização e interpretação.
As visitas aos locais de vivências, exatamente os locais da área da saúde, foram dividas para que cada GVs (Grupos de Vivencias), que se somava quatro, estivessem distribuídos entre si, para cada um no mesmo horário visita-se um respectivo local, e logo mais tarde entrassem em diálogo com seus respectivos NBs (Núcleos de Bases), Acerca de sua vivência e experiências aderidas dela.
06/01/2016
Dia 6 de janeiro 8 horas cheguei no seguinte local informado pela comissão organizadora a Secretária Regional de Saúde de Imperatriz, onde todos viventes a partir de lá seriam levados para a nossa primeira vivência, chegando lá havia algumas pessoas, todos juntamente comigo, estávamos com nossa bagagem, me encontrei ansioso pois a partir desse local não saberia quais rumos íamos tomar (os viventes).
Logo mais chegou-se as pessoas envolvidas na Comissão Organizadora, mandaram estes que levássemos nossas bagagens e coloca-se em um a sala da Universidade Federal do Maranhão, no campus centro, nos deslocamos ao respectivo local que era ao lado da Secretária e voltamos, logo se iniciou-se a primeira dinâmica, com intuito de socializar viventes, facilitadores e coordenação, uma dinâmica envolvendo dança e gestos.
Após essa forma socializadora, levaram nos, ao auditório da Secretária, tivemos que nos apresentar, da seguinte forma, nome, idade, cidade, curso/ocupação, e o que esperávamos olhando-se para a bandeira do Ver-SUS, da edição 2015.2. Logo ao nos apresentarmos, colocaram vendas em nossos olhos, após todos serem enfaixados seus olhos (viventes), facilitadores começaram a recitar poesias e músicas, com temáticas relacionadas a preconceitos, opressões e militância.
Uma apresentação que em minha individualidade contribui bastante na minha formação crítica, por seguinte colocaram todos viventes em fileiras, guiando-os devido estarem com vendas nos olhos, foram levados ao ônibus, enquanto estávamos sendo levado para nossa primeira vivência, onde não fomos informados o local, facilitadores fizeram perguntas próximos aos nossos ouvidos, perguntas relativas a tema de fome, miséria, pobreza, é lixo.
Algo que mexeu bastante comigo, e com outros viventes que conversei depois com eles acerca disso. Com quase uma hora de viagem, chegamos ao local, ajudaram a nos descer, e logo era perceptível um cheiro desagradável, com uns minutos ainda com vendas, mandaram que tirássemos a venda todos juntos, quando tiramos percebemos que estávamos em um lixão próximo a cidade, um local bastante extenso em questão de área, e bastante desorganizado, para muitos foi um choque de realidade, assim como para comigo.
Duas catadoras já estavam a nossa espera para nós recepcionar, nos receberam simpaticamente, e disseram que estavam dispostas a responder algumas dúvidas que tivéssemos acerca do local que estávamos inseridos, tivemos discussões acerca de relações a saúde, sobrevivência, economia, comerciais e etc. A ilustração seguinte tem-se uma noção de como é o lixão e de nosso contato com a informante.
ILUSTRAÇÃO 1
Fonte: (Ver-SUS, 2016)
Mais tarde nos levou a sua residência, localizada em meio ao lixão, e disse que se sente grata por haver universitários e outras pessoas que não são de seu meio, irem vivenciar o que eles vivem, por devido se sentirem excluídos da cidade em si, por suas práticas e formas de subsistência.
Em observação rápida observei que havia muitos catadores, e estes não usam proteção para catar os respectivos lixos, muitos dos homens usavam apenas shorts, e estavam expostos ao sol, que geralmente mede uma temperatura de 38º na cidade, segundo as duas informantes que nos recepcionaram não há uma certa harmonia entre os catadores em questão de objetivos comuns, muitos são individualistas e desconfiados uns com os outros.
Ambas reclamam não receber um apoio do sindicato, que são seus “representantes”, estes quase não andam no local, estão mais centralizados a cidade, não há uma comunicação, e nem retorno de seus representantes, a forma como são produzidos seus alimentos é precária, por falta de condições e estruturas que atendem as necessidades básicas, e o local onde coletam sua agua é um local extremamente poluído.
A visita durou em torno de uma hora, logo entramos novamente no ônibus, destinando-se ao alojamento, chegando-se lá fomos dispersos e distribuídos em quatro quartos, estes eram salas da universidade que foram adaptados a serem locais para dormi, cada quarto estava alojado pelo menos dois facilitadores, por questões de manter a ordem e ajudar viventes a se socializarem.
Quando todos já estavam situados, mais tarde iniciou-se a primeira plenária da vivência, com a seguinte Temática, Organização do SUS, classificadas em municipal e estadual, tratou-se também um pouco do processo de formação, contexto histórico e formação teórica.
Foi feita uma discussão sobre nossa ida ao lixão, abrangendo questões de que perspectivas tínhamos antes e agora depois da visita, focamos na questão da saúde no lixão, e logo mais foram perguntando quais são nossas visões em relação ao SUS. Após esses aparatos teve um intervalo. E voltamos novamente a plenária para apresentarmos o nome de nosso Núcleo de base que se chamava HumanizaSUS nome este escolhido de forma democrática partindo-se de conceitos interdisciplinares, realizando-se uma mística para explicar o uso do termo para o núcleo. Logo mais teve mais umas dinâmicas e para encerrar o dia foi nos mostrado um filme. Sobre a organização e história política para o surgimento do Sistema Básico de Saúde.
07/01/2016
Logo pela manhã inicia-se nossa primeira roda de debate, em relação a um documentário e um filme reflexivo, envolvendo a metáfora se os tubarões fossem homens?!, a discussão nos levou a vários temas tanto humanitários, políticos, moralidade, ética, capitalismo, relações afins. Nessa roda era perpassado um texto com o mesmo contexto do filme, onde alguns participantes leram um trecho desse texto metafórico comparativo, e logo explanava sua percepção aplicando-se ao dia a dia, ou sua realidade, gerou-se temas interdisciplinares e uma discussão não tão objetiva, mais foi uma experiência interessante, por que devido não ser tão objetiva, fez que com não limitasse nossas formas de pensar e expressar, contribuindo para nossa formação cognitiva em relação a discussão de variados temas.
A tarde tivemos uma plenária com a Professora do curso de enfermagem da UFMA, A Jacinta, esta veio explicar questões do acerca do filme relacionadas com o SUS, um diálogo bastante interativo, temas chaves como, Getúlio e sua contribuição para a formação dos CAPs, a construção e alguns fins, de IAPS, CESP, IBS, PSF e etc. Envolvendo conjunturas antigas e atuais políticas e econômicas.
Ao terminar essa discussão foi nos deparado mais um vídeo para refletirmos particularmente, ao meu entender e análise crítica, o filme envolvia abordagens em relação ao machismo iminente na sociedade, por demonstrar que o lugar da mulher é ser dono de casa, fazer afazeres domésticos e ser apenas uma objeto para suprir necessidades efêmeras do seu marido, trabalha a questão da exploração infantil, o capitalismo, o proletariado e a divisão de classes, divisão desigualaria, em relação a demonstração no filme. O filme não continha falas, apenas ações de desenhos animados.
Logo a noite fomos fazer uma visita ao Centro Espirita José
Grosso, localizado no bairro Bacuri em imperatriz, um lugar grande, com casas dentro, salas, copa, lanchonetes, praça de lazer com área aberta, alojamentos, e um local que achei interessante foi uma livraria que envolvia apenas livros acerca do espiritismo. Segundo informações de segundos e da Coordenadora o centro está passando por reformas estruturais físicas.
Logo as dezenove horas inicia-se a abertura da cerimônia realizada pelos seguidores do espiritismo, falam da fundação do local, que este foi fundado por Maria Elena que a 35 anos fundou a casa espirita (local onde estávamos). Iniciou-se a cerimonia com uma música, logo ela apresentou as pessoas e seus respectivos cargos no centro espírita e nas cerimonias, começou falando do surgimento e como é o contexto do espiritismo o que ele remete, e seus interesses, falou de um grande percutor Allan Kardec, Fortier. Toda a apresentação do espiritismo abrangeu as palavras chaves Fantasmas, Fenômenos Naturais e Sobrenaturais, Médium e suas relações mundo material e natural, Galileu Galilei e o mundo transcendental, também explanou sobre o movimento espirita, e o surgimento do espiritismo no dia 18/04/1957.
Em suas recomendações, disse que se pudéssemos ou sentir-se a curiosidade lêssemos o livro dos médios, dos espíritos, e assistisse o filme “Ghost o outro lado da vida”, encerrou suas explicações falando sobre reencarnação e suas comunidades terapêuticas.
Dez horas da noite encerramos nossa vivência no centro espírita e nos deslocamos para o alojamento, no mesmo tivemos algumas dinâmicas. E o NB1(Meu núcleo de Base), fomos nos reunir para organizar nossa primeira alvorada, atividade destinada a acordar todos envolvidos no projeto pelas seis horas da manhã, atividade tinha que conter algo musical ou poético ou grito de guerra para que todos despertam-se para as atividades do dia.
08/01/2016
Seis horas da manhã o NB1 acorda para realizar a alvorada, nossa forma escolhida de acordar foi por via da música. Logo nove horas se inicia nossa plenária com uma mística criada por outro NB, em tal mística envolvia pedras dispersas pela sala, que depois cada um pegasse uma pedra e fala-se o que essa pedra significa em nossos caminhos, levando-se em conta que a pedra é só um objeto que representa algo simbólico, e pensa-se nela como um fator de nossa vida. Algo mais envolvido em torno de reflexões e enfrentamento de desafios físicos, psicológicos, e não objetivos.
O seguinte Tema abordado por Tainã, era sobre Estado, abordado em questões de meios de produção, instrumentos de trabalho, matéria prima, força de trabalho e seus meios de produção mais seus produtos, sistemas de produção e seus variados aspectos, o comunismo primitivo, a divisão de diferentes classes, feudalismo, socialismo enquanto desenvolvimento tecnológico e cientifico, determinismo e seus erros, mais em breve as mudanças ocorridas no sistema de formação das classes antagônicas.
Encerrando-se o debate sobre Estado, foram explanadas suas formas de trabalho e organização nacional e estadual no Brasil, de forma bem resumida. Logo iniciou-se um tema polêmico, acerca do feminismo infelizmente devido ao tempo o assunto foi bastante delimitado, foi apresentado primeiramente dois filmes, que falava do feminismo, divisão capitalista, a questão mulher ser da área doméstica e o homem o assalariado, tratou temas contemporâneos como a violência feminina, e investimentos em segurança destas. O debate encerrou-se em duas questões o que é feminismo? Se você acredita que o feminismo é necessário? Perguntas estas defrontadas a todos presentes na plenária.
Pelo fim da tarde encerra-se a plenária com o tema sobre opressão as pessoas negras, foi um tema pouco comentado em questão do outro tema antes deste ter estipulado o horário, contundo foi um diálogo calmo, discutindo-se questões sobre raças, cotas em universidades, quilombos, índios e manifestações culturais aderidas por afro americanos.
A noite deixaram outro tema polêmico LGBTs, foi explicado a distinção, definição e características de gênero, logo mais se adentraram nas questões de opressão, e antes de ser realizado a roda de debate realizaram uma mística e uma bela ornamentação do local, todo o debate foi iluminado por velas e continha uma respectiva bandeira do movimento LGBT no chão. Foi uma discussão calma, possibilitou que se desmitificasse e suprido algumas dúvidas em relação a gênero, possibilitando a desconstrução e construção de algumas formas de pensar.
Quase já de madrugada teve um cultural meio que uma festinha, para entretenimento dos viventes, com a seguinte temática, que todos meninos vestissem roupas de meninas e, e as meninas vestissem as deles, como não era algo obrigatório, poucos se propuseram ao desafio, o intuito e desmitificar esse padrão imposto pela sociedade, de como devemos nos vestir, e se comporta, não havendo essa distinção exacerbada de gênero.
09/01/2016
Nossas atividades iniciaram-se as quatorze horas, onde o objetivo era fazer uma avaliação do Ver-SUS, juntamente com meu NB, logo nos destinamos a um local reservado, e o HumanizaSUS, fez uma avalição em forma de reunião, onde havia uma pessoa escrevendo todas as avaliações, avaliamos o Ver-sus enquanto estrutura, facilitadores, organização, e que proposta deveríamos recomendar.
Logo mais tarde, todos se deslocaram a uma sala que era nosso respectivo “quarto”, para assistir um filme, o contexto do filme é o Neoliberalismo, nunca tinha ouvido falar de tal filme, um filme que envolvia algumas pessoas falando latim, ao observar o filme este queria demonstrar como ocorreu um processo de colonização por Espanhóis, tratava questões como o genocídio de índios, algo que ocorreu bastante nesses processos de colonização, analisando-se o filme era mais um documentário de como era organizado e produzido um filme sobre colonização, maioria das pessoas envolvidas eram índios/nativos contemporâneos, trata da questão do tráfico negreiro, de africanos que foram trazidos para a américa.
Identifico que tentava repassar um processo de colonização, observei que havia padres tentando converter nativos a suas religiões, havia um certo autoritarismo por parte dos colonizadores, o filme fazia uma temporalidade entre o passado e o presente, havia ouro envolvido nas relações nativo-colonizador, mostrava que índias preferiam matar seus bebes afogados para não serem comidos por cachorros em suas fugas.
Como um filme fala de uma produção de um filme sobre a história de nativos no tempo da colonização, os atores envolvidos são descendentes de índios ou negros do tempo da colonização, atores esses que não demonstram ter tanta noção histórica e política de sua realidade, estão vendendo sua história e legado para um capitalismo contemporâneo que só os veem como produtores de capital.
Índios, nativos e descendentes foram escravizados no passado e são atualmente de forma indireta em realização de filmes. Percebe-se que no local onde foi realizado o documentário acerca do filme, a um totalitarismo por parte dos policias e segurança em um todo, meio que um regime de ditadura, nazismo e fascismo.
Quando se terminou o filme que tinha uma duração de duas horas e alguns minutos a mais. Fomos a noite visitar o terreiro de Umbanda em Senador La Roque, durou-se mais de uma hora de viagem do alojamento até o terreiro, chegando-se estavam todos a nossa espera, senhoras e senhores vestidos de vermelho faziam um corredor para nos recepcionar, logo levaram-nos a um salão onde e realizado seus eventos, a dona do local a mãe do terreiro apresentou o local, depois iniciou-se sua cerimônia que seria uma roda de dança, muitos dos viventes participaram dessa roda, alguns se absterão e ficaram só observando e admirando uma religião que por muitos era desconhecida.
Após o termino da roda de dança, a senhora dona do terreiro nos explicou como se dá e é realizado as práticas de cura na umbanda, falou dos deuses e santos que estes reveneravam e respectivos terreiros próximos ao dela, e estava lá disposta a responder duvidas de todos, disse que ao ser informada de nossa visita, estava lá com um jantar pronto para nós todos, todas as pessoas nos receberam muito bem, convidaram para que os visitamos mais vezes e dizem que sentem uma alegria quando a universidade da espaço pra que estes a visitam, e que está venha os visitar. São pessoas de maioria carentes, contundo um coração enorme e bondoso.
10/01/2016
Oito e meia da manhã, começou nossa plenária diária, com uma discussão/avaliação da visita ao terreiro de umbanda. Foi colocado questões de como víamos a religião umbandista antes da visita e como ficou nossa percepção após a visita, fazendo meio que algo anacrônico, avaliamos a recepção por estes em relação a nossa visita do dia anterior ao seu local. Discutindo-se também a atuação do profissional ao atender tais pessoas, sabendo respeitar suas ideologias e se adaptar no atendimento a estas. Logo mais inicia-se um debate sobre a saúde em diferentes religiões e como deve ser sua atuação.
Encerrando-se a plenária antes do meio dia, teve a construção das camisas de nossos respectivos NBs, a camisa tinha que conter algo relacionado com o tema de nosso núcleo de base chamado HumanizaSUS, na ilustração 2 mostra como ficou a nossa camisa, uma camisa que abordava temas como, distinção de raça e gênero representado pelas cores, forma física relacionados a alguns desenhos serem maiores do que outros, contundo todos estavam de mão dadas representando a união, e quando a união a igualdade, ou seja quando trabalhamos de forma coletiva tudo se iguala, não havendo distinção de cor, raça, físico e gênero.
ILUSTRAÇÃO 2