RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

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RMP

A relação médico-paciente (RMP) é um processo especial de interação humana, que é a base da prática clínica em suas dimensões técnica, humanística, ética e estética. Como qualquer processo de interação interpessoal, essa relação é mediada pela comunicação.

Entre seus benefícios estão: maior precisão na identificação dos problemas do paciente, promoção do raciocínio clínico, maior adesão ao tratamento, melhor entendimento pelos pacientes de seus problemas, investigações conduzidas, opções de tratamento, menor incidência de queixas de erro médico e maior satisfação para ambos os lados. (GROSSEMAN, STOLL, 2008, 302)

Para a maioria dos clínicos, a questão da relação com seus clientes remete basicamente a algumas aulas da graduação, ou aparece na forma de um discurso mais ou menos lírico, utilizado em conversas entre colegas, freqüentemente sem maiores correlações com a realidade vivida nos consultórios e enfermarias. (FERNANDES, 1993, 21)

Tendo isso em vista, faz-se importante que as escolas médicas proporcionem não somente a oportunidade, mas a responsabilidade de ensinar e avaliar as habilidades de comunicação, fornecer subsídios para aprimorar o ensino-aprendizagem da RMP durante o curso. Criar espaços para reflexão, mediados por professores ou médicos preparados, em que estudantes possam discutir seu aprendizado, seus relacionamentos e suas angústias; ter um maior preparo dos professores, que são indispensáveis no ensino das habilidades de comunicação, no feedback fornecido aos estudantes e na demonstração do ideal a seguir; desenvolver mais pesquisas para aprofundar os conhecimentos sobre o tema; estimular o desenvolvimento de pesquisas com abordagem qualitativa ao longo do curso para aprimorar as habilidades de comunicação, em especial a capacidade de ouvir, importante em qualquer relacionamento, inclusive na RMP, são alguns exemplos de medidas educacionais que podem ser tomadas para a melhoria dos profissionais da saúde. (GROSSEMAN, STOLL, 2008, 307)

Lembro-me brevemente de uma história relatada por uma professora em que tenho algumas aulas, que trata claramente de como a RMP é importante no atendimento. Essa professora trabalhava como médica na época e em dia comum de trabalho, uma paciente entrou no consultório se queixando de dor nas costas. Óbvio que assim como qualquer profissional ela poderia indicar um remédio para dor, mas ao invés disso, minha professora perguntou sobre a rotina da paciente e assim pode descobrir que tal paciente trabalhava em uma fábrica onde tinha que abaixar diversas vezes para poder enxergar o número dos produtos passados e colocar o código no computador.  Depois desse relato, a paciente foi encaminhada para um oftalmologista, pois como médica, minha professora pode perceber através da conversa obtida que a paciente tinha problemas visuais e caso fossem tratados devidamente ela não precisaria mais realizar os movimentos repetitivos e claro, não teria mais dor nas costas.

 

Fontes:

GROSSEMAN, S.; STOLL, C. O Ensino-aprendizagem da Relação Médico-paciente: Estudo de Caso com Estudantes do Último Semestre do Curso de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, 32 (3) : 301–308; 2008.

FERNANDES, João Cláudio Lara. A Quem Interessa a Relação Médico Paciente?. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 9 (1): 21-27, jan/mar, 1993.