Ordem: Ruptura e Construção Solidária.

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Quando a economia crescia, os setores mais bem remunerados do Estado buscaram avidamente aumentar seus salários e investimentos, caso típico do Judiciário e Ministério Público. Em 2014 já sabiam que a crise econômica viria.

 

Agora em plena crise, fustigam trabalhadores da saúde e educação, exigindo que cumpram suas funções legais do alto de seus suntuosos palácios.

 

Ora, se não existem recursos suficientes, ao menos a distribuição da renda poderia ser menos desigual. Assim todos poderiam fazer sacrifícios pessoais em nome do bem comum. O que, de fato, não seria um sacrifício. Mas sim, a construção e não a erosão dos laços de coesão social.

 

Mas o exemplo dos mais bem apanhados entre nós não é o da solidariedade. É, muito mais, um exemplo mesquinho como a busca do auxílio-moradia para aqueles que costumeiramente já extrapolam o teto salarial da presidência da república.

 

Não há maioria parlamentar para votar a reforma tributária e a reforma política, mas em um mês de governo interino já se ensaia uma Emenda Constitucional que congela os gastos públicos. Ou seja, após a aumento da desigualdade nos anos de bonança, agora ela é congelada em níveis máximos impedindo investimentos públicos na redução da desigualdade e da vulnerabilidade social.

 

Um evidente acordo espúrio, tramado por trás da espetaculização midiática da crise, para garantir, primeiro, os interesses financeiros no pagamento dos juros da dívida pública e, em seguida, os privilégios da elite do serviço público.

 

Estamos indo no caminho da sublevação, desobediência civil e convulsão social. E não digam depois que o sintoma, o extremismo político, seja a causa. O cinismo e a avidez com que nossas elites estatais, políticas e financeiras se colocaram a pilhar os recursos do bem comum são a causa do caos.

 

Um cenário em que a escolha delinia o horizonte das probabilidades:

 

Suspensão da crença aliada a uma adesão sem fé é chave em processos de cuidado em saúde. Dado que seja possível suportar a condição de incerteza e indeterminação no curso que as existências podem tomar, nos libertamos das grades dos rótulos.

 

Assumindo esse pressuposto, a escolha e a criação se tornam possíveis. Em lugar de conhecer a si mesmo, a escolha permite nos tornarmos quem somos.

 

Partindo da realidade que nos envolve, dos determinantes que condicionam e limitam nossa liberdade, passamos ao campo da pura criação de si mesmo que é, em outro termos, a realização plena de nossas potencialidades.

 

Ainda que tomados na trágica condição não-escolhida da existência, podemos suspender o blefe das certezas e do merecimento em nome da composição entre realidade e potência. Somente assim a afirmação da vida pode ser a base para a realização de encontros felizes.

 

Para isto bastaría acordarmos do sonho dogmático que é implícito a noção de meritocracia. O mérito individual é uma ficção que lastreia a produção de cada vez mais desigualdades sociais.