ESF Geraldo Schimidt Sobrinho em Blumenau e a Humanização no SUS

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A cada nova roda de conversa, parece que os desafios vão se ampliando: como falar de humanização quando não se conhece o contexto de trabalho da equipe?

Chegar com conceitos prontos, falas engessadas, um conhecimento a ser aplicado, faz cada vez menos sentido no dia a dia da saúde.

Então, sempre opto em chegar com os causos , com as experiências relatadas de modo poético pela nossa Jacque e me aproximar cada vez mais destes trabalhadores, seus desafios e suas alegrias no dia a dia do cuidado em saúde.

Já estavam aguardando minha chegada, em roda, o que já me causou uma boa visão de coletivo. Um coletivo que está pronto para a conversa.

Em seguida da fala do enfermeiro Fabian, me apresentei como alguém que vai conversar sobre humanização, uma política pública que busca fortalecer os principios do SUS no dia dia de prática em saúde  e uma pessoa que gosta de ouvir música.

Propus então que todos se apresentassem e dissessem ao grupo algo que gostam de fazer: entre agentes comunitários de saúde, médicos, dentista, tecnicos de enfermagem, tecnicos em saúde bucal, agentes administrativos, enfermeiros, comer, dormir, andar de moto, andar de bicicleta, ficar com os filhos e não fazer nada,. Alguns talentos foram revelados ao grupo : uma saxofonista e uma cantora compunham a roda sem que os colegas soubessem destes seus talentos especiais, a garota alegre e “pentelha”, como ela mesma se apresentou todos já reconheciam. Foi muito alegre esta apresentação.

Claro que já deixei ao grupo o convite para o próximo show de talentos do SUS que acontecerá em Agosto em Brusque. SEm dúvida não poderia deixar de falar faz parte da humanização revelar estes gostos que aproximam e humanizam a equipe no sentido de tirarem a supercapa de profissionais de saúde e mostrarem-se humanos com preferências e particularidades que ampliam nosso ser para além da função no trabalho.

Assim começamos. Propus então que algumas pessoas que se sentissem a vontade colaborassem com a leitura das histórias publicadas na RHS, surgidas a partir de uma unidade de saúde como a deles e que, com certeza, se identificariam em algumas situações semelhantes. O grupo topou prontamente.

Antes de tudo falei da Rede Humanizasus, suas características como rede colaborativa, já fazendo um convite a participarem e também contarem por aqui suas histórias no trabalho, na vida.

Num clima super descontraido, onde os agora meus novos “velhos” conhecidos, estavam envolvidos em pensarmos juntos a humanização na vida, não só no atendimento e nem só para usuários, como muita vezes se pensa.

Chegou então o homem que gostou do curativo feito pela moça que cantava a música do “Silvio Santos”. Lemos, com a ajuda dos companheiros da roda, o post Aqui dentro sempre, como na canção.

Neste ponto falamos que a humanização se concretiza no momento do trabalho em saúde, no momento do encontro entre usuário e trabalhador, ou entre trabalhadores no dia a dia das funções laborais. E que se dá numa ação dialógica, tanto no receber bem, quando gerar vínculo, quanto de buscar modos de amenisar oq ue por vezes é desafiador, é difícil de fazer. Criar um clima humanizado para o usuário sim, mas também para o trabalho. Como o trabalho em saúde cuida de sua própria saúde ? Quantos desafios temos que transpor para executar bem o cuidado do usuário?

Alguns nos falaram de suas próprias histórias sobre a escolha da profissão e as dificuldades enfrentadas para estar hoje ali.

 

Em seguida chegou seu Francisco com sua música e poesia e lemos Reencontrando a canção: uma visita a Seu Francisco

Agora a história nos remeta para aconversa das potências de saúde que permanecem para além das doenças do corpo e o quanto isto pode tartar as dores, promever a cura ou mesmo fazer florecer a vida adormecida em corpos cansados.

Novas histórias florecem no grupo a partir desta. É muito rico ver como na saúde em contextos geográficos distintos as vivências se replicam com nuances muito semelhantes.

Uma paradinha para o café e novas histórias se colocam na roda para provocar reflexão sobre ações de humanização, ampliando a visão sobre o conceito da saúde. Para além do caso clínico, para além das condutas tecnológicas frias, no sentido do humano seja ele o usuário, o trabalhador e o gestor.

Andreia e Anésio (vide anexo) nos contam suas histórias de dois modos diferentes, onde a diferença se encontra na humanização do processo, na visão ampliada, na fuga do puro e simples técnica de saúde. para além da consulta,para além do estudo de caso,  para além do matriciamento, onde a dimensão social, psicológica e os espiritual do humano fazem sentido, juntamento com a saúde e a doença.

Em suma, foi uma roda pra lá de animada. Ganhei novos “velhos amigos”. Que com certeza circularão por aqui em breve, ou na fanpage.

Nos veremos por aqui, na vida.